Neon Azul

Neon Azul Eric Novello




Resenhas - Neon Azul


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Bruno 12/09/2010

Neon Azul
Neon Azul é um livro de Eric Novello, escritor carioca radicado em São Paulo, lançado pela Editora Draco durante a última Fantasticon. E é também o nome da boate onde se passa a maior parte das suas histórias, um inferninho típico das grandes cidades, onde florescem todos os vícios e acontecimentos da vida noturna.

Como anuncia já na capa, trata-se de um romance fix-up, o que quer dizer que ele não possui uma única trama que se desenvolve com início, meio e fim, mas sim uma série de contos que podem ser lidos de forma indepente ou entendidos como partes de uma história maior. Mesmo a ordem de leitura não é muito importante: a sequência do livro não é cronológica, há idas e vindas no tempo, e um conto no final pode estar acontecendo simultaneamente com um dos primeiros. Há diversos personagens recorrentes, que são coadjuvantes em algumas histórias e viram protagonistas em outras, quando você então compreende seus comentários e atitudes; tudo formando um grande mosaico que é o Neon Azul sob a sombra do Homem, o seu misterioso proprietário, que realiza os desejos daqueles dispostos a pagar o seu preço.

Não é um livro 100% perfeito, claro. Há alguns deslizes menores na escrita, e nem todas as histórias têm um final satisfatório. Mesmo quando isso acontece, no entanto, a viagem até lá vale a leitura – é um pouco como uma apresentação de jazz, repleta de improvisações e desvios, onde o tema de fundo é apenas uma ambientação para os músicos (ou personagens) brilharem, e onde a soma das partes muitas vezes é menos importante do que as atuações individuais. A presença do fantástico, em algumas histórias de forma mais sutil do que em outras, colabora para criar um clima surreal, próximo de um realismo mágico – é um mundo que você conhece bem, e, se já tiver frequentado algum dos bares da vida, talvez até reconheça os personagens, mesmo que estejam escondidos atrás de assassinos seriais e prostitutas; mas é ao mesmo tempo mais do que isso, um mundo de fantasia e magia, de viagens através de espelhos e demônios presos em garrafas, que pouco ou nada deve àqueles habitados por elfos e dragões.

Neon Azul, enfim, é um dos lançamentos mais interessantes do ano, ao menos entre os que eu li. É um livro que você terá vontade de ler mais de uma vez, seja pelo cenário e situações surreais, seja para desvendar e montar o quebra-cabeças que é a boate do título. Uma recomendação fácil.
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Lucas Rocha 09/09/2010

Desejos em néon
Seja benvindo ao Neon Azul. Qual é o seu desejo?

“Neon Azul” (Editora Draco, 166 p.) é o mais novo lançamento do autor carioca Eric Novello. Lançamento bastante aguardado por mim, devo confessar. Em primeiro lugar, por se tratar de um romance de fantasia urbana, gênero ainda tão pouco difundido nos livros de literatura nacional; em segundo, pelo tema envolvente e pela atmosfera sedutora que o livro, desde antes do seu lançamento, criou.

Deixe-me explicar: Neon Azul é o nome de um clube, boate, inferninho ou bar (escolha um dos substantivos ou use-os todos de uma vez, não faz tanta diferença assim) localizado no centro da cidade do Rio de Janeiro. Um lugar onde os desejos mais íntimos e particulares afloram de forma perturbadora, no convívio com notas de piano e drinks luminescentes. Entre as figuras frequentadoras do bar, encontramos um homem que nunca dorme, um advogado com um boneco de estimação dentro de uma garrafa e um mendigo com um passado bastante intrigante. E como figura principal temos ‘O Homem’, criatura incógnita de chapéu panamá e anéis nos dedos, sempre com uma proposta irrecusável para os seus clientes.

É nesse clima de fumaça de cigarros, reflexos de espelhos e néon azulado que somos apresentados aos dez contos do livro. Neles, os personagens e as histórias se cruzam de forma não-cronológica, deixando o leitor confortavelmente confuso. O formato fix up torna tudo ainda mais interessante: é um livro sem início ou fim, que pode ser lido em qualquer ordem sem que sua essência seja perdida.

“Neon Azul” não é nem de perto um livro feliz. Os personagens são pessoas que apanharam da vida e estão sem rumo, perdidas por entre lágrimas e solidão. E essa ausência de chão, de ter algum lugar em que se firmar, é assustadoramente real e – acredito – compatível com o que muitas pessoas sentem. O Neon Azul é a fuga da tristeza, a alternativa para aqueles que estão cansados de se sentirem sós, e ‘O Homem’ é o objeto materializador desses anseios e desejos. No entanto, tal qual um agiota, ele sempre cobra juros altíssimos por seus empréstimos de felicidade momentânea.

