Cidades afundam em dias normais

Cidades afundam em dias normais Aline Valek




Resenhas - Cidades afundam em dias normais


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Carol 17/10/2020

Impressões da Carol
Livro: Cidades afundam em dias normais {2020}
Autora: Aline Valek {Brasil, 1986-}
Editora: Rocco
256p.

Por conta da seca prolongada no Cerrado, uma cidade submersa, há dezesseis anos, retorna à superfície, trazendo não só suas ruínas como também as memórias de seus ex-moradores, aqueles que a viram ser engolida pelas águas.

Ao saber que Alto do Oeste reapareceu, a fotógrafa Kênia Lopes retorna à cidade onde cresceu em busca de fotos e de respostas: o que faziam os moradores enquanto a cidade afundava?

A partir das filmagens do documentário, que ela e Facundo começam a rodar e da leitura do diário de uma jovem, que permaneceu na cidade até seu fim, o leitor tece a sua versão da história, pois como o narrador informa:

"As fotografias e depoimentos reunidos nesta exposição são, acima de tudo, um retrato de ruínas impossíveis de reconstruir: uma cidade aos pedaços, relações que se romperam, pessoas que partiram." p. 9

Além do talento para a escolha títulos maravilhosos e de ter previsto a nota de 200 reais com um lobo-guará, Aline Valek cria personagens interessantes como poucos. Dias após o término da leitura, continuo fascinada pelo padre náufrago e pela professora de história que tem por desígnio preservar memórias.

A presença do diário e o narrador que nos conta a trama em retrospecto é outra boa sacada. O leitor se sente um explorador, encaixando as pecinhas do enredo e percebendo que, inevitavelmente, na vida, uma ou outra peça será extraviada (filosofei a la Karnal, agora).

E, por fim, não menos importante, a escrita, que é um espetáculo:

"As boias iam penduradas aqui e ali, e não passavam a impressão de estarem confiantes quanto à sua capacidade de cumprir o papel que lhes cabia, caso fosse preciso jogá-las no lago. Faltava a elas a autoestima característica das boias, infladas, firmes, seguras de que flutuavam. Serviam no máximo como um lembrete: 'vai achando que isso aqui não pode afundar, se essa cidade inteira já afundou." p. 19

"Cidades afundam em dias normais" é um dos destaques desse ano de boas leituras. Literatura contemporânea nacional. Indico para todo mundo, sem ressalvas.
Marcelo Caniato 17/10/2020minha estante
Realmente, os títulos dela são maravilhosos. Eu tenho aqui em casa o outro dela, As Águas-Vivas Não Sabem de Si. Comprei por causa do título. Tenho muita vontade de ler, mas to adiando há um tempão. Vou ver se pego em breve.


Carol 17/10/2020minha estante
Outro livro muito interessante. Pela temática da memória, esse aqui me encantou mais. Mas As águas-vivas não sabem de si é um dos poucos livros de ficção científica de que gosto.


Rafaela.Batos 25/04/2023minha estante
Li esse trecho das boias e vim correndo para marcar ele no skoob, amei


camiscaarvalho 22/10/2023minha estante
Estou finalizando a leitura. Confesso que estou tendo mais simpatia por Tainara, os trechos do diário são muito interessantes. Acredito tbm que poderia ter explorado mais a relação dela com o argentino... Em alguns momentos há muitas histórias paralelas, o que acabou atrapalhando um pouco. Mas é um livro bem bom, assuntos muito importantes de serem levantados.




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Mari M. 14/02/2023minha estante
Também senti isso. E o caderno da Tainara muito bem escrito pra uma jovem que estava na escola...não senti diferença no texto dela pra narrativa geral


Alexia 20/03/2023minha estante
Senti falta de um desfecho para a tainara. Ficou muito aberto


camiscaarvalho 22/10/2023minha estante
Concordo totalmente. Temos mais empatia por Tainara do que pela Kênia. Muitas histórias paralelas que não são aprofundadas... O livro tem uma boa premissa, acredito que se fosse revisado numa reedição seria uma boa guinada.




