Resenhas - Terráqueos

dani 08/11/2021

Saudações, terráqueos!
Depois de ler "Querida konbini", mal podia esperar para ler "Terráqueos". Foi a leitura mais chocante que fiz esse ano e, ainda por cima, conseguiu me convencer que também não sou desse planeta.

Natsuki só tem onze anos, mas logo vemos que sua vida não é fácil. Além de ser maltratada pela mãe e pela irmã, passa por situações horríveis no contexto escolar. Por isso, a viagem anual para a casa dos avós nas montanhas em Akishina é seu momento preferido do ano. Lá, ela se encontra com o primo Yuu, a única pessoa que a entende e com quem divide segredos.

Como a protagonista de "Querida konbini", outro livro da Sayaka Murata, Natsuki também não consegue se encaixar socialmente, mesmo depois que cresce. Usando como comparação o processo de criação de bichos de seda, Natsuki acredita que o mundo é uma "Fábrica de fazer gente". As pessoas não passam de "ferramentas" que servem aos interesses da Fábrica através do trabalho e do casamento, sendo obrigadas a se reproduzir.

Tenho que avisar que o livro aborda tópicos sensíveis e relata situações bizarras e nojentas. Sayaka Murata consegue provocar a reflexão através do espanto. Até cheguei à conclusão que também não sou lá