Resenhas - Carnaval

Leticia 15/10/2023

"EPÍLOGO
Eu quis um dia, como Schumann, compor
Um Carnaval todo subjetivo:
Um Carnaval em que o só motivo
Fosse o meu próprio ser interior...

Quando o acabei  - a diferença que havia!
O de Schumann é um poema cheio de amor,
E de frescura, e de mocidade...
E o meu tinha a morta morta-cor
Da senilidade e da amargura...
- O meu Carnaval sem nenhuma alegria!..."

RESENHA:
"Carnaval" se diferencia bastante de "A Cinza das Horas" por causa do contexto histórico que inspirou a escrita. Por esses mesmos motivos, a leitura é mais complicada e envolvem alguns personagens.

MatheusPetris 14/05/2023

Em “Epílogo”, último poema do livro, Manuel atesta para a diferença entre seu livro e a obra de Schumann, apontando para uma antagonismo de sentimentos irrompidos e provocados pelas obras. À sua maneira, tanto Bandeira como Schumann organizam um baile de máscaras com personagens reais e fictícios.

A festa carnavalesca de Bandeira é embebida de um orgia artística. Vestindo mitologia grega, formas poéticas e musicais tradicionais da idade média, temas tradicionais, personagens da commedia dell’arte, filosofia, etc. Em suma, a tradição posta a prova, deglutida, se faz uma poesia autoconsciente, contestatória. Affonso Romano de Sant’anna resume bem, quando levanta uma relação entre o sagrado e o profano, afinal, ao trazer a temática religiosa subvertendo-a, para além das subversões formais comentadas, Manuel Bandeira profana a tudo e todos.

Com seu carnaval melancólico, Bandeira não participa do carnaval, mas debruçado na janela, o observa, nos proporcionando uma poesia carnal.

Vivi 02/07/2021

Estou fazendo uma disciplina sobre Semana de Arte Moderna e as duas leituras da semana foram Carnaval e Pauliceia desvairada, publicados com pouco tempo de diferença e que tratam sobre a temática do carnaval, do Arlequim em seus poemas.

Já conhecia a poesia do Bandeira, tenho a Antologia aqui dentro do coração. Gostei muito de ler esses poemas pensando em uma leitura direcionada. Recomendo!