Eduardo 30/04/2023

Expectativas de um leitor afundam em leituras normais
Desculpe o infame título, mas como foi o próprio que me chamou a atenção para leitura, coube fazer essa brincadeirinha

Não sou crítico literário, sou apenas um leitor e em minhas leituras sempre espero que elas valham o meu tempo (e fico feliz com isso). Infelizmente, isso não aconteceu em Cidades afundam em dias normais da Aline. A premissa da cidade que afunda serve tanto pelo sentido figurado quanto o literal, e isso funciona muito bem. O problema está na narrativa, na execução dos acontecimentos. Os personagens não cativam, simplesmente você não se importa com seus dramas e tragédias. E olha que existia uma premissa boa para isso. Fora que o livro abarca o tema memória afetiva - assunto que muito me interessa - mas não funciona. Não faz eu me importar mais. Para mim, não deu. Pena.
edu basílio 01/05/2023minha estante
você foi herói em ir até o fim. eu teria abandonado sem o menor 'pudor'. depois dos 40 passei a reconhecer o valor do tempo e, com isso, evito usá-lo com coisa ruim. ou talvez seja meu signo ?. ou talvez seja só rabugice minha mesmo. rsrs.


Eduardo 01/05/2023minha estante
Sim, deveria. Mas há passagens no livro (pequenos trechos) que conseguiram me impactar mesmo que de forma passageira. Então fui continuando. E tb sou um aquariano teimoso haha




Ramon.Amorim 04/09/2022

"Nenhum lugar é para sempre"
Quando alguém publica um romance baseado sobretudo em reminiscências da adolescência, corre um risco enorme de produzir uma literatura piegas, sem provocar nenhum efeito relevante em quem o ler. Não é o caso desse livro da autora Aline Valek. Sua protagonista, a fotógrafa Kênia, retorna à cidade onde viveu as primeiras experiências puras da vida, quando a magia ainda não está desbotada pelo realismo que, a partir de uma certa fase da existência, atropela à sua frente tudo o que há de sublime. A pequena cidade no centro-oeste ficara submersa por anos, agora alguns dos seus antigos moradores estão retornando e o lugar virou atrativo turístico. Kênia chega com um amigo argentino para juntos produzirem um documentário.

O ponto crucial desse retorno à cidade é o momento em que Kênia reencontra sua antiga professora de história, Érica Xavante, que deixa com a ex-aluna uma redação escrita por Tainara, de quem Kênia foi, por algum tempo, melhor amiga. A partir de então, somos tragados mais fortemente pelas recordações e é como resultado delas que, de certo modo, vamos também nos tornando parte desse jogo que, além de nostálgico, revela um aspecto universal, o elo que nos une em semelhantes memórias afetivas.

Nada ou quase nada está faltando nesses registros. Os tipos de personalidade que você encontra no colégio de Tainara e Kênia são universais; não é difícil que cada leitor vá percebendo em si, com diferenças meramente incrementais, os mesmos desejos, esperanças, aflições, coragens, tristezas e decepções que as meninas encontram na cidadezinha. E digo incrementais porque é muito provável que o sentimento que encontramos no livro nos afete de modo semelhante, a despeito de nossas experiências serem marcadas por cenas diferentes. Importa aqui a formação das emoções, numa fase em que construímos nossas forças e reconhecemos - ou ao menos sentimos - nossas fraquezas.

Há muita beleza e profundidade evocadas nas páginas desse livro. No meu caso, esse romance reavivou memórias sobre lugares e pessoas de uma forma generosa e delicada e sua leitura não poderia ser mais recompensadora do que isso.
Maju 04/09/2022minha estante
Finalmente encontrei outra pessoa que leu!


Ramon.Amorim 04/09/2022minha estante
hahaha




luamagnetica 28/02/2022

Me faltam palavras para descrever essa obra. Finalmente, o primeiro 5 estrelas e favoritado do ano!

Primeiramente, irei falar o óbvio: sim, temos milhares de livros internacionais bons. Mas, nunca um livro internacional será tão relacionável com as nossas realidades quanto um latino-americano ou principalmente brasileiro.
Nesse livro você encontra sua família, seus amigos, seus colegas, seus vizinhos e você mesmo.

