O Homem que Ri

O Homem que Ri Victor Hugo
Victor Hugo
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Resenhas - O Homem que Ri


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Carolina.Gomes 19/06/2021

A voz dos excluídos
Gwynplaine, quando criança, foi abandonado pelos traficantes de crianças- os comprachicos.

Tendo o rosto deformado, transformado numa caricatura ambulante, ele vaga perdido e sozinho até encontrar abrigo e formar uma família peculiar.

Até a vida adulta, ele vive como saltimbanco, ganhando a vida fazendo as pessoas rirem de sua fealdade?

Até que seu passado emerge e ele tem que lidar com acontecimentos transformadores.

É através da história desse personagem que Victor Hugo faz críticas ferrenhas à monarquia, à aristocracia, à sociedade da época, fazendo da sua pena instrumento para se insurgir contra a desigualdade social, a pena de morte, os privilégios dos nobres, trazendo à tona temas tão relevantes para a reflexão: a exclusão social, o bullying, a extrema pobreza, a injustiça social, o preconceito, a condenação sem o devido processo legal.

É um livro riquíssimo e extremamente atual.
Foi uma experiência enriquecedora e emocionante.
Ana 20/06/2021minha estante
Será que o coringa foi baseado nesse personagem?


Carolina.Gomes 20/06/2021minha estante
Não vi semelhança c o vilão. ?


re.aforiori 27/06/2021minha estante
Ótimo resenha, Carol! Abordou com maestria os aparentes principais aspectos do livro.

E este livro do autor do magnífico ?Os miseráveis? e do espetacular ?Os trabalhadores do mar?, pretendo ler tão logo. Na verdade, Hugo é um de meus autores preferidos, no entanto, gostaria de poder ler tudo que ele escreveu...

Infelizmente para o nosso português, só chegam traduções de parte de suas obras, que são os principais romances. Mas, Hugo, além de ter sido um grande romancista, foi também um grande poeta e um grande dramaturgo. Sem falar, que fora da literatura, foi um grande político e estadista.

Entretanto, Victor Hugo foi grande em tudo que fez!
Hugo foi um dos escritores mais célebres já em vida; foi aclamado pela crítica e pelo público. Quando morreu, parou Paris, milhares de pessoas foram a seu enterro.
Nunca houve na história, algo próximo com qualquer outro escritor.

Carpeaux defini em sua obra-prima ?História da literatura ocidental? o século XIX, como o século de Hugo (imaginemos quantos outros grandes escritores tivemos no século XIX; a lista é enorme, não é verdade?) devido naturalmente a importância de sua obra, e também pela enorme influência que exerceu na literatura mundial.

Vi que você está para ler ?Os miseráveis?, Carol; ou seja, o melhor de Hugo ainda lhe espera... ??

Ah, meu amor por Hugo é tão grande, que pretendo ler também biografias dele... E, sobretudo, se eu um dia tiver outro filho homem, ele há de se chamar Victor Hugo ?; em homenagem a ele, e porque gosto deste nome. Assim como já homenageio meu poeta preferido, que é o Fernando
Pessoa, tendo dado o nome de Fernando ao meu filho, enfim, digressões a parte kkk ?.

Ah, eu só fui ver hoje esta sua resenha, que acessei seu perfil, justamente porque lembrei que você estava lendo este livro, e não via mais atualizações de leitura. Não sei como, na correria, eu não a tinha visto (mas vou passar a dar atenção diária a timeline do Skoob); que desperdício estava cometendo... Mas agora fico feliz em poder apreciá-la!

Enfim, parabéns por mais uma vez nos prestigiar com suas admiráveis resenhas, Carol! ?

PS: Eitah escrevi um textão; não consigo falar de Hugo com poucos palavras kkk ?, mas, tenho certeza, que vc vai entender essa minha profunda admiração por Hugo, depois de ler ?Os miseráveis?, e acredito que tende a gostar tanto, que vai querer ler também os ?Os trabalhadores do mar?.
??


