Raikov 12/05/2024
Prometeu Moderno mais atual que nunca
A primeira leitura do ano foi uma alegria sem tamanho. Comecei o lendário Frankenstein de Mary Shelley, nessa edição lindíssima da Darkside. O começo do livro é um pouco maçante, com as trocas de cartas entre o explorador do norte e sua irmã, mas quando Victor entra na história tudo se transforma. Não é segredo que ele é o causador da própria desgraça, o protagonista vilão do livro. A autora sabe colocar muito bem o sentimento de degradação do personagem principal ao longo das páginas e todo ódio e tristeza do monstro que criara.
Esse livro me fez refletir, sobre um tema específico, nada sobre limites da ciência ou responsabilidade para com a criação, mas sim como a falta de diálogo pode gerar muita dor. Fico pensando que se Victor tivesse conversado com o monstro desde o princípio, o amado ao invés de dar repulsa, tudo teria sido diferente. Por diversas vezes durante o livro eu quis abraçar o demônio dizer que ele não era feio, que a vida era bela e valia a pena ser vivida. Não sou de ficar triste ao final de livros, principalmente com aqueles escritos em meados do século retrasado. Mas não pude ficar feliz com o sofrimento da criatura, a qual fora rejeitada desde seu nascimento.
Acredito que existam pessoas que se sintam da mesma forma que o monstro. E só precisem de alguém para conversar. Alguém para mostrar que a vida vale a pena, que eles não são abominações que eles podem, respirar, sentir e sonhar.
A edição é bem especial pois além do prefácio escrito pela própria autora, também trazem outros contos de Shelley. Uma coisa que achei em comum na maioria deles é que tem muitos personagens órfaos adotados por uma famílias ricas.
Nota final 10/10.