"talvez pudesse dizer algo sobre a experiência latino-americana de nem sequer conseguir curar as feridas profundas da colonização, porque as desgraças se sucediam e o povo não tinha tempo de lidar com todas elas."

Segundo, nunca li antes uma representatividade indígena tão rica e realista numa obra fictícia. (Deveriam substituir "Iracema" por este livro nas leituras obrigatórias...)
Digo novamente que aqui o colonialismo foi tratado como ele é: cruel, invasor e desgraçado. Da narrativa de Érica até a de seu pai Vicente, toda a realidade foi exposta com maestria.

"Érica Xavante tinha a idade da terra. Diziam que ela viu os brancos chegarem, viu a mata virar fazenda, os corpos castigados pelo trabalho forçado ou deteriorados por doenças impossíveis. Outros contavam ainda que ela viu de perto os seus fugirem e morrerem, os tiros, as crianças aos poucos ficando mais claras, mas ainda descalças. Viu a pobreza ser inventada diante de seus olhos."

Terceiro, o mais lindo neste livro são os detalhes.
Aplaudo novamente a escrita da autora quando ela mostra dois melhores amigos que sempre foram bagunceiros na sala de aula mas passam a crescer afastados.
Até que em um certo ponto os dois em meios miseráveis, um conhece o rap (mais especificamente, Racionais) e a arte (pixação) e após isso, quando tem a chance de escolher o crime, não o faz. Já o outro, não teve essa base e infelizmente faz o que precisa fazer para sobreviver.

Pronto, destaquei meus pontos favoritos.
E enfim, esse livro está genuinamente recheado de narrativas incríveis. Amo esse tipo de história que segue vários personagens diferentes, explorando suas versões e perspectivas.

Se você procura uma obra nacional especial com, diga-se de passagem, uma das capas mais lindas que podem estar na sua estante para ler e favoritar, leia Cidades afundam em dias normais.

"A gente sempre se acostuma, depois de um
tempo. (...) Isso me assusta um pouco. Se acostumar é não conseguir mais diferenciar as tragédias dos dias normais."
Katia Rodrigues 28/02/2022minha estante
Excelente resenha! Deu vontade de ler o livro! Já conhecia a autora, mas não essa obra. Vai pra listinha de leituras.
Concordo muito com o q vc falou sobre os livros nacionais ???


luamagnetica 28/02/2022minha estante
obrigada, katia! leia sim, vou esperar sua resenha ?




Pipoca Nerd 31/10/2020

Resenha: Cidades afundam em dias normais – Aline Valek
Salve salve, pipoqueiros!

Recebemos da editora rocco o lançamento e o segundo livro publicado por ela da escritora e ilustradora Aline Valek. O livro é um drama contemporâneo que vai nos apresentar uma cidadezinha que simplesmente afundou e anos mais tarde reapareceu. Só uma observação: simples é só uma forma de falar sobre o tema da história, porque a bagagem emocional que os personagens carregam ao relatar o fim e o reaparecimento dessa cidade é o que move o livro.

Kênia Lopes é uma antiga moradora do Alto do Oeste e resolveu voltar para sua ex-cidade quando soube que ela reapareceu depois de anos afundada. Com a ajuda do seu amigo argentino, ela e Facundo planejam montar um documentário sobre a história e o fatídico dia do afundamento. Kênia com a sua câmera fotográfica e Facundo com seus equipamentos de áudio visual, entrevistam ex-moradores que tiveram a mesma ideia de voltar para a cidade, seja por curiosidade ou desejo reconstruir seu lar.

Certa pergunta paira no ar … Quando isso realmente aconteceu? Quando que a cidade afundou? Pois é. É uma resposta que ninguém sabe ao certo. Não tem uma data. Certos acontecimentos e a instabilidade que cercavam a cidade e seus moradores fizeram muitos abandonarem suas casas. E é a partir dessas perspectivas que vamos montar um quebra-cabeça a respeito dos pensamentos e desconfianças que os antigos moradores sentiam.

