Queria Estar Lendo 08/03/2023
Resenha: Kingdom of the Cursed
A sequência de Reino das Bruxas: Irmandade Sombria ainda não chegou ao Brasil, mas eu me apaixonei tanto pela história que corri adquirir em inglês. Hoje a resenha é pra falar sobre Kingdom of the Cursed, segundo volume da trilogia da Kerri Maniscalco.
Esta resenha vai conter alguns spoilers do primeiro livro.
Emilia está no inferno. Literalmente. Depois de assinar um contrato para desposar o diabo, esperando encontrar respostas para os enigmas envolvendo o assassinato da irmã gêmea, ela é levada até o inferno pelo Príncipe Ira.
Mas as coisas não acontecem como Emilia imaginava, a começar pela sua estadia no Castelo Ira. Os enigmas também parecem crescer e se multiplicar; visões estranhas do que parece o passado ou o futuro a atormentam, e a iminente chegada de um baile realizado por todos os Perversos parece colocá-la como alvo de um acontecimento grandioso e terrível.
Kingdom of the Cursed é um livro ruim. E eu me diverti muito por causa disso!
Sabe quando tudo que você precisa é de uma leitura que não gaste os seus neurônios? É essa série. Esse livro, em particular, é ainda pior que o primeiro, porque parece que a Kerri Maniscalco não sabia o que estava fazendo até a última página. Tudo é muito óbvio, mas propositalmente enigmático para que a Emilia não entenda. Tudo é muito bagunçado, mas organizado quando a trama precisa que seja.
Não parece que esse livro sabia para onde estava indo. E, para a surpresa de todos, isso não me desagradou. Talvez por eu já ter abraçado o fato de que essa série é terrível, no melhor sentido da palavra. Um lixo bom.
"Se a raiva do Príncipe Ira era glacial, a minha era um inferno crescente. E não queimaria rápido."
Eu não esperava nada do plot ou da fantasia, então não fui arrastada por um trem quando nada aconteceu ali. Esperava muito do Ira, e ganhei tudo que queria, porque ele segue a melhor coisa que essa série criou. E da Emilia... Bom, já falo disso.
Toda a questão do "por que" ela foi até o inferno é uma balbúrdia sem fim. O plot não se sustenta porque ele dependia de uma única unidade de conversa, coisa que os personagens só fazem nas últimas páginas. Quando o final aconteceu, aliás, eu só conseguia rir, porque é tão idiota e simples, mas é claro que eles complicaram até não poder mais.
A Emilia é com certeza uma das protagonistas mais burras que eu já li. E digo isso tendo me divertido muito com a narração dela. Assim como a Feyre em ACOTAR, eu consegui me desligar de pensamentos racionais e neurônios, porque nenhuma das duas jamais usou o mínimo da sua capacidade lógica.
Kingdom of the Cursed só acontece como acontece porque a sua protagonista é uma toupeira.
"Mas, Denise, você já odiou livros por menos!" sim, eu sei. E volto a dizer: não levei o primeiro livro a sério, não levei esse também. Eu me diverti porque é uma história tosca e carismática, e foi isso mesmo que pedi a deus.
Não vou negar, no entanto, que a Emilia não tenha me frustrado. Era muita burrice por quilômetro quadrado, a ponto de chegar um momento da história e ela se revoltar por uma conclusão que tirou do 🤬 #$%!& . Ela tem uma informação, e chega a tamanha conclusão que parece prestes a colocar fogo no inferno todo só porque "acha" que entendeu direito.
"Ele deve te respeitar muito para amaldiçoar a própria corte."
Considerando tudo que ela fez antes disso, eu esperava um pouco mais de hesitação em concluir coisas. Porque, ô 🤬 #$%!& , como tu é burra. A revelação mais bombástica do livro tá na cara desde o livro anterior. Eu acho que até mesmo o personagem que guardava aquele segredo estava se remoendo internamente pela falta de cérebro da Emilia.
Por outro lado, o que ela me frustra, o Ira me encanta. Ô desgraçado sarcástico maravilhoso! Como eu amo um personagem como ele, e como ele funciona bem na história. E com a Emilia.
A química entre eles é ótima; poderia ter sido melhor desenvolvido? Sim. Mas a Emilia é uma toupeira, volto a repetir, e não tem como o livro existir se ela não for burra. O que significa que o ship enrosca e anda a trancos e barrancos - mas abraça um pouco mais da atração física e do desejo crescente entre eles, o que rende cenas bem calientes.
"Diga-me..."
"O quê?"
"Eu sou o seu pecado favorito."
A partir desse volume, a série da Kerri Maniscalco passa a romance adulto (eu diria um NA, pelas descrições, mas né). Então sim, tem sexo, tem pintos de veludo (Sarah J. Maas manda lembranças) e tudo o mais.
O slow burn é muito bom. Funciona, porque tem aquela faísca de atração sexual e a vontade dos dois de estarem cometendo loucuras na cama, mas eles também se detestam e ficam se bicando como um casal de velhos. A Kerri Maniscalco sabe como segurar a tensão do casal até o melhor ponto possível, e funciona demais pra manter a nossa atenção sobre eles.
Kingdom of the Cursed é um livro vagaroso. Se você conseguir, assim como eu, desapegar e esperar apenas o desenvolvimento de um lixo, então vai gostar da trama. Ela tem uns momentos bons envolvendo os outros Perversos - gosto bastante quando o Inveja aparece porque ele é babaca, mas com um mistério interessante ao seu redor - e o próprio inferno.
Gostei bastante de como a autora criou a configuração do lugar, entre as Casas e os obstáculos terríveis que interceptam os caminhos. Alguns deles até são usados na trama, mas de maneira solta, o que acaba por contribuir para aquele vazio que eu expressei ali em cima. Quando a Emilia quer fazer alguma coisa, parece fácil demais; não parece o inferno.
Em resumo: Kingdom of the Cursed é um caos. Mas é um caos que me agradou. Eu consigo entender quem sofreu com esse livro (a Luiza do Balaio de Babados que o diga), porque ele é realmente arrastado e bagunçado. Se você aceitar que está lendo um lixo, pode acabar tendo um bom momento com ele.
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