Autobiografia precoce

Autobiografia precoce Pagu




Resenhas - Autobiografia precoce


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Gramatura Alta 01/12/2020

http://gramaturaalta.com.br/2020/12/01/pagu-autobiografia-precoce/
Patrícia Galvão, a PAGU, nasceu em 1910. Ela foi uma das personagens mais famosas do século xx. Ativista política, intelectual, escritora, poetisa, diretora, tradutora, desenhista, cartunista, jornalista, em 1933, publicou seu primeiro romance proletário brasileiro, PARQUE INDÚSTRIA. Além de sua vasta produção jornalística, é também autora de A FAMOSA REVISTA e dos contos policiais SAFRA MACABRA.

Pagu teve grande destaque no movimento modernista, iniciado em 1922, com a Semana de Arte Moderna, da qual Pagu não participou, uma vez que tinha apenas 12 anos de idade. Esse evento, com apoio do governo da cidade de São Paulo, trouxe diversas personalidades artísticas famosas, e em cada dia, foi trabalhado um aspecto cultural, como pintura, escultura, poesia, literatura e música.

De certa forma, as relações pessoais de Pagu, rodearam pessoas ligadas, direta ou indiretamente, à Semana de Arte Moderna. Seu apelido, Pagu, foi dado pelo poeta Raul Bopp, que participou do evento, e que era amigo de Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade. Tarsila foi uma das principais pintoras do modernismo da América Latina e foi casada com Oswald de 1926 até 1929, quando este se separa de Tarsila e se casa com Pagu.

Pagu sempre foi uma mulher à frente de seu tempo. Seu comportamento era considerado extravagante e era defensora do feminismo. Fumava e bebia em público, usava roupas colantes e transparentes, cabelos curtos, manteve diversos relacionamentos amorosos e costumava falar palavrões. Seu comportamento rebelde e à frente do seu tempo não era compatível com sua origem familiar, conservadora e tradicional.

Em 1928, Pagu, com 18 anos, começa seu relacionamento, inicialmente secreto, com Oswald de Andrade, de 38 anos. Oswald foi um dos patrocinadores da Semana de Arte Moderna e era um dos maiores nomes do modernismo brasileiro. Seu lado pessoal era boêmio, mulherengo, dado a relacionamentos curtos e poligâmicos. Ele foi a maior paixão de Pagu. O casamento dos dois, aconteceu em 1930, com Pagu grávida de 6 meses, e foi um escândalo social.

Pagu era militante do Partido Comunista Brasileiro e junto com Oswald, fundaram o jornal O Homem do Povo, que durou até 1945. O relacionamento de Pagu com Oswald sempre foi conturbado, principalmente devido às constantes traições dele, que ele não se preocupava em esconder. Inclusive, por diversas vezes, até avisava com quem ia se encontrar. Em 1934, Pagu se separa, sai de casa com o filho e passa a morar sozinha.

Em 1931, aconteceu a primeira prisão política de Pagu, quando esta participava de uma greve de estivadores em Santos, estado de São Paulo, quando o Brasil estava sob a presidência de Getúlio Vargas. Após essa, vieram outras 22 prisões ao longo de sua vida. Já em 1940, Pagu rompe com o Partido Comunista e passa a defender o socialismo. É nesse mesmo ano que se casa com Geraldo Ferraz, com quem tem um filho e permanece até o fim de sua vida.

Em 1960, aos 50 anos de idade, Pagu é acometida por um câncer de pulmão. Tenta um cirurgia em Paris, mas sem qualquer resultado positivo. Sem poder trabalhar e manter sua vida ativa, desenvolve uma profunda depressão e tenta o suicídio, mas é impedida por Geraldo.

"Uma bala ficou para trás, entre gazes e lembranças estraçalhadas… Agora, saio de um túnel. Tenho várias cicatrizes, mas ESTOU VIVA… Apesar dos dez anos que abalaram meus nervos e minhas inquietações, transformando-me nesta rocha vincada de golpes e de amarguras, destroçada e machucada, mas irredutível."