Kênia também dá o seu testemunho, afinal ela é uma alto-oestina. Ao passar das páginas, personagens importantes também são apresentados, como Tainara, Thiago, Rebeca e a professora/diretora Érica.

Juntos, essas pessoas vão resgatando as memórias e acontecimentos das suas vidas pessoais, profissionais e as suas visões de como o desastre aconteceu. O livro é um pouco lento por causa das inúmeras narrativas. Se fosse somente a Kênia narrando, seria muito mais dinâmico, pois ela é bem focada. Mas ao mesmo tempo, precisamos de outros narradores para entendermos melhor o que a Kênia está omitindo da gente.

Então com o passar do tempo nós vamos lembrando daquela vez que fulana brigou com a outra pelo motivo que a Kênia não contou pra gente. Portanto, todos alto-oestinos que aparecem são importantes.

Essa história é muito bem elaborada. Nos instiga saber os motivos das pessoas quererem sair da cidade e as suas missões no mundo. O padre que é apresentado no livro tem uma perspectiva totalmente diferente dos outros, a professora Érica já é mais conservadora, enquanto os adolescentes daquela época são mais agitados e propensos a começar uma nova vida.

Vamos acompanhar o início e o termino de inúmeras amizades, a descoberta do amor, o senso de responsabilidade e a morte da juventude.

Tainara foi a personagem que mais me identifiquei. Ela tem a inocência de uma criança e ao mesmo tempo a garra de uma jovem adulta. Ela foi super coerente com os relatos, as angustias e os seus caminhos foram (eu imagino) mais sensatos. Kênia omite muitos o seu passado, isso acabou me desanimando em ler seus capítulos. Thiago tem uma história incrível, sem mais. Érica foi aquela narradora que a gente não dá nada por ela, mas que no final impressiona. E Rebeca não é tão bem explorada como os outros, sua história é sensível e com muita mágoa, mas a autora dá uma cortada nela.

No geral eu adorei os alto-oestinos e como eu falei no skoob, eles são guerreiros. Todos tiveram um peso gigantesco para esse documentário sair. Todos contribuíram como puderam. A autora construiu vínculos tão íntimos e instigantes. E a capa do livro é linda.

Até a próxima!

site: https://pipocanerd.com/cidades-afundam-em-dias-normais-aline-valek/
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Amanda @litera.pura 01/11/2020

Mais resenhas em @litera.pura
Perdida no Cerrado brasileiro, Alto do Oeste foi engolida pouco a pouco pelo lago que margeava a cidade. Alguns foram embora logo que a inundação começou, outros achavam que a situação logo voltaria ao normal e ainda tentaram permanecer lá por algum tempo. Mas a água, sem piedade, arruinou a cidade e expulsou seus moradores. Muitos anos depois, uma seca prolongada trouxe Alto do Oeste de volta e, junto com as ruínas, memórias.
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Em meio aos antigos moradores que resolveram reaver suas casas e aos turistas interessados em visitar a "Atlântida do Cerrado", conhecemos Kênia Lopes, uma fotógrafa que cresceu em Alto do Oeste e voltou à cidade para registrar o que sobrou daquele lugar. Ao reencontrar as pessoas que fizeram parte do seu passado, Kênia percebe que ainda carrega em si muitas coisas que pareciam esquecidas.
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Quando a editora enviou esse livro, me encantei pela edição linda (e autografada) e comecei a ler sem saber exatamente o que esperar. A cidadezinha que reapareceu depois de passar anos debaixo d'água é o plano de fundo para uma história que fala sobre lembranças, descobertas e arrependimentos. Somos apresentados à personagens complexos e interessantes: um padre que resolveu ficar sozinho na cidade alagada em nome de sua fé, uma adolescente que sentiu na pele as dificuldades de uma gravidez precoce, uma professora que sempre se esforçou para fazer o melhor no meio de tanto descaso, duas amigas que acreditaram que aquela amizade duraria para sempre.
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Por ser tão brasileiro, é fácil se identificar com o que está nas páginas: violência, pobreza, machismo, famílias desfeitas. A adolescência de Kênia foi como a nossa, marcada por amores, irresponsabilidade, momentos de alegria que pareciam ser eternos e a esperança de que as coisas poderiam melhorar no futuro. É fácil se identificar com os personagens e trazer a história para a nossa realidade, o que torna a história envolvente e nos faz sentir saudade de alguma coisa, mesmo que a gente não lembre bem do quê. Super recomendado!