Carolina.Gomes 04/07/2021minha estante
Hahahaha Re, agora q vi esse maravilhoso comentário. Obrigada por compartilhar comigo suas impressões. Temos gostos afins.


re.aforiori 04/07/2021minha estante
Kkk rs ?

De nada, querida! Temos sim, verdade! ??


Ricardo.Silvestre 08/08/2022minha estante
Não conhecia essa obra mas confesso que já fiquei bem curioso!!! ?




Bastos 03/02/2024

O livro é muito bom só que é diferente do que eu esperava

A estoria tem uma ótima premissa e envolvente só que o autor não desenvolve ela direito, focando bastante em monólogos sobre a compreensão da condição humana. Todos esses discursos são maravilhosos e te levam a entender profundamente à cultura da época, aos cenários e à política. Tudo isso com críticas que são válidas até hoje.

Os personagens são maravilhosos e bem construídos, o amor entre Dea e Gwynplaine é algo tão puro e genuíno que só lendo o livro pra conseguir entender.

O maior problema aqui é o excesso de descrição e nomes de personagens e palácios que não agregam em nada. São inúmeras páginas seguidas que vai lendo sobre isso que dá até raiva. Outro problema é a falta de intrigas, o autor focou tanto na crítica que simplesmente acaba abandonando a estoria com uma conclusão simples.
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Exusiaco 06/10/2012

Dimensão do Riso
Um retrato sombrio da natureza humana, mais especificamente da aristocracia inglesa do século XVIII. Victor Hugo parte do grotesco e da deformidade plantada cirurgicamente na face de uma criança de sangue nobre traficada a mando do rei Jacques II para desvelar as mazelas e desmandos de uma sociedade decadente moralmente. A deformidade é um riso rígido e eterno que catapulta um ser humano na plena miséria e na desvalida vida de saltimbanco e pelotiqueiro. Esse ser chama-se Gwynplaine, ou o homem que ri, mas que no fundo não ri e é alvo de contantes risos e humilhações no decorrer da obra. Os risos de várias nuances desvelam as características satânicas de uma aristocracia que vive a massacrar o povo de excluídos e explorados e onde o individualismo desponta repulsivamente na corte e no mundo dos lordes. O sublime e a bondade pode ser vislumbrado nos personagens da cega Dea, do misantropo Ursus e do lobo domesticadoe Homo, representantes das castas mais baixas da sociedade que, juntamente com Gwynplaine, atravessam miseravelmente suas existências. Mas a bondade e o amor que deles irradiam nunca esmorece e são como que fortalezas em suas almas iluminadas, o que não ocorre no mesquinho mundo aristocrático, muito bem denunciado por Hugo nessa grande obra que permanece atual.
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Reginaldo Pereira 25/06/2022

Uma homenagem à grandeza da alma
Acabei de terminar de ler esta obra e escrevo esta resenha ainda com os olhos molhados? Um misto de tristeza, profunda tristeza por tudo o que aconteceu? e de ausência pelo final de algo tão grandioso.

Definitivamente foi a obra mais triste que já li, e ao mesmo tempo uma das mais belas. Victor Hugo me fez passar por um turbilhão de emoções, e que culminaram com uma espécie de tapa na cara da sociedade. E não apenas a do século XVIII, mas também de todas as outras subsequentes, inclusive a atual.

Os pontos altos que destaco na obra são a Matutina passando pelas fúrias oceânicas; as atribulações de Gwynplaine: as tentações, as descobertas ocultas na garrafa e seu discurso na Câmara dos Lordes (inigualável e atemporal!!!); e o fim?

Os 4 personagens principais serão inesquecíveis pra mim: Gwymplaine, Dea, Ursus e, sem dúvida, o tão querido Homo! A saudade que já sinto de vocês é realmente de doer?

Victor Hugo me surpreendeu! Mesmo com algumas passagens um tanto densas (a ?burocracia? dos Lordes, Príncipes, Barões, etc?), sua escrita é fascinante e poética. A obra se desenrola de uma forma tão empolgante e ao mesmo tempo sem dar ideia de como irá prosseguir! E isso é fantástico!!!

