Vânia 28/12/2020
Clube dos Sobreviventes #5
Como uma solteirona, de família não rica, Chloe Muirhead acaba por se oferecer para ser dama de companhia, sem remuneração, da Duquesa de Worthingham, que fora madrinha de sua mãe e uma das melhores amigas de sua falecida avó.
Apesar de ser bem tratada pela senhora, uma coisa Chloe tinha certeza do que não queria: ser apresentada ao neto da duquesa, Ralph Stockwood, conde de Berwick, que havia estudado com o irmão de Chloe em Oxford, Graham, e os dois não haviam se dado bem (na época, Ralph chamou Graham de covarde por este não querer se alistar para ir à guerra.)
Ralph também não era conhecido por ser uma pessoa muito simpática.
Conforme a leitura avança, as explicações vão sendo apresentadas.
Ralph se sentia culpado pela morte de três amigos que haviam ido à guerra, seguindo a liderança dele em Oxford.
Quando os três morreram, e Ralph voltou para casa muito machucado, sua consciência tornou-se seu pior inimigo, e mesmo recuperado das feridas físicas, sua alma pedia uma reparação, e por isso, ele tentou o suicídio com os remédios que tomava. Foi nessa ocasião que o pai, preocupado, o enviou à Cornualha, e ele passou a fazer parte dO Clube dos Sobreviventes.
Como o avô de Ralph já estava bem avançado na idade, a avó preocupava-se com o futuro do ducado, e insta o neto a agilizar a procura por sua futura esposa. Isso tudo é conversado na presença de Chloe, mas avó e neto conversam como se ela não estivesse no recinto.
Mais tarde, a sós com o conde, Chloe sugere um casamento de conveniência, o que daria a ela um nome protetor e a ele, filhos.
A princípio ele não responde, mas depois de analisar e conversar com o amigo George, ele aceita.
Os motivos da solteirice de Chloe incluíam escândalos que não eram dela, mas, como sempre acontecia naquela época, a afetaram sobremaneira (o que incluía uma irmã fujona com um cara casado e a possibilidade de ela ser bastarda por uma indiscrição da mãe dela.)
E com esse casamento de conveniência, ainda que não houvesse amor a princípio, ambos cumpriram com seu dever matrimonial e seguiram mantendo uma boa convivência... até que dores do passado passaram a incomodar a exigir que cada um tomasse uma atitude.
E nessa troca de dores, experiências e desejos, Chloe e Ralph exibem um lado não tão belo de cada um, mas necessário para o autoconhecimento e à chance de terem um casamento de verdade, apesar de todas as probabilidades de que não ocorresse.
Mary Balogh, mais uma vez, traz uma história repleta de sentimentos e descobertas, para além das cicatrizes na pele e na alma.
"Tristezas fazem parte da condição humana. Ninguém que chega à idade adulta consegue escapar delas. Nem as crianças, na verdade. O que importa é o que fazemos com a dor, o modo como moldamos nosso caráter, nossas ações e nossos relacionamentos. Afinal, a vida não é pura tristeza. Ninguém deve, de forma alguma, permitir que o pessimismo ou o ceticismo o lance numa depressão profunda. Existe muita alegria também. Muita alegria."
5 estrelas