site: https://www.instagram.com/litera.pura/
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Rudiely 23/04/2024

BR representando!
Leitura sensacional! O livro é sobre uma cidade aqui do meu bioma cerrado, que após um período de chuvas intensas foi submersa e desapareceu. 17 anos após, decorrente às secas enfrentadas pelo cerrado, Alto do Oeste começa a ressurgir.
O pessoal que residia nessa cidade começa a voltar para conferir a situação, e alguns veem o ressurgimento da cidade como uma chance para recomeçar.
A história pregressa de como chegaram até a inundação é contada de várias perspectivas, e como a cidade é integrada por pessoas, vemos a vida das pessoas vivendo na iminência de um desastre.
Kênia é uma fotógrafa que viveu ali até o fim de sua adolescência, trás com ela seu amigo jornalista argentino Facundo. Memórias são contadas através de um trabalho escolar feito por Tainara, onde a menina conta sua difícil vida de abandono e tristeza.
Tainara só está presente mostrando sua perspectiva através de escritos salvos por Érica, a professora veterana que insiste em não se aposentar. Érica também contribui com relatos e lembranças, como o padre do local, a menina popular da época de escola, o garoto rebelde que descobriu na arte sua profissão, entre outros.
O livro é super rapidinho, porém profundo. A escrita é poética e tem várias passagens que nos fazem refletir. E eu amei ler este belo livro, que é contato como um documentário realizado por Kênia e Facundo.

"Por isso, diante de uma foto, nada acontece; há apenas uma cena a se
observar. Fotografias são imagens incapazes de se mover. Quem as põe em movimento é quem observa."

"Restavam a ela apenas as memórias, que tinham a tendência de ficar distorcidas como uma paisagem vista por uma grande angular."

"Cada um tem uma versão diferente. Gente que diz que via, gente que diz que sabe. Mas ninguém sabe, não tem como. A verdade deixa de existir no momento em que algo acontece. Impossivel recuperar."

"Isso me assusta um pouco. Se acostumar é não conseguir mais diferenciar as tragédias dos dias normais."

"Submersas por muito tempo, as memórias ganham a mesma consistência dos sonhos.
A realidade se borra, a lógica do como e dos porques escorrega, as motivações se perdem. Ler a história que as fotografias contam, então, torma-se a tarefa de um bêbado tentando ler um papel amolecido e disforme que ficou tempo demais debaixo d'água."

"... porque era mesmo inútil debater possibilidades não acontecidas. Cada pessoa só podia ter a história que de fato teve, nunca outra."

"É a parte ruim de quase sempre estar sozinho. Passo tempo demais dentro da minha cabeça."
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MelQuezado 11/11/2020

O livro é bom
Eu juro que fiquei um pouco assim quando recebi esse livro da Aline Valek. Tive uma experiência ruim com o primeiro livro dela. Mas me surpreendi com esse segundo livro. Me deixou saudades no fim da leitura e várias citações grifadas.
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Koala Leitora 12/11/2020

Acabei
Narrado em terceira pessoa, o livro de Aline Valek pode ser considerado um livro de memórias, uma ficção com fundo de verdade que relata vidas normais, mas que foram mudadas por conta de uma enchente que levou a cidade.
Dentro do livro encontramos o cotidiano de moradores do interior que muito se assemelha a mim ou a você, com seus estudos, correria e sonhos, mas que ao contrário de nós, precisou deixar sua cidade por uma tragédia e não pela força pura de vontade.

?A verdade se deforma a partir do momento em que alguém a registra.?

Um livro com vários pontos soltos e que deixa o final aberto a perguntas, como: mas o que aconteceu com os moradores que voltaram? A cidade continua a existir? Tudo se perdeu outra vez?
Perguntas sem respostas que mantém o ponto de interrogação para a imaginação fechar as lacunas finais daquele enredo.