Foi um imenso prazer conhecê-lo, Victor Hugo!! Nos veremos daqui a algum tempo em ?Os Miseráveis?.
Carolina 25/06/2022minha estante
Estou estupefata com o Victor Hugo. Sua obra é magnânima.


Reginaldo Pereira 25/06/2022minha estante
Carol, estou até agora pensando em tudo o que passou! Gostei demais dele!!!!


Carolina 25/06/2022minha estante
Já vi que vou gostar desse ?O Homem que Ri?. Victor Hugo deve ser especialista em criar personagens grandiosos.




euria_library 28/06/2021

"Misericórdia aos que sofrem!"
Um dos melhores livros que ja li na vida, Gwynplaine é bem construído, assim como os personagens, é um livro com uma narrativa cansativa mas instigante. O final foi..... decepcionante, to de queixo caído até agora, mas eu não vou deixar isso acabar com a experiência ;D.
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Luz 16/10/2023

Quando eu morrer, atravessarei céu, purgatório e os nove círculos do inferno para encontrar Victor Hugo e me vingar pelo o que ele fez aqui. Não é uma ameaça nem um ato de revolta, mas sim um juramento.
Dito isso, considerando a escrita, forma na qual todas histórias se conectam, incrível talento para criação de personagens, pensamento crítico sobre a burguesia e profundidade das emoções; este, talvez, seja I melhor livro que já li em minha vida.
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Lucas 05/09/2023

Reflexões se sobrepondo à ficção: o homem que ri é um homem que chora
O Homem que Ri, obra lançada em 1869, é um dos últimos "livros-denúncia" de um escritor que se notabilizou por fazer de seus trabalhos verdadeiros gritos a favor da liberdade, do amor e do combate às mazelas sociais do seu tempo (e que persistem ao longo dos séculos). Trata-se de Victor-Marie Hugo (1802-1885), francês de nascimento e cidadão do mundo por excelência.

Victor Hugo era alguém "multifuncional": além de escritor, era poeta, desenhista, dramaturgo, político e exilado. Estes elementos definem suas obras e dão a elas uma prolixidade pluralizada que não se vê em nenhum outro autor conhecido. Ele sabe o que falar e como falar, com uma propriedade verborrágica sobre todos os temas acima citados. É capaz de dissecar qualquer incongruência que a sua narrativa ficcional se esbarra. A importância de se assinalar isso se destina em especial ao leitor de primeira viagem das suas linhas, pois Hugo reflete, filosofa, disserta, acusa e defende sem se preocupar com a duração destas suas famosas divagações.

Mas é importante também destacar que todas estas divagações se sustentam na sua ficção sempre atraente, na sua capacidade de misturar realismo e crítica social com um romantismo abrangente, ora casto e inocente, ora passional em excesso. Em se tratando de O Homem que Ri, Victor Hugo olha para fora (a Inglaterra) e para o passado (a narrativa se passa entre 1690 e 1705). Sem parecer piegas ou tomar partido do seu país, no que seria a derivação de uma das mais antigas rivalidades pátrias da Europa, o escritor aponta o seu bisturi narrativo para a monarquia inglesa daquele tempo.

Tudo começa com uma denúncia: os comprachicos, rótulo dado a traficantes de crianças que, protegidos por autoridades monárquicas, se apossavam de indivíduos abandonados e os tornavam alegorias circenses. Dentre elas, Victor Hugo narra as desventuras de Gwynplaine, um garoto de nove anos a qual se vê abandonado pelos seus sequestradores numa das muitas ilhas do Canal da Mancha (entre a França e a Inglaterra e onde o autor exilou-se por dois anos) numa noite de neve. No percurso em busca de abrigo, Gwynplaine acaba encontrando uma bebê recém-nascida na neve, abraçada a sua mãe que já estava morta. Todo este arco narrativo, dramático como se pode imaginar, ocupa boa parte das primeiras cem páginas da obra (na linda edição da Martin Claret). Mas tudo muda quando Gwynplaine e a criança encontram Ursus, um andarilho que tinha uma carroça e seu lobo domesticado, Homo.