A fantasia se apresenta de forma muito sutil em “Neon Azul”. Não sabemos se ela de fato existe ou se é mera especulação dos personagens, produto de suas mentes e de seus delírios. Essa sensação suspensa de dúvida, de não saber exatamente o que ou como as coisas acontecem, torna a história mais atraente. O autor não desafia a inteligência do leitor com explicações minuciosas sobre os acontecimentos; prefere, ao invés disso, deixar que cada um tire uma conclusão e uma interpretação própria.

Outra coisa que adorei no livro foram as referências, que vão desde Charles Chaplin e Orson Welles até Massive Attack e Jay Vaquer. Eric sabe colocar as suas influências cinematográficas, musicais e artísticas no lugar certo. Quem não ficou com ‘Só tinha que ser com você’ retumbando na cabeça depois de ler a história de Jéssica? Eu fiquei.

E a Editora Draco, como sempre, dá um show na produção editorial – e eu não vou me cansar de dizer isso. A capa está maravilhosa e a apresentação dos contos também. É quase como se você pudesse ver as luzes em néon se acendendo depois daquela piscadela e daquele barulho da corrente elétrica atravessando os fios.

“Neon Azul” é um livro que não deve ser lido apenas uma vez. É cheio de paixões, amores e desastres e, apesar da solidão e da amargura que os personagens sentem, é daqueles que você não consegue parar de ler até que chegue ao fim.

E aí reside outro grande problema: o livro não tem fim nem começo. Posso, então, dizer que cheguei ao fim?
Tainã Almeida 17/12/2011minha estante
hahhaah ai esta, chegamos ao fim? nao sou chegada a contos,sao vagos.prefiro historias, com personagens bem relatados. só comprei pq me chamou atençao o fato de os contos se interligarem




JotaFF 30/08/2010

A Fantasia Urbana ainda é um gênero pouco explorado em terras nacionais, se compararmos com a fantasia medieval, os vampiros, os anjos, a crescente onda Steampunk. Neon Azul de Eric Novello é um romance fix-up, ou para quem não sabe, onde várias histórias independentes são interligados para contar uma história maior.

A cada capítulo conhecemos algumas das distintas personagens que frequentam o Neon Azul, um inferninho/boate/piano bar no Rio de Janeiro. Cria-se a ideia de que para cada frequentador, o lugar se revela de uma maneira, expondo o que a de melhor e pior em cada um deles. Empresários falidos, advogados inescrupulosos, dançarinas, mulheres, artistas e arteiros, todos servindo aos propósitos misteriosos do dono do lugar.

Com seu terno branco, sapato de bico fino e chapéu panamá, o Homem se aproxima de seus futuros clientes e empregados, pessoalmente ou por intermédio de seu sócio insone Armando, sempre com uma proposta irresistível.

Mergulhamos nas páginas e nos deixamos levar pela prosa atraente do autor, costurando os acontecimentos que nem sempre oferecem uma resposta lógica, como os que envolvem Jéssica, deixando-nos em dúvida do que é realidade e do que é sonho. Interligando o destino de suas personagens, Eric Novello não tem misericórdia quando alguns encontram a morte inesperada na lâmina de uma faca de caça, ou nas balas de um revolver. Temos a certeza de que as consequências sempre são caóticas aos que se deixaram envolver pela luz azulada do neon da entrada.

Ficamos com aguá na boca sempre ao chegar ao fim de um capítulo, ávidos pela próxima personagem que terá seus sonhos realizados ou seus pesadelos materializados nas discrições despudoradas do livro. Muitas perguntas que nos fazemos, não conseguimos esboçar alguma resposta numa primeira leitura. A narrativa fora de uma sequencia cronológica, serve para sentir e ampliar a magia sobrenatural da boate. Todas as histórias nos servem para criarmos nossas próprias imagens do lugar e de seu misteriosos dono.

Com personagens cativantes e marcantes, deixamos o Neon Azul sabendo que o Homem ainda deve estar por lá, com seu chapéu escondendo os olhos, sempre a espera para realizar as fantasias dos que se arriscam a aceitar o seu convite.

Neon Azul é um daqueles livros que não conseguimos largar até o fim. Um grande lançamento de 2010 pela Editora Draco.

(postado também em http://tocajota.blogspot.com)
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