Bianca 05/01/2022resenha @oslivros.delaQuando eu li a sinopse de “O sol mais brilhante” já soube que seria um daqueles dramas que me conquistariam do início ao fim. E que início! Mas atenção: vem porrada atrás de porrada nesse diabo de livro.
Leona é uma antropóloga americana que foi para o continente africano realizar pesquisas e fugir do passado. Após cerca de um ano vivendo em um vilarejo massai no interior do Quênia ela dá à luz a uma criança indesejada por ela, mas que foi acolhida pela comunidade. E é assim que o livro começa: te tirando do eixo.
Ao longo da história, o passado de Leona é destrinchado, assim como a relação dela com outras pessoas. Em especial com Simi, uma Queniana estéril, e Jane, que também é americana e está no país por causa do emprego do marido como diplomata.
E, à medida que você conhece a história das outras personagens, seu coração fica cada vez mais apertado. A narrativa é envolvente, apesar de lenta em alguns trechos, e a mudança de pontos de vista mesmo em terceira pessoa foi utilizada com maestria.
Também temos a discussão de vários assuntos importantes além da maternidade: saúde mental, caça, machismo, cultura, pobreza extrema, preconceito e por aí vai...
Apesar disso tudo, o que mais me chamou atenção no livro foi o “cenário”. Adrienne viveu no continente africano durante vários anos, então a ambientação é fantástica. Ela consegue fazer com que o Quênia seja quase um personagem da história, o que é ao mesmo tempo maravilhoso de ler e angustiante. (Kristin Hannah faz algo parecido em “A grande solidão”, mas com o Alasca).
Não é à toa que “O sol mais brilhante” foi um dos meus livros favoritos do ano passado.
Mas, eu devo alertá-los(as) para um detalhe: “O sol mais brilhante” é um livro escrito sob a perspectiva de uma norte-americana que viveu no continente africano. Como toda história tem vários lados, a África também tem. E ela pode ser vista de diversos ângulos diferentes, então, se você quiser ler outros livros que retratem o continente, recomendo ler também autores locais. Fiz uma pesquisa rápida e alguns nomes de destaque são: Chinua Achebe, Mia Couto, Chimamanda Ngozi Adichie (fantástica), Sefi Atta, Abi Daré, Pepetela e Alain Mabanckou.
site:
https://www.instagram.com/oslivros.dela/