Um detalhe torna a jornada inicial de Gwynplaine ainda mais cruel: ele fora mutilado e carregava em seu semblante as marcas de toda a conivência das autoridades e insensibilidade dos homens diante do eterno riso que formava o seu rosto. Riso este feito artificialmente, com a lâmina e a mão de um comprachico. Diante de tanta crueldade, Victor Hugo clama por justiça e destila toda a sua capacidade reflexiva para dissecar esta tragédia, seja em termos individuais, nos traumas as quais Gwynplaine carrega consigo ou em termos estruturais, de denúncia e condenação quanto a passividade e hipocrisia de indivíduos mais bem letrados e poderosos financeiramente que achavam graça dessa deformidade.

Treinado para isso, só lhe sobra o caminho de ser o que na época se chamava saltimbanco. Ursus, então, abriga e adota Gwynplaine e Dea (a bebê abandonada) e todos passam a se apresentar com pequenas peças de teatro de forma itinerante até que quinze anos depois, eles resolvem ir a Londres, onde o epicentro da narrativa se desenrola. Com a apresentação de alguns tipos da aristocracia inglesa da época diante da classe econômica mais baixa onde estavam os saltimbancos, tem-se assim um cenário composto de contradições, servindo como terreno fértil para o autor trazer aos holofotes muitas injustiças e mazelas sociais não exclusivas daquela época e daquele país.

Na verdade, tudo na narrativa de Victor Hugo lhe dá munição para reflexão. Um menino mutilado abandonado na neve? Bandidagem alheia, com a complacência de autoridades; um menino com uma bebê no colo batendo nas portas de casas silenciosas? Egoísmo humano; um navio à deriva em um mar bravio? Dramática situação, capaz de conduzir à redenção; um ser mutilado refletindo sobre as desventuras do mundo diante de uma plateia letrada e debochada? Insensibilidade e desdém sobre-humanos; preocupação com o bem-estar da Coroa e ampliação de seus benefícios? Promiscuidade e insensibilidade que sustentam uma enorme hipocrisia; uma moça cega (Dea) apaixonada por alguém deformado fisicamente (Gwynplaine)? Uma das mais lindas faces do amor. O Homem que Ri é um emaranhado disso: ficção provocativa e reflexão contundente surgem continuamente.

Entretanto, este que é o mais característico traço de Victor Hugo aqui se acentua em demasia, no meu entender. Tudo o que ele escreve é válido, especialmente quando se disseca sobre desigualdade social, mas inegavelmente cansa. Em muitos momentos essas reflexões se afastam tanto da ficção que parece estarmos diante de um livro de sociologia ou história. Acredito que O Homem que Ri exagera nessa abordagem reflexiva e oculta a trajetória dos protagonistas ficcionais, a qual parece correr sem muitos atos divisórios e torna a ficção um tanto quanto estática. Esse fato, aliado a um desfecho que não me agradou (agradar não é mesmo que concordar) e que deixou alguns questionamentos sem resposta reforça esse entendimento, de redução da ficção diante das reflexões e filosofias paralelas. Os Miseráveis, por exemplo, é muito mais volumoso, profundo, rico e equilibrado e trouxe bem menos momentos cansativos. Isso tudo é muito particular, entretanto, até porque a história de Jean Valjean, Fantine, Cosette, Marius, Javert, etc., não possui comparativo com nenhuma outra obra da humanidade.

Mas estamos falando de Victor Hugo e até mesmo o material um pouco menos incrível que leva o seu nome ainda é maravilhoso. O Homem que Ri, que serviu de inspiração para o eterno Coringa, personagem das histórias do Batman, é um livro excepcional, que emociona e ensina, apesar do inchaço narrativo. Gwynplaine carrega consigo um fardo que poucos personagens literários conseguiram carregar: o de culpa por pertencer a espécie humana, que em alguns aspectos é a mais animalesca das espécies conhecidas. E Victor Hugo é e sempre será a pessoa mais indicada para falar sobre tamanhas falhas, lapidando-as com um olhar humanista e ferinamente atual.
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Perrelli 12/04/2021

Sabe aquele livro que você leva para vida? Então....🤯🤯🤯
O HOMEM QUE RI


O homem que Ri de Victor Hugo, é um clássico da literatura, inclusive tendo filme, influenciador de diversas obras e assombrosamente atemporal. Um verdadeiro ensaio sobre as disparidades sociais existentes na época ( séc. XVII) mas, que refletem os dias atuais.

