@apilhadathay 20/06/2021
Wells tem livros melhores, mas valeu pela Invisibilidade
Quinto livro publicado por H. G. Wells, em 1897, O HOMEM INVISÍVEL é mais uma de suas obras que lançou bases para a inovação e criatividade na ficção científica. Foi um autor profundamente devotado a lutas sociais e também dono de uma escrita prolífica. Admiro.
Wells foi nas narrativas como era com as ciências (não afeito aos detalhes, mas interessado na inovação e originalidade) e este livro reflete o fato. O tema da invisibilidade é antigo e também o é a viagem no tempo, mas Wells trouxe diferenciais, trabalhou nos contornos dos temas, sempre com o prazer de se jogar na narrativa.
A história inicia "in media res", ou seja, já em meio aos principais acontecimentos. Griffin está invisível e busca se disfarçar em sociedade. Não há mágica, mas explicações científicas que envolvem longos estudos de refração e reflexão e aparelhos específicos. Não é real para nós, mas é verossímil na leitura. Por quê? Porque o autor é bom e convence.
Admira-me o fato de que ele sempre tem um propósito de analisar ações humanas e as consequências delas na vida, no mundo. Além de sua clara paixão pelo Reino Unido, que fica muito explícita até em cada capítulo que ele batiza com o nome de algum lugar ou nas descrições dos cenários que flutuam entre urbano e bucólico. Ele foi um excelente Observador do Cotidiano, Wells.
O que não me atraiu tanto foram alguns diálogos vazios e o tempo que levou para chegarmos a alguma ação de fato, o que ocorreu após 75% do livro. Reconheço que alguns pontos ficaram sem respostas (e eu sou alguém que adora novas perguntas, em vez das respostas), mas neste caso, eu esperava sim ver alguns questionamentos solucionados.
Os aspectos visuais durante as perseguições me encantaram os 3,5 pontos que dei ao livro são certamente pelas cenas de ação que deram uma dinamizada na parte final e não deixa muito pra imaginação de qualquer diretor de cinema. G. porém, precisava me convencer mais de seu propósito. Gostaria de saber mais dele, da infância e mais detalhes do que o levou a criar tanto caso com K. Pretendo reler um dia!
Tradução: Vânia Valente não deixa a desejar, texto excelente, comparado ao original. Mas tomo sempre a de Bráulio como referência e não posso deixar de notar as diferenças essenciais em vários momentos do texto.