Jenni 09/01/2024
"Um fio tênue a uni-las. Fino como fio de cabelo..."
Estou verdadeiramente sem palavras para descrever a beleza dessa obra. Não imaginava uma história tão impactante e emocionante. Mulheres fortes e decididas enfrentando adversidades, usando-as como combustível para lutar não só por si mesmas, mas por todas que poderiam estar em seus lugares.
Aqui, acompanhamos a história de três mulheres conectadas de forma única, algo que me fez chorar ao perceber o quão belo foi isso.
Smita, vinda de uma pequena aldeia na Índia, uma dalit, uma classe considerada intocável lá, esvazia latrinas com as próprias mãos, não por um salário, mas como obrigação por ser considerada impura. Com uma filha de seis anos, decide que Lalita não passará pelo mesmo que ela. Smita luta para garantir que sua filha vá à escola, aprenda a ler e escrever, e tenha um futuro diferente, mesmo que isso coloque sua vida em risco. A história dela me deixou indignada, principalmente por não ter conhecimento dessas condições existentes lá. É absurdo que, apesar de ser proibido, muitas aldeias ainda mantenham esse costume, condenando toda uma geração por algo sem sentido. A força de Smita ao usar sua religião como apoio para seguir em frente foi tocante.
Giulia vive na Sicília com sua família e possui um pequeno ateliê que fabrica perucas com cabelo natural, uma tradição familiar. Após seu pai sofrer um grave acidente e a empresa caminhar para a falência, ela se vê entre um casamento indesejado ou desafiar tradições para continuar fazendo o que ama. O ponto forte aqui foi Giulia precisar convencer as pessoas de que poderia salvar seu empreendimento, mesmo sendo uma mulher jovem, e sua luta entre manter as origens ou inovar tradições arriscando o fracasso.
Sarah é uma advogada importante no Canadá, divorciada, mãe de três filhos e sócia em uma das empresas mais renomadas na advocacia. Ela tem orgulho de seu sucesso, mas um diagnóstico de câncer abala tudo que ela construiu. A história dela é reflexiva, pois ela teve que abrir mão de muitas coisas para crescer em um ambiente machista e, ao enfrentar a doença, sente-se devastada ao perceber que perder seu lugar no mundo era o que mais a esgotava.
Cada história aborda um tema específico, mas no geral trata das dificuldades enfrentadas por essas mulheres em um ambiente opressor, e como encontram forças para seguir em frente.
"Essa sociedade que vira as costas para os mais fracos, que deveria proteger e acompanhar, como a manada deixa para trás os velhos elefantes, condenando-os a uma morte solitária."