Na narrativa acompanhamos a história de Gwynplaine, menino órfão comprado por “comprachicos” -traficantes de crianças- que tinham como objetivo lucrar com o menino transformando-o em uma verdadeira aberração ao retalhar o seu rosto para que sempre mantenha um riso hilariante independente de seu gosto/sentimento.

Abandonado à própria sorte em uma praia na Inglaterra, Gwynplaine ainda criança tem que buscar sobreviver em um mundo onde a indiferença para com os desafortunados é mais comum do que o ar que se respira.

Menções honrosas a outros três personagens que juntos formam a “família” de Gwynplaine: Dea, menina cega, achada pelo protagonista no dia em que fora abandonado; Ursus, homem que vive em uma carroça pelas ruas trabalhando como saltimbanco e “farmacêutico”; Homo, lobo e fiel companheiro de Ursus sendo em suas palavras “mais homem do que lobo” cada uma desses possui importância fundamental na vida do menino até sua formação como homem.

Obra é envolta por fatos históricos que contribuem demais para o entendimento da narrativa, além de colocar um plano de fundo períodos históricos como a revolução francesa que dão toda a ambientação necessária a obra. Ponto a ser observado é o excesso de descrição da obra que por vezes deixa a narrativa entediante, porém muitos desses momentos precedem a fatos marcantes da narrativa não deixando pontas soltas na história.

Vamos acompanhando as críticas sociais à medida em que Gwynplaine vai tendo contato com essa parcela da sociedade. Fato inclusive ressaltado em prefácio, o livro teria como objetivo a crítica a sociedade aristocrática que pelos fatos históricos estaria vivendo um de seus momentos apoteóticos.

Me deixou tocado também perceber que Gwynplaine, é a retratação de um povo que sofre a duras penas para poder ter o mínimo possível para sobreviver e ainda assim, têm de ter um sorriso no rosto como forma de sobrevivência, pois, nem reclamar podem. É impressionante como a discussão é atual: os que estão no topo da pirâmide não têm interesse algum em solucionar o problema de uma sociedade que é pautada em privilégios, é necessário que o pobre continue a sofrer, e o rico continue em seu papel de mandatário.

É daí que a frase proferida por Gwynplaine (saltimbanco, pobre, sujeito à margem da sociedade) ecoa tão forte pois não há como deixar de fazer um paralelo com nosso cenário.

“É do inferno dos pobres que é feito o paraíso dos ricos”


site: https://www.youtube.com/watch?v=2KhzpkSDwHA
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DaniBooks 17/03/2020

O HOMEM QUE RI
Victor sempre me encanta. E com O Homem que Ri não foi diferente.

Aqui, acompanhamos a trajetória de Gwynplaine, uma criança que foi deformada por uma gangue chamada comprachicos. Essa gangue pegava crianças abandonadas e as transformava em atrações grotescas de circo. Gwynplaine teve seu rosto deformado e um sorriso eterno estampado na face.

Por questões políticas, Gwynplaine foi abandonado pelos comprachicos em um porto inglês, em uma noite de neve e tempestade. No seu caminho, ele salva uma bebê da morte e encontra abrigo na casa ambulante de Ursus, um homem que ganha a vida se apresentando como filósofo e até como médico. É um homem pobre, que tem como única companhia um lobo: Homo. Ursus abriga Gwynplaine e a bebê, que passa a se chamar Dea. Dea, por ter ficado exposta ao frio e à neve por muito tempo, é cega.

