Regina Coelli 28/10/2023
Ainda bem que não foi queimado
Primeiro livro que li de Kafka e me deixou com muita vontade de ler outros. Enquanto eu lia pensava, isso só pode ser um pesadelo, de fato angustia e causa essa sensação claustrofóbica para quem lê. É um romance inacabado, mas a forma que Max Brod organizou, deixa as coisas ?entendiveis?, se é que pode assim dizer. O final foi chocante para mim, mas no penúltimo capítulo, onde tem a conversa na catedral explicou muito sobre o caminho que ia tomar. Kafka estudou direito, era um homem que provavelmente carregava um peso emocional e deixa esses pontos claros na sua escrita. Eu gostei muito do personagem Josef K, e da para entender como seu jeito vai se modificando ao decorrer do processo. Não deu vontade de parar de ler, queria saber onde essa loucura iria dar. Tiveram noites que até sonhei. Parece um mundo distópico e ao mesmo tempo tão real. Pra quem vive no Brasil sabe que aqui o poste faz xixi no cachorro. Bandido inocentado ao bel-prazer das autoridades judiciais, piada de humor ácido tendo penas mais severas do que um crime real (o humor não é uma doença é apenas o reflexo de uma sociedade doente), abusos de autoridade, censuras, entre tantas outras situações que consegui correlacionar a realidade com o livro. Vale a pena a leitura. Um adendo sobre a edição da Antofagica, foi impecável (as ilustrações, a estética, os textos riscados pelo autor em seu lugar de origem, as videoaulas), apenas tiro o posfácio. Nunca vi tanta besteira e ideias desconexas com a realidade escrita em um posfácio como o da Noemi Moritz Kon, detestei e revirei os olhos
involuntariamente enquanto lia.