Karine 29/04/2024Agradável surpresaComo não sou grande fã do gênero terror, nunca me interessei por ler Frankenstein. Claro que a ideia que eu tinha da história é aquela que se formou no inconsciente coletivo de certa forma: um monstro verde de cabeça chata, não muito esperto, criado por um cientista maluco juntando partes de corpos avulsas, numa noite de raios e trovões. Talvez essa tenha sido a história mais mal adaptada para as telas já vista. Ok, não que eu tenha realmente assistido aos filmes baseados no livro, mas acredito que qualquer pessoa hoje em dia tem conhecimento de algumas dessas referências.
Não poderia estar mais longe da verdade. A história é sim sombria e por vezes aterrorizante, mas pra mim não foi esse o foco principal. Acredito que a autora nos faz empatizar com a criatura, que sente o peso da rejeição por sua aparência repugnante e, quando percebe que será impossível estabelecer uma relação com os humanos, busca ajuda no único humano que pode vir a compreendê-la, e faz um apelo desesperado por uma companheira, pois não pode suportar viver sozinha pelo resto dos seus dias.
Acho que o desenrolar trágico é uma crítica à natureza dos seres humanos, à ganância desenfreada, ao preconceito, ao egoísmo. É triste e ao mesmo tempo nos faz refletir.