Esse grupo insólito se apresenta toda noite para poder sobreviver. Gwynplaine e Dea crescem apaixonados, um amor idealizado e puro. Ele vira saltimbanco e passa a ser conhecido como O Homem que Ri. Tudo vai relativamente bem, até o momento em que resolvem partir para Londres. Lá, fatos extraordinários mudam a vida de Gwynplaine e põem sua nobreza de caráter à prova.

Mais uma vez, Victor Hugo escreve sobre os miseráveis, sobre os renegados, sobre os excluídos, sobre o grotesco, mas também sobre o sublime. E o sublime é sempre o amor.

Mais uma vez, vemos a crítica ácida à nobreza e à aristocracia, dessa vez inglesa, a ironia, o apreço pela República e pela Democracia, o grito por igualdade social, o desprezo pelo abuso de poder e pelo descaso com as massas.

Gwynplaine é visto como um monstro, todos riem dele. E a única que enxerga sua verdadeira face é Dea, a cega. O sorriso de Gwynplaine é o sorriso do povo: triste, falso, resultado de violência e mutilação social.

Pleno de personagens marcantes, O Homem que Ri nos brinda, mais uma vez, com a escrita espetacular de Victor Hugo: uma escrita delicada e crua, emocionante e chocante, rica e cheia de recursos. É tudo amarrado, tudo se encaixa, não há nenhuma ponta solta. Tudo tem um propósito, nada é gratuito. É uma verdadeira aula.

Só não ganhou 5 estrelas porque houve um momento em que a prolixidade do autor me cansou. Mas foi um quase nada em meio a essa história maravilhosa.

O final é doído, é triste, digno do auge do Romantismo. Confesso que não esperava esse desfecho, ansiava por algo mais alentador. Porém, ele é coerente com todo o enredo.

Obviamente, você deve ter se lembrado do vilão dos quadrinhos, o Coringa, durante a leitura dessa resenha. Sim, aqui está a origem desse palhaço das trevas. Gwynplaine e Coringa não têm, a princípio, muito em comum, a não ser o sorriso perpétuo, que simboliza tanta coisa. Porém, assistindo ao último filme do vilão do Batman, percebemos que há muitos paralelos entre esses dois personagens sim. Aconselho ver o filme após a leitura do livro.

Enfim, mais uma obra prima desse autor francês que eu adoro. Uma obra injustamente pouco comentada e meio esquecida. Vale muito a pena a leitura; é uma experiência enriquecedora.
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JanaAna90 27/05/2023

Prova de que o riso nem sempre é Alegria
Dias se passaram desde que li esse livro, ainda assim ao tentar escrever a resenha a nostalgia me toma e revivo emoções impressas de forma indelével na minha alma, marcada por uma escrita sensível, forte e profunda desse grande escritor.
Foram vários os pontos desse romance, que tentarei traduzir em palavras, que mostra uma sociedade corrompida e voltada para a frivolidade e o prazer pessoal.
Já começa com a ideia de uma criança órfã, mutilada e ?construída? para ser uma atração de circos e feiras. Com a ideia inicial pronta o que Victor Hugo faz aqui é nós colocar dentro da história com sua riqueza de detalhes e sua escrita envolvente nos colocando como testemunha e participante de todos os acontecimentos. E foram tantos os diálogos marcantes desses acontecimentos que nos coloca a pensar como pode existir pessoas que se divertem com a dor e sofrimento do outro, alheias à humanidade das pessoas, colocando-as como não humanas e objeto de divertimento. ?Uma criança destinada a ser joguete para os homens - isso existiu. (E existe ainda hoje).
E assim caminhamos através das páginas todo o percurso do personagem Gwynplaine (a criança) e suas agruras numa sociedade mesquinha é podre. Nessa jornada a criança encontra outra criança e juntas, na luta pela sobrevivência, busca na compaixão humana o auxílio e o amparo; a ironia aqui, mais uma, é que essa ajuda vem de um misantropo, que mesmo de forma rude busca cuidar desses seres em tão tenra idade, que foram abandonados por pessoas ditas civilizadas.
No livro há algumas digressões, porém o que o autor faz nessa obra vale sim, e muito, persistir com a leitura.
Durante a trajetória nos deparamos com descrições sobre as discrepâncias entre ricos e pobres, nos fazendo ver que o poder vigente tenta esmagar com tirania a grande massa da sociedade que são os desafortunados, os excluídos, os rejeitados, da elite. Exemplo disso está num trecho do livro: ?Cuide de sua boca abominável. Existe uma regra para os grandes: não fazer nada; e uma regra para os pequenos: não dizer nada. O pobre só tem um amigo: o silêncio?? E me pergunto o quanto disso ainda faz parte da nossa realidade, o quanto ainda usamos desse silêncio velado para continuarmos existindo.
Em todo a nossa jornada Victor Hugo nos coloca em cheque sobre a nossa condição de ser humano é o como estamos negligência a nossa humanidade, espezinhando os nossos por vaidade, poder, orgulho e todas as formas desumana que utilizamos para justificar o que não se justifica.
Não poderia deixar aqui de comentar sobre o final, que me surpreendeu e foi o grande responsável pelo meu tormento, dor e encanto dessa grande obra. Um final feito de reflexão, impacto, perplexidade, mas também de compreensão, tristeza e resignação diante do inevitável.
E para concluir deixo as últimas palavras de incentivo para a leitura, desse maravilhoso livro, um trecho do próprio livro: ??Para quem vive de ficção, a verdade é pestilenta. Quem tem sede de hipocrisia regurgita o real, bebido de surpresa??
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Camila 04/08/2020

