spoiler visualizarPeterson.Silva 28/03/2013
Mas os cabelos... Quanta diferença!
Stephenie Meyer melhorou o que ela sabia fazer bem em Crepúsculo (na minha opinião, pouco), continuou insonsa em termos de estilo, mas rapaz, que história! Isso compensou qualquer falta em qualquer sentido. Muito diferente de Crepúsculo; imensamente superior.
Edit: uma coisa que pensei nos últimos dias é o quão inspirada foi a atribuição da capacidade de mentir como um tipo de termômetro informal da "humanidade" da Peregrina. À medida que ela ia progredindo com os humanos, mais aceitável lhe parecia a ideia de mentira, mais frequentemente ela mentia, com maior perícia ela mentia, e por motivos cada vez mais diferentes ela mentia. No final do processo, ao estar "humanizada" nos termos de como podemos ver a linha do tempo da história, ela sabia mentir razoavelmente bem, como mais ou menos todo mundo (todo mundo humano, no caso).
O ponto central desse detalhe (e a "lição de moral") não é que os humanos são gente suja e mesquinha e podre que só mente. Não, não, há algo a mais por isso. A definição de mentira é flexível, longa; suas fronteiras, pouco definidas. Mas ser incapaz de mentir e se tornar capaz disso é também adquirir a capacidade de reimaginar o mundo, usar da criatividade e da imaginação (para Sartre, um conceito-chave que servia de porta para a concepção de liberdade humana) para pensar em uma realidade diferente, como ela gostaria que a sua realidade fosse. À medida que ela vai integrando esse modis operandi ao seu ser ela vai entendendo que não é apenas uma engrenagem numa maquinaria que funciona perfeitamente (e não seria, portanto, desejável que as coisas seguissem de outra forma). Pelo contrário: a realidade social humana demanda intervenção, escolhas, e ela resolveu participar nesse processo ao moldar a realidade à sua volta para tomar iniciativa em relação à própria vida.
Isso não é uma apologia à mentira, mas uma análise mais geral do processo que motivou as mentiras dela e possibilitou que Peregrina as visse com naturalidade e conseguisse usá-las como uma humana, embora com objetivos relativamente nobres.