Cidades afundam em dias normais

Cidades afundam em dias normais Aline Valek




Resenhas - Cidades afundam em dias normais


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Monique Nóbrega 20/11/2020

"Cidades afundam em dias normais" (Aline Valek)
"Fomos feitos para partir." (Contra capa)
Inicialmente, estranhei um pouco o livro. A cor da capa não me atraiu e o nome, convenhamos, é bem diferente. No entanto, tenho alguma experiência e sei que clichê é verdadeiro: não se deve julgar um livro antes de lê-lo.
Kênia, nossa personagem principal, é fotógrafa e andarilha. Vive buscando boas fotos e um lugar no qual se encaixe junto com o amigo Facundo, um argentino que busca boas histórias.
Desta vez a proposta é fazer um documentário sobre Alto do Oeste, uma cidade que afundou há cerca de 17 anos coberta pelas águas de um lago e, após uma grande estiagem, reapareceu revelando suas ruínas em meio ao cerrado brasileiro.
Aos poucos alguns antigos moradores voltam para tentar reconstruir suas vidas e junto vêm os turistas religiosos e curiosos.
Kênia é ex moradora da cidade e acaba vendo sua própria história ga
nhar outra perspectiva sob o olhar e as palavras de um amiga.
Além disso, conhecemos as histórias de uma professora que quer manter as memórias da cidade num museu, um padre que acredita em milagres, um ex morador que virou artista e uma ex moradora que era terrível no passado.
As aflições da adolescência, os abandonos, os amores e o fato de aos poucos a cidade estava desaparecendo permeiam todas as páginas do livro e temperam a busca de Kênia por um tipo de desfecho.
O livro é muito bem escrito e tem um toque poético mesmo nos palavrões. Fala das mazelas da sociedade brasileira numa cidade esquecida pelos governantes antes mesmo de começar a afundar. De certa forma, me lembrou a escrita dos mestres japoneses como o Sōseki e o Kawabata: os sentimentos devem ser 'lidos', pois não são nomeados o tempo todo e o final é bem no estilo 'japonês' também.
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Coisas de Mineira 23/11/2020

Em “Cidades afundam em dias normais” da mesma autora de “As águas-vivas não sabem de si” Aline Valek conhecemos a história de Alto do Oeste, uma cidadezinha no meio do cerrado que afundou inexplicavelmente, um fenômeno que aconteceu de forma lenta. Anos depois, por causa de uma seca, a cidade volta a aparecer e alguns dos antigos moradores, começam a retornar. Kênia, ex-moradora de Alto do Oeste, é uma fotógrafa que resolve retornar com Facundo, um jornalista argentino, para fazer uma reportagem sobre a “Atlântida do Cerrado”. É assim, como uma exposição, que conhecemos a história de Alto do Oeste.

Vou ser sincera com vocês, o título e a capa (apesar de ser linda), não me chamaram atenção de primeira, mas após começar a ler, minha opinião mudou completamente. Não é à toa que a nota para ele foi cinco estrelas. “Cidades afundam em dias normais” foi montado como se fosse uma grande exposição de fotos, e não é de se estranhar, já que Kênia volta a cidade para fazer fotos.

A história é dividida em duas galerias “a seca” e “a água” e ao final ainda temos um mapa de como seria a exposição (preciso confessar que desse mapa, eu não entendi muita coisa). O que vemos durante a história é o reencontro dos moradores com a antiga cidade e a história, do ponto de vista de cada um deles, de como as coisas aconteceram.

“Submersas por muito tempo, as memórias ganham a mesma consistência dos sonhos.
A realidade se borra, a lógica do como e dos porquês escorrega, as motivações se perdem.”

Os capítulos, então, são intercalados entre o que está acontecendo na atualidade e essas memórias do que aconteceu. Toda vez que temos alguma memória, é como se Facundo e Kênia estivessem gravando um depoimento, para o documentário que pretendem fazer. É assim que descobrimos como uma cidade pode afundar em um dia normal.

Descobrimos que o processo de cheia do lago, não foi algo que aconteceu de uma hora para outra. Foi um processo demorado, em que os moradores iam sendo expulsos aos poucos, com isso, vamos vendo os conflitos que iam acontecendo na cidade. Cada morador teve um motivo diferente para partir ou para ficar na cidade que estava sendo alagada.

Conhecemos os dramas que muitos dos personagens viveram em Alto do Oeste e as relações que eles tinham com as pessoas e a cidade. A autora escreveu uma ficção, mas com personagens muito reais, com dilemas e sentimentos que poderiam ter sido de qualquer um. Acho maravilhoso quando os autores conseguem fazer personagens com os quais conseguimos nos identificar.