PAGU – AUTOBIOGRAFIA PRECOCE é um texto escrito pela própria Pagu, em 1940, ou melhor, uma carta extensa que endereça a seu marido, Geraldo. A narrativa é em prosa, com frases quase poéticas, melancólicas, impregnadas de profundos sentimentos, hipnotizante, impossível não se envolver. É fácil perceber o tom de decepção e tristeza em diversas passagens, muitas delas quando Pagu se refere à vida que levou com Oswald, de quem não esconde seu amor, nunca correspondido. Já Geraldo, ela trata como sua salvação, o retorno do que não conseguiu com Oswald.

Pagu comenta, brevemente, várias passagens de sua vida, sua iniciação sexual, seus enlaces românticos, o envolvimento político, a solidão e brutalidade de suas prisões, a paixão pela escrita, pela arte, pela cultura em geral, seus dois filhos, suas viagens, sua repulsa pelo masculino e sua luta pelos direitos femininos. São relatos intimistas, cheios de significado, que exigem uma leitura apurada, para tentar compreender a totalidade do que Pagu queria transmitir a Geraldo.

Pagu, aos 15 anos, já colaborava com um jornal; aos 18 anos, se formou como professora; viajou como jornalista para os EUA, Argentina, França, União Soviética, China, Japão…; Fez cursos na Universidade Sorbonne, em Paris, a mesma de Simone de Beauvoir; foi amiga do imperador Pu-Yi e andou de bicicleta pelos corredores do palácio; Entrevistou Freud em um navio; casou-se com Oswald em um cemitério; foi a primeira mulher a ser presa no Brasil por motivos políticos; teve um filme produzido, em 1988, e uma peça de teatro, em 2019; Seu nome é letra de músicas de Rita Lee e Zélia Duncan.

"Nem toda feiticeira é corcunda
Nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho que muito homem
Sou rainha do meu tanque
Sou Pagu indignada no palanque…"

Pagu faleceu em 1962, em Santos, ao lado de seu marido, Geraldo, e seus dois filhos.

site: http://gramaturaalta.com.br/2020/12/01/pagu-autobiografia-precoce/
Dayana.Roberta 31/12/2020minha estante
Uma leitura que oferece os fragmentos da memória de Patrícia Galvão, por ela mesma, mostrando a situação política e Cultural no país. Uma mulher que desafiou o sistema para ter uma sociedade mais justa.




Tiago 19/04/2021

Autobiografia precoce!
O título já é instigante. Fato que é uma autobiografia e precoce é a vida de Pagu. É uma leitura angustiante. A relação dela com o Oswald Andrade, com o partido comunista, o machismo e o marxismo. Às vezes dava vontade de parar. Mas quem disse que eu leio pra ficar numa zona de conforto?
Eulina.Cavalcanti 16/05/2021minha estante
Já tô querendo ler




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Paula C. 28/05/2022minha estante
É interessante como um mesmo livro pode criar impressões tão distintas em leitores diferentes. Pagu conta no livro da participação ativa dela nos circuitos intelectuais e na militância partidária e fala muito abertamente dos embates entre suas idealizações e os desafios concretos da vida que levava. Vi no relato a coragem de alguém que saiu do espaço de "boa moça de classe média" que estava dado para ela, a ponto de romper com os pais, o que me parece o oposto de deslumbramento e de andar nas nuvens. Ainda assim, ela foi refém de estruturas então ainda mais machistas que as de hoje, que a colocavam numa situação de falta de reconhecimento, tanto político quanto artístico, de assédios mil e sempre em uma situação econômica instável. No entanto, ela estava sempre em conflito com essas restrições, longe de ser uma simples "escrava de tudo e todos". Acho que só concordo que há pouco contexto, mas o texto é uma correspondência dela com Geraldo, que depois foi seu marido, alguém que conhecia bem o tempo e o ambiente nos quais ela vivia. Um prefácio que falasse do momento histórico ajudaria a entender melhor a paixão dela pela causa comunista, que era individualmente muito forte, mas também bastante própria daquele período e partilhada por muitas outras pessoas. Por vezes ela soa mesmo quase fanática, mas até por isso é interessante quando os conflitos reais com o partido e afins trazem desconforto e desencanto, sobre os quais ela fala com muita franqueza e propriedade. É um relato ao mesmo tempo bastante pessoal e muito crítico aos círculos sociais, artísticos e políticos dos quais ela fez parte.




