hafronita 18/01/2024
Explorando a aurora literária de 'Luzes do Norte'
A história não apenas aborda a história de duas mulheres, com vidas distintas, que acabam por se apaixonar. Alguns recortes metafóricos não direcionam a uma trama que entrelaça o passado, o medo, a chance e a luta. O passado que nevava na mente de Dimitria que teve de lidar desde muito nova com diversas mortes, assim como matava para sobreviver. O medo persistente de perder o lado destemido, exigindo resiliência e sagacidade para encarar a desagradável culpa de se autoincriminar, Ditrimia participa de uma dança intrincada entre a sombra do receio e a luz da coragem. A chance de tornar-se a guardiã de um coração em chamas, envolto na suavidade de uma pele de pérola, assemelha-se a descobrir almas afins, como um fósforo aceso em um vasto palheiro; é a convicção nas razões do espírito apaixonado que transcende a mera realidade. A luta de saber que certas coisas são inevitáveis, pois, por mais que você tente trair o seu corpo fugindo da sagacidade da paixão, não tem como você trair o seu coração.
A raiva era a sua conhecida e boa amiga, que em momentos de fúria que repeliam pelas sombras da verdade, causavam um rubor vermelho-escuro na psique de Dimitria. Suas explosões com Aurora são como uma realidade fora do frio de Nurensalem, abrangendo toda verdade escondida fora da fantasia. Acredita-se que a raiva afasta, mas ela apenas traz mais combustão para uma intrínseca chave-manipular que chamamos de mente, que persiste, que luta e se rebate indo atrás daquilo que, algum dia, sim, causou um malefício na sua própria vida. Mas quem Dimitria, ali, queria enganar? Por mais humanoide fosse o sentimento de achar que na rebeldia e festança conseguiria enganar o coração, eu, você e todos, estavam enganados por uma pegadinha do coração. Aurora conseguia penetrar nas profundezas e cadeados do coração de Dimitria, como se sempre estivesse destinada a abrir seus cadeados e percorrer litros de um ser desconhecido, puxando palavra por palavra, sentimento por sentimento. A verdade é que Dimitria nunca chegara a pensar a respeito, nem sequer conseguia pronunciar tal palavra: amor. Sua cabeça sempre esteve longe, olhando para a densa floresta em sua cabana simples, mas a verdade nunca abandonou ela, a verdade sempre esteve nos emaranhados da sua vida ? mesmo que não gostasse da nomenclatura.
Não saber se deixar cuidar por ter crescido, em consciência e corpo-mente, sozinha, a tornou solitária. A convicção tracejada entre fantasia e vida real começa não muito longe. Por mais que Dimitria tenha se deixado por vencida aos encantos de Aurora, e Aurora tenha pegado o conselho de Dimitria sobre mandar no seu próprio coração, por muitos e muitos encontros, podemos tecer uma linha etérea na trama cotidiana: navegando entre desconcertos emocionais, imersos na vertigem do cotidiano,, sobrevivendo como remendos na colcha da existência, reconstruindo-nos diariamente para conquistar territórios que jamais iriam nos acolher se tudo não fosse forjado, se o modo exato de ser não fosse uma mentira. Entregando o controle do corpo e da mente a outros, enquanto nossa vida permanece sem comando próprio.
E que, mesmo com tantas dificuldades e aventuras que esse casal possa ter passado, desde que as Luzes do Norte começaram a surgir, é nítido como o desejo mútuo faz com que tudo continue junto, como sempre deveria ter sido. No final, com todo o seu coração, nada pode escapar de você.
? Eu não tenha mais ninguém.
? Você tem a mim. E eu te amo.