spoiler visualizarLili 13/11/2023
Entre outras coisas, Vc não é a primeira pessoa...
.... "entre outras coisas... vc vai descobrir que não é a primeira pessoa a ficar confusa e assustada e até enojada pelo comportamento humano"
Cômico, senão fosse trágico esta frase vir de quem veio. Um dos professores por quem Holden passou, até então, seu preferido, mas que, durante o sono de Holden, tal professor começou a fazer "festinha/carinho" na sua cabeça. Igual a uma resenha que li, também acho que Holden foi assediado, quiçá abusado nestes internatos por onde passou.
"Qd acontece um troço assim meio tarado, começo a suar como um filho da mãe. Este tipo de coisa já me aconteceu mais de 20x, desde que eu era garotinho. Não aguento isto".
Ao longo da narrativa a gnt observa certos exageros (tão comuns em narrativas adolescentes) de "vezes" vivenciadas por outras coisas pelo Holden, porém isto não reduz a importância deste fato aqui.
De toda forma, é a segunda vez que leio o livro. Li há muito tempo e confesso n me lembrar do que achei além de considera-lo "chato".
Hoje, já acho diferente. E até mesmo me identifiquei com alguns trechos, a "rabugenta adolescência" engraçada de tão irritante. A necessidade de ser reconhecido, validado, compreendido. A necessidade de contato humano tão explicitado na cena com a prostituta em que queria apenas conversar, na conversa dele com a Sally, da mesma idade mas carregada de superficialidade, no não reagir às brigas e no posterior fantasiar com "saídas heroicas". A dificuldade de se encaixar de todo adolescente como tb de muitos adultos.
O livro aborda um tema universal de forma diferenciada; narrativa em primeira pessoa, linguagem bem coloquial de modo que nós nos aproximemos ao máximo do narrador-personagem. Acho difícil nao se condoer pelo menos um pouco com todo o sofrimento do Holden, sua confusão mental de não saber quem ele é de fato, o que ele quer, sua insegurança, suas paixonites, as dificuldades de entender seus próprios sentimentos (como o que ele sente pela Jane). A necessidade de segurar a inocência das pessoas, das criancas, com o desejo de se tornar um apanhador de crianças de forma a impedi-las de cair no abismo, de querer limpar os "🤬 #$%!& " espalhados pela escola. Por tudo que ele passou, a perda precoce do irmão, por exemplo, as regras e modelos incansaveis que precisa seguir numa sociedade cada vez mais rápida, apática e fria... o "esgotamento mental" é inevitável; principalmente em um jovem que ao mesmo tempo que se mostra sensível, tb é carregado vários conceitos morais fechados, dada a época em que vive.
O final não dá muita perspectiva de melhora do personagem, de que a vida dele será muito diferente do que já é. Afinal, o psicanalista tá mais preocupado se ele vai se esforçar na escola do que outra coisa. Todavia, dada a época em que se passa a história, não se pode esperar tb um acolhimento mais "humano" por parte de funcionários da saúde. Rs e Holden ainda tem sorte de ter algum "apoio" por pertencer a uma minoria "privilegiada " da sociedade.