Denise - @embarcandonaleitura 21/10/2020

Surpreendente...
Uma mulher que lutou pelos seus ideais, foi presa, foi obrigada a se ver longe de seu filho, amou e não sabe se foi amada, lutou pelo que acreditava. Essa é Patricia Galvão.
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Patty 18/12/2020

Empolgante!
Recomendo muito a leitura deste livro. Nele ficamos presos as vivências e revelações de Pagu desde o início ao fim!
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@andressamreis 01/01/2021

Pagu tem que ser lida
31/12/2020 - Acabei de encerrar esta leitura. A cabeça está em vertigem e o coração apertado.

Que oportunidade poder ler Pagu por suas próprias palavras.
Que vida, que forma apaixonada de se lançar por seus ideais.

Pagu quebrou qualquer clichê e papel imposto às mulheres. Não era santa, não era vulgar, não era a mãe exemplar, não era a pequena burguesa, porém, era tudo isto a sua maneira!
Orientou toda sua vida pelos ideais comunistas, decepcionou-se diversas vezes e se reinventou, lutou para que o movimento ao seu redor seguisse aquilo que acreditava!

Sua sensibilidade e força sempre enxergaram as contradições do Comunismo.

"Todas as conquistas da revolução paravam naquela mãozinha trêmula estendida para mim, para a comunista que queria, antes de tudo, a salvação de todas as crianças da Terra".

Quantas leituras e reflexões são possíveis nestas 160 páginas?
Podemos ler a Pagu, o Movimento Modernista e seus personagens, o feminismo, o Comunismo, o movimento operário, a questão da memória, pois Pagu faz muitas digressões sobre o porquê de escrever sobre si e a forma como filtra os acontecimentos.

É um texto extremamente reflexivo.
Necessário!
Tenho certeza que estas impressões que deixo registradas estão cruas e disformes. Sinto que as palavras de Pagu irão reverberar por muito tempo em mim. Sinto que que me ab a novas reflexões e sensibilidades.

Com certeza, é uma obra impactante. Leiam!
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Tuyl 08/01/2021

Livro muito bom! Fundamental para conhecer uma figura importantíssima da nossa literatura, mas que tem pouco reconhecimento
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Vanessa - @livrices 12/01/2021

Pagu e a procura
~Eu procurava. Sem saber o quê. Sem nada esperar. Alguma coisa que me absorvesse com certeza~.

Pagu certamente não encontrou o que tanto buscava, posto que a satisfação é impossível. Mas certamente deslocou para o partido comunista brasileiro toda a energia libidinal que possuía dentro de si (somada ao repúdio à sexualidade carnal imposta pela vida), e não sabia como expulsar. Dedicou-se ao partido em níveis imensuráveis, acatando a exigência de abandono da família e abdicando-se até mesmo de si. ~Estava tão empolgada pelo aspecto político da minha vida que ia matando gostosamente os resíduos da condição humana~.

Podemos dizer que Pagu foi uma mulher impulsiva e muitas vezes cega pelo ideal que construiu internamente. Mas não podemos dizer que não foi uma mulher corajosa, ousada, e que bancou ~a procura~ até o fim, legando às próximas gerações e à esquerda brasileira como um todo uma vida de dedicação e luta para o fim da exploração das classes, das raças e dos sexos. Viva Pagu!