Confesso que não sou fã de finais abertos, mas tirei muitas reflexões durante a leitura e certeza que levarei elas para a vida em algum momento.
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Coisas de Mineira 23/11/2020

Em “Cidades afundam em dias normais” da mesma autora de “As águas-vivas não sabem de si” Aline Valek conhecemos a história de Alto do Oeste, uma cidadezinha no meio do cerrado que afundou inexplicavelmente, um fenômeno que aconteceu de forma lenta. Anos depois, por causa de uma seca, a cidade volta a aparecer e alguns dos antigos moradores, começam a retornar. Kênia, ex-moradora de Alto do Oeste, é uma fotógrafa que resolve retornar com Facundo, um jornalista argentino, para fazer uma reportagem sobre a “Atlântida do Cerrado”. É assim, como uma exposição, que conhecemos a história de Alto do Oeste.

Vou ser sincera com vocês, o título e a capa (apesar de ser linda), não me chamaram atenção de primeira, mas após começar a ler, minha opinião mudou completamente. Não é à toa que a nota para ele foi cinco estrelas. “Cidades afundam em dias normais” foi montado como se fosse uma grande exposição de fotos, e não é de se estranhar, já que Kênia volta a cidade para fazer fotos.

A história é dividida em duas galerias “a seca” e “a água” e ao final ainda temos um mapa de como seria a exposição (preciso confessar que desse mapa, eu não entendi muita coisa). O que vemos durante a história é o reencontro dos moradores com a antiga cidade e a história, do ponto de vista de cada um deles, de como as coisas aconteceram.

“Submersas por muito tempo, as memórias ganham a mesma consistência dos sonhos.
A realidade se borra, a lógica do como e dos porquês escorrega, as motivações se perdem.”

Os capítulos, então, são intercalados entre o que está acontecendo na atualidade e essas memórias do que aconteceu. Toda vez que temos alguma memória, é como se Facundo e Kênia estivessem gravando um depoimento, para o documentário que pretendem fazer. É assim que descobrimos como uma cidade pode afundar em um dia normal.

Descobrimos que o processo de cheia do lago, não foi algo que aconteceu de uma hora para outra. Foi um processo demorado, em que os moradores iam sendo expulsos aos poucos, com isso, vamos vendo os conflitos que iam acontecendo na cidade. Cada morador teve um motivo diferente para partir ou para ficar na cidade que estava sendo alagada.

Conhecemos os dramas que muitos dos personagens viveram em Alto do Oeste e as relações que eles tinham com as pessoas e a cidade. A autora escreveu uma ficção, mas com personagens muito reais, com dilemas e sentimentos que poderiam ter sido de qualquer um. Acho maravilhoso quando os autores conseguem fazer personagens com os quais conseguimos nos identificar.

“Fotografar é voltar várias vezes para o mesmo lugar, de novo e de novo, até que a história apareça. Ela já está lá, o tempo todo. Mas é só na repetição que conseguimos prestar atenção no que ela realmente quer dizer.”

Enquanto fui lendo e fui sendo envolvida pela história de “Cidades afundam em dias normais”, não conseguia mais parar de ler. Um capítulo ia chamando o outro e quando vi, já estava finalizando e queria mais. O querer mais, é querer mais da autora, porque a história finaliza, apesar de não sabermos o que aconteceu com alguns personagens.

Aline Valek é escritora e ilustradora, a autora tem livros lançados de forma independente como “Hipersonia crônica” e “Pequenas tiranias”. Pela Rocco ela lançou seu primeiro romance “As águas-vivas não sabem de si” em 2016. “Cidades afundam em dias normais” é o segundo livro da autora, pela editora. Depois de lê-lo, já coloquei os outros trabalhos dela na lista.

Como disse no início, a capa não chamou muito a minha atenção, apesar de achar ela bem bonita. É simples, mas combina muito com a história. A diagramação de “Cidades afundam em dias normais” também chamou a minha atenção: os capítulos sempre começam na página da direita, então quando um termina nesta página, temos a folha da esquerda em branco.