“Fotografar é voltar várias vezes para o mesmo lugar, de novo e de novo, até que a história apareça. Ela já está lá, o tempo todo. Mas é só na repetição que conseguimos prestar atenção no que ela realmente quer dizer.”

Enquanto fui lendo e fui sendo envolvida pela história de “Cidades afundam em dias normais”, não conseguia mais parar de ler. Um capítulo ia chamando o outro e quando vi, já estava finalizando e queria mais. O querer mais, é querer mais da autora, porque a história finaliza, apesar de não sabermos o que aconteceu com alguns personagens.

Aline Valek é escritora e ilustradora, a autora tem livros lançados de forma independente como “Hipersonia crônica” e “Pequenas tiranias”. Pela Rocco ela lançou seu primeiro romance “As águas-vivas não sabem de si” em 2016. “Cidades afundam em dias normais” é o segundo livro da autora, pela editora. Depois de lê-lo, já coloquei os outros trabalhos dela na lista.

Como disse no início, a capa não chamou muito a minha atenção, apesar de achar ela bem bonita. É simples, mas combina muito com a história. A diagramação de “Cidades afundam em dias normais” também chamou a minha atenção: os capítulos sempre começam na página da direita, então quando um termina nesta página, temos a folha da esquerda em branco.

Sem sombra de dúvidas, “Cidades afundam em dias normais” é uma história que vou indicar para todos.

“Na vida nem sempre as coisas terminam como a gente espera.”

Por: Ana Elisa Monteiro
Site: www.coisasdemineira.com/cidades-afundam-em-dias-normais/
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Sabrina 24/11/2020

?Eu era muito nova quando entendi que a gente carrega aqui dentro a nossa própria destruição, o potencial de nos despedaçar aos poucos. Nascemos para a morte, essa é a natureza. Mas foi aqui, nesse lugar, que aprendi a construir.?

O novo livro da Aline Valek traz a história de uma cidade, Alto do Oeste, que foi inundada depois de uma longa e devastadora chuva e que anos depois voltou à superfície fazendo assim com que a história dessa ?Atlântida brasileira? interessasse não apenas para quem retornava pelas memórias, mas também para quem queria dali tirar novas histórias, como Facundo, um argentino que decide ir para lá documentar o ocorrido. Junto dele vai Kênia, uma antiga alto oestina que divide sua história junto com a de tantos outros que lá habitavam, em especial, Tainara que deixou um caderno de memórias perdido nas águas.

A história dessa cidade me lembrou diversas outras como a de um documentário que contava sobre os moradores de uma cidade fantasma no Brasil; dos alagamentos em Maceió; da mudança total em Mariana depois do rompimento da barragem, enfim havia algo de muito real nessa escrita e nesses personagens.

A escritora usou de diferentes técnicas literárias: carta/e-mail, diário, relato em terceira e também primeira pessoa ao longo do texto, um linguajar de acordo com os personagens em questão, as referências jovens dos anos 90 foram um êxtase imenso durante a leitura. Uma narrativa que me prendeu do início ao fim. Eu queria saber mais de Kênia, Tainara, as outras meninas, da professora, dessa cidade que havia deixado marcas em todos esses sujeitos que retornavam em presença ou memória para sempre contida naquela vivência.

Além de um título que me prendeu desde o início, a escrita da Valek tem uma forma instigante de romance contemporâneo e isso tornou a leitura leve e rápida e era bem o que estava precisando.
@de_literatura
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Nelissa 25/11/2020

Vou sentir saudades desse livro.
Fala sobre relações, marcas do passado, memórias e como as repetições e a história permeia a vida, tudo de forma muito sutil e real. Tem como pano de fundo o reaparecimento de Alto do Oeste, uma cidade do cerrado que desapareceu por ter ficado submersa, o fato atrai uma certa atenção turística, e alguns antigos moradores resolvem revisitar a cidade, a partir daí inicia a narrativa da relação de cada um com a sua própria história, com os reencontros, com a relação que estabeleceram com aquela cidade e a forma como ela desapereceu.
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ianaag 29/03/2021

Nostálgico
Já quero começar recomendando esse livro. Aline Valek soube desenvolver tudo dentro do necessário, sem pecar pelo excesso ou pela falta. A história me prendeu do inicio ao fim e por muitas vezes me senti em Alto do Oeste; cidade pequena, onde todo mundo se conhece, alguns sonham em sair dali, outros vivem bem com as limitações, faltar aula pra tomar banho de rio, a praça, o ginásio, a história de cada personagem... quase tudo familiar. Gostei demais!!!
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Amanda Celeste 20/12/2020

