Ana Carol 21/06/2022
Cristianismo X paganismo
Através dos pontos de vista de Morgana e Guinevere, esse terceiro livro mostra a "luta" entre a antiga religião e o cristianismo. A cada capítulo a história é contada sob o prisma de cada uma das personagens, como encaravam a vida, os costumes, os papéis e principalmente a relação de Deus / Deusa com suas vidas e Sua influência no mundo.
Percebe-se Morgana uma pessoa madura, racional, inteligente, muitas vezes fria e calculista, que atua e sacrifica toda sua vida em nome da Deusa. Ao mesmo tempo se observa que diferente de Viviane, a Senhora do Lago e de Avalon (que parece realmente ser a única que realmente consegue ser imparcial e justa), Morgana ainda que trabalhe em nome da deusa, usa de seus poderes e influência para satisfazer Tb suas vontades (ou a não satisfação delas) , mesmo que não se aperceba disso e pense que tudo o que faz para um "bem maior" (vide o que fez a Lancelot).
Guinevere por outro lado é infantil, imatura, não tem senso do todo e das coisas importantes que uma rainha poderia fazer, vivendo sua vida presa ao seu mundinho de corte, de futilidades e também suas próprias batalhas Internas travadas entre o amor proibido e sua própria religião. Uma alma atormentada é o que se pode dizer. Teve tudo o que a maioria das mulheres não pode ter:um marido bondoso, jovem e muito amado e que lhe amava muito, todo o prestígio e privilégio de fazer parte da nobreza, um amor verdadeiro e recíproco (apesar de não poder vivê-lo em plenitude - ou poderia se fosse menos carola, visto que seu marido sabia de tudo?). No entanto passou seu tempo presa ao fato de não poder ter filhos e a culpa pelo pecado de amar outro homem que não seu marido (que parecia ser o destino de todas as rainhas daquele tempo...).
Essas duas vidas mostram ao longo do livro as diferenças brutais de viver de cada religião, mostrando principalmente como a antiga religião era mais fluida e leve, conectada totalmente com a natureza do mundo e do homem, enquanto o cristianismo como um aprisionador das almas, que trazia mais culpas e arrependimentos do que o consolo e conforto a que todos precisavam e desejavam, se desviando totalmente das palavras e ensinamentos do Cristo Salvador.
Sobre o livro em si, gostei bastante, mas fiquei um pouco aborrecida e cansada nas partes que falavam de Guenevere, sua "carolice" obstinada e irracional, e sua forma de não assumir a responsabilidade por seus atos e sua vida, sempre deixando nas "mãos de Deus e da Igreja". Também fiquei incomodada com a postura de Artur, o grande rei, que era seguido e amado por todos, um grande líder, mas totalmente controlado por essa mulher tola e limitada.
No geral é uma literatura agradável e um bom retrato desse período da história da humanidade.