Resenha completa no instagram @livrices (https://www.instagram.com/p/CJ8bRN-DUfJ/)

site: https://www.instagram.com/p/CJ8bRN-DUfJ/
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Vicente 25/01/2021

Que mulher incrível
Único relato autobiográfico de Patrícia Galvão, a Pagu. Figura importante e pouco reconhecida na história desse país.
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Sally.Rosalin 26/02/2021

Simplesmente Pagu
Autobiografia Precoce é um livro que não se prende a datas, fatos e nem eventos que vamos ler sobre a vida de Patrícia Rehder Galvão, mais conhecida como Pagu. O desejo não era escrever de forma retrospectiva, pois isso implicava para a autora uma marcha à ré. Contrária a autocrítica, sabia que a experiência se aproveita espontaneamente, sem dogmatização.

Pagu foi escritora, poetisa, jornalista e, dentre várias habilidades profissionais, teve grande destaque como militante da causa comunista. Desde a sua infância, já tinha a percepção dos seus passos fora dos conceitos humanos tradicionais. A obra aborda a sua constante busca pela bondade, beleza e o sabor amargo da insatisfação em não encontrá-las, o que a mantinha no círculo vicioso da procura de toda espécie de ideal.

O que temos como análise positiva é a simplicidade em descrever sua narrativa trágica no seio familiar e a sua trajetória que foi desde a alienação total, a participação de meios literários e artísticos da vanguarda modernista brasileira. A forma como Pagu denuncia em forma de autobiografia o olhar masculino patriarcal sobre a mulher, mesmo que dentro dos movimentos operários, nos faz refletir sobre as pautas de luta que deixaram as necessidades femininas à parte na sociedade.

Por outro lado, essa mesma simplicidade nos leva a indagar se estaríamos lendo sobre a mesma personagem. Não por causa das suas mudanças de convívio, mas pela forma que ela se mostra desconhecedora do mundo intelectual em que esteve inserida e, ao mesmo tempo, desmotivada pelas personalidades que a cercam. De um rompimento não percebido em sua autobiografia, analisamos uma militante inserida no movimento comunista a ponto de abrir mão da maternidade.

Autobiografia Precoce descreve as relações destoadas no seio familiar, o casamento com o modernista Oswald de Andrade, a maternidade, a participação exaustiva no Partido Comunista e até a sua frustração com a causa proletária na prática que, por mais que fosse válida, não se encaixava com os ideais teóricos da revolução soviética. Um desabafo notório de uma grande mulher brasileira à frente do seu tempo.
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Ivan leão 18/04/2021

A vida de Patrícia Galvão narrada por ela mesma. Entre esperança e frustrações, uma descrição autobiográfica da vida de uma mulher intelectual e ativista política no Brasil da década 1930/40.
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Helena B. 18/05/2021

Aah Pagu. Que mulher maravilhosa!
Uma delicia de ler, pena que é muito curta. Essa autobiografia não foi produzida com o intuito de ser comercializada, mas sim como um diario de confidências para seu marido.
Por um lado, isso torna tudo mais intimo, pois Pagu não poupa palavras nem sinceridade ao falar de sua vida, mas por outro lado as coisas ficam meio confusas já que não temos tantas datas e referências.
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Nadjini 28/05/2021

Ilusão e desilusão
Com uma linguagem envolvente, Patrícia Galvão, Pagu, nos dá um relato muito relevante sobre sua vida e sua trajetória política.

Essa leitura desconstruiu toda a imagem da ?musa modernista? que nos é apresentada. Conhecemos aqui, uma jovem em busca de um propósito para sua vida, envolvida em um relacionamento vazio, que encontra no Partido Comunista o preenchimento para o vazio que sentia. Na contramão, com o passar do tempo, ela se decepciona com algumas ações e trabalhos impostos a ela, em sua condição de mulher, pelo partido. Temos uma versão dura, realista é desconfortável do interior do movimento revolucionário de 30.

A trajetória de Pagu nos faz pensar nos nossos valores, sacrifícios pessoais e refletir de forma balanceada no real propósito da nossa militância.

Esse livro, pequeno, de rápida leitura, é profundo e sensível, tal qual um alfinete furando uma bolha.
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