Este país de tragédias anunciadas
Um dos melhores livros que li este ano. Utiliza de uma premissa concreta e criativa - uma cidade no cerrado que afunda lentamente em um período de chuva intensa e cujas ruínas ressurgem muitos anos depois durante a seca - para ilustrar as muitas e perigosas tragédias anunciadas com as quais convivemos diariamente: as pessoais, as civis, as políticas... E as de saúde. Muito apropriado para 2020. Tudo isto apoiado por uma escrita ágil e por um elenco diversificado e interessante de personagens. Um livro essencialmente brasileiro em todas as suas vírgulas - acredito que cada um de nós consegue encontrar um eco das próprias brasilidades aqui, para o bem e para o mal.
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Jefferson 28/12/2020

Nenhum lugar é para sempre.
?Resolveu que tatuaria isso para reafirmar seu compromisso consigo mesma,de seguir em frente,de não olhar para trás,para cidades que desmoronavam ou para as relações que se rompiam,inevitáveis.
Teria pelo menos algo permanente em meio a uma vida tão transitória.?
Esse trecho do livro define bem uma das mensagens que a história nos transmite,enfatizando a necessidade de valorizarmos o momento,pois se a verdade desaparece no instante em que é registrada,talvez a memória seja o único lugar onde podemos permanecer.
Após uma grande seca trazer para a superfície uma cidade que ficou submersa no início do milênio,uma fotógrafa(em busca de visitar sua antiga cidade e registrar as suas ruínas geradas pelo lago) e o seu colega jornalista,a procura de respostas relacionadas ao ponto de vista dos antigos moradores sobre a lenta inundação do município,vão para a cidade em busca de uma boa matéria jornalística e fotos interessantes.
Foi uma reportagem marcada por diferentes perspectivas do que significou o desaparecimento da cidade para os antigos moradores. Mostrando a necessidade que eles sentiram de voltar para a cidade após o seu reaparecimento,nos fazendo perceber que os antigos moradores procuravam um sentido para a própria narrativa deles e queriam reordenar as próprias memórias.
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Bárbara 31/12/2020

Memórias e visitas ao passado
E se você tivesse que revisitar o passado, remexer nas lembranças da juventude, fatos que marcaram seu povo e sua memória?

Kênia, uma fotógrafa, retorna a sua terra natal junto com seu parceiro, o jornalista Facundo, para filmar um documentário sobre Alto do Oeste, uma cidade do cerrado brasileiro que sucumbiu a um alagamento e desapareceu. Notícias de jornal davam conta de que a "Atlântida do Cerrado" ressurgiu depois de quase vinte anos submersa. Ela reencontra a cidade em ruínas, e os antigos moradores, alguns velhos conhecidos, que tentam retornar às antigas casas, e recomeçar a vida dentro de alguma normalidade.

Aos poucos, vamos conhecendo um pouco mais sobre aquela cidade, suas ruínas consumidas pelo tempo e pela água. A cidade, o retrato da destruição, aparece como uma personagem viva, pulsante, envolta em um passado nebuloso. Os antigos moradores são testemunhas da enchente que levou tudo ao colapso. Muitos nem sonhavam o que estava por acontecer.

A narrativa vai se alternando entre passado e presente. Aos poucos, vamos conhecendo mais sobre a história da cidade, através de reportagens, depoimentos, memórias registradas no caderno de uma adolescente. Vemos os fatos sob as óticas de de um padre náufrago, de adolescentes da época, de uma professora de História disposta a preservar as memórias.

Todas são histórias com as quais podemos facilmente nos identificar, pois trazem as dificuldades da vida, a impotência em mudar o rumo das coisas, o desejo de mudança e a esperança em dias melhores, sentimentos universais. Vamos montando um quebra-cabeças sobre o processo que afundou Alto do Oeste e as vidas de muitas dessas pessoas, percebendo que tudo acontece gradativamente, e nem sempre tudo é o que parece.

A escrita da autora é bonita, sensível, me peguei pensativa e até nostálgica em algumas passagens. Quem gosta de fotografia e memória também tem tudo pra gostar dessa leitura. Há passagens poéticas sobre a imagem que se imortaliza na foto, o olhar e a percepção de que vê, e o poder da memória. Conhecer essa autora esse ano foi uma grata surpresa!

site: http://www.instagram.com/leiturasdebarbara
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Luiza Helena (@balaiodebabados) 07/01/2021

Originalmente postada em www.instagram.com/balaiodebabados
Cidades Afundam em Dias Normais foi um boa leitura e uma ótima surpresa. Aqui vamos acompanhar a história da cidade de Alto Oeste e seus habitantes. Uma cidade que afundou e que, por conta de uma baita seca, voltou a aparecer no meio do cerrado brasileiro.

A narrativa do livro te faz sentir como se realmente tivesse assistindo o depoimento dos habitantes em um documentário. Ao mesmo tempo que você se sente parte daquela comunidade que viu sua cidade desaparecer aos poucos e de repente voltar.

A história tem uma quantidade significante de personagens, o que pode ser um pouco confuso no início. À medida que a história vai avançando, você se vê envolvido em suas histórias de vida. O processo de afundamento da cidade vai sendo gradual e vamos acompanhando aos poucos os seus moradores abandonarem o local, cada um com uma razão própria para essa decisão.

A escrita da Aline aqui tem uma pegada super melancólica e nostálgica, mas a alternância de narrador faz com que a leitura seja bastante fluída. Ao final dele, você sente como se tivesse se despedido de toda a cidade de Alto Oeste e seus habitantes.

site: https://www.instagram.com/p/CJrXcurjiZ0/
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Mialle @mialleverso 16/02/2021

Aline Valek me surpreendeu muito.
Se você leu o título "Cidades Afundam Em Dias Normais" e não quer ler o livro de Aline Valek imediatamente, eu não sei como te ajudar.

Aqui temos a história de várias pessoas que viveram em Alto do Oeste, uma cidade que afundou num lago no meio do cerrado. Anos depois a cidade volta e com ela, vários de seus moradores retornam.

Eu não sei nem explicar o sentimento de ler Cidades Afundam em dias normais, mas são muitos, assim como os personagens que a autora entrega com muito talento.

Foi uma leitura bonita, sabe. Quando você pega um livro e acha ele bonito mesmo quando a autora não está escrevendo coisas que parecem frases de efeito. Dá pra sentir uma melancolia pelas páginas, como se água que inundou tudo fosse inundando o livro a cada página passada enquanto tudo afunda também. Até o leitor afunda e depois volta.

Foi uma leitura que ficou comigo por dias e mesmo depois que consegui me soltar, ainda voltava para a beira de Alto do Oeste para me perguntar sobre o destino de alguns personagens, se a cidade pode afundar de novo.
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brunascarpelli 24/02/2021

No começo fiquei um pouco confusa com o vai e volta do tempo, mas depois tudo se encaixou. É um livro lindo, com personagens incríveis e que é cativante do início ao fim, é uma história muito gostosa de ser lida. Recomendo a leitura.
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DomDom 28/02/2021

Sabem aqueles livros que, inicialmente, te conquistam pelos título e sinopse, e, ao iniciarmos a leitura, percebemos que é melhor do que você imaginava? Pois é, estamos diante de um desses casos.
"Cidades Afundam em Dias Normais" tem como cenário a pequena cidade Alto do Oeste. E o que faz dela ser especial foi o fato dela ter sido "engolida" por um lago, e, alguns anos depois, ressugir após uma seca na região, fazendo com que os antigos moradores voltem para as ruínas em busca de retornarem suas vidas em meio a tantas histórias passadas naquele local.
A autora vai fazendo um jogo passado-presente (através de escritos da época do desaparecimento da cidade e das entrevistas com os moradores antigos e atuais), mostrando o quanto de mudanças ocorreram com esses moradores, e a infinidade de histórias que aquelas ruínas guardavam. Isso faz com que, nós, leitores, façamos um paralelo com nossa própria vida. Muitas vezes, algumas mudanças são tão sutis, que não nos damos conta do que está acontecendo, até chegar a um patamar que seja impossível nao perceber.
""Teria sido mais fácil se tivesse acontecido de uma vez", ela disse. "Como nos filmes de ação. A vida pode ser meio decepcionante. Parece que nada acontece, até você reparar que acabou. Que chegou num ponto que não tem mais volta. Foi assim que começou pra mim, acho: Quando vi que nada ia voltar a ser como antes"." Pág. 12
Outros pontos que me agradaram foram a construção das personagens e os conflitos enfrentados por elas. A Aline apresentou características muito reais nesses quesitos. Isso faz com que os leitores se conectem ainda mais em sua trama.

Continua no blog: Ler Para Divertir

site: http://www.lerparadivertir.com/2021/01/cidades-afundam-em-dias-normais-aline.html
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Licia Maria 01/03/2021

Literatura sem heróis
O livro é uma coletânea de pessoas normais, dilemas reais e dores de um cotidiano tão ordinário (no sentido mais puro da palavra) que encanta.
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