Victor Hugo mais uma vez brincando de Deus
Deslumbre frente a Victor Hugo. Que livro!!!
Acho que é o mais político dos que já li do autor, críticas sociais fortíssimas. Personagens tão elaborados, com detalhes tão minunciosos de inteligência e loucura e carisma.
Quão grandes são os abismos sociais que separam as classes!
Na primeira parte do livro não há nomes para os personagens, como se fossem representantes de todo um gênero humano.
27 páginas para afundar um navio! Toda a densidade e suspense que envolve o passado, presente e futuro daquelas pessoas e o destino que à elas estava ligado. A velocidade que as mudanças transformam o mundo destes personagens no mundo do autor, 180 anos depois, e no nosso, 150 anos à frente.
O povo é o cavalo das estátuas dos reis. O povo pode ser o leão, mas se contenta em ser asno. Citações assim estão em cada página da obra, riquíssima em poética e análises sociais. Todas as formas de manipulação usadas para manter o povo na ignorância estão belamente descritas.
Para reler!
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ferbrito__ 14/11/2020

"É do inferno dos pobres que é feito o paraíso dos ricos."
Tal como "Os Miseráveis" essa foi uma narrativa impressionantemente crítica que aborda sobre os miasmas da humanidade. Não esperava menos de Victor Hugo. É um livro tão bom que me faltam palavras para descrevê-lo. Além de quase ter chorado com o final. Recomendo muito!!
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Lucas Salsicha 21/03/2023

O sorriso da miséria
Esse é o segundo livro de Victor Hugo que leio, o primeiro tendo sido "Os Miseráveis", e novamente me deparo com uma força narrativa inesperada. Ele mistura a entonação romântica com a frieza do realismo, cutucando, criticando e apontando os defeitos da sociedade. Gwynplaine não é apenas uma vítima de um grupo de criminosos, é vítima de toda uma sociedade. Os pequenos riem dele por ser engraçado, disforme. Os grandes o julgam incapaz, um mero palhaço perdido em meio aos que possuem títulos.
Ursus, um andarilho, por assim dizer, mostra a excêntrica simplicidade do sábio que possui apenas um ou outro bem, um deles seu lobo de estimação.
Conforme conhecemos a Inglaterra do século XVII, através do que nos é narrado, percebemos que a corrupção é tão velha e tão vasta que chega em diferentes sistemas e contextos.
Gwynplaine e Dea. Que amor! Que vontade de vê-los juntos. Isso mesmo. Que vontade...
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