Sem sombra de dúvidas, “Cidades afundam em dias normais” é uma história que vou indicar para todos.

“Na vida nem sempre as coisas terminam como a gente espera.”

Por: Ana Elisa Monteiro
Site: www.coisasdemineira.com/cidades-afundam-em-dias-normais/
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Nelissa 25/11/2020

Vou sentir saudades desse livro.
Fala sobre relações, marcas do passado, memórias e como as repetições e a história permeia a vida, tudo de forma muito sutil e real. Tem como pano de fundo o reaparecimento de Alto do Oeste, uma cidade do cerrado que desapareceu por ter ficado submersa, o fato atrai uma certa atenção turística, e alguns antigos moradores resolvem revisitar a cidade, a partir daí inicia a narrativa da relação de cada um com a sua própria história, com os reencontros, com a relação que estabeleceram com aquela cidade e a forma como ela desapereceu.
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Nathalia Ellen | @pixelbooks 15/12/2020

[[Resenha - Cidades afundam em dias normais]]
Resenha publicada no Instagram @pixelbooks.
.
Em ?Cidades Afundam em Dias Normais? conhecemos a história de Alto do Oeste, uma cidade que, inexplicavelmente, afundou dentro de um lago, sendo que essa submersão foi acontecendo de forma lenta e gradual até que os moradores precisaram deixar as suas casas e a história que haviam construído na cidade em rumo de uma nova vida. Contudo, esse cenário é modificado quando anos depois, em razão de uma seca, Alto do Oeste, volta a se revelar e traz junto consigo resquícios da vida das pessoas daquele lugar, entre elas Kênia Lopes, que decide voltar para fotografar as ruínas da cidade.
????????
É incrível como algumas leituras têm o poder de prender a gente, mesmo quando não estamos esperando grandes coisas delas, né?! Foi o que aconteceu comigo ao longo deste livro. Recebemos ?cidades afundam em dias normais? da Rocco, contudo não era uma leitura que tinha chamado minha atenção pela capa ou pelo título, porém fiquei instigada por ter sido escrito pela mesma autora de ?as águas vivas não sabem de si?, livro que até então tinha uma certa vontade de ler. Então, considerei esse lançamento a oportunidade de conhecer a autora e a sua obra, mas eu não tinha nem noção do quanto essa história iria mexer comigo.
????????
Adorei o enredo e a maneira com que o mesmo foi narrado e mesmo que eu não tenha criado uma grande identificação com os personagens, consegui me colocar no lugar deles e imaginar como seria retornar para a cidade que você vivia, depois que a mesma passou anos submersa e recuperar um turbilhão de memórias e sentimentos que estavam esquecidos juntamente com a cidade. Dentre tantos elementos, as referências feitas às fotografias e a importância que as mesmas têm em traduzir e guardar tantos sentimentos por trás de momentos congelados no tempo foi magnífica.
????????
Definitivamente quero ler o outro livro da autora e espero que ele seja tão bom e funcione tão bem quanto esse, pois o meu exemplar ficou cheio de post-its marcando as diversas passagens reflexivas e singelas abordadas ao longo dessa história que me conquistou completamente. Aline Valek é uma escritora incrível que consegue prender o leitor da primeira até a última página, o que torna a leitura rápida, fluída, gostosa e altamente prazerosa.
????????
#NathEscreve
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Amanda Celeste 20/12/2020

Este país de tragédias anunciadas
Um dos melhores livros que li este ano. Utiliza de uma premissa concreta e criativa - uma cidade no cerrado que afunda lentamente em um período de chuva intensa e cujas ruínas ressurgem muitos anos depois durante a seca - para ilustrar as muitas e perigosas tragédias anunciadas com as quais convivemos diariamente: as pessoais, as civis, as políticas... E as de saúde. Muito apropriado para 2020. Tudo isto apoiado por uma escrita ágil e por um elenco diversificado e interessante de personagens. Um livro essencialmente brasileiro em todas as suas vírgulas - acredito que cada um de nós consegue encontrar um eco das próprias brasilidades aqui, para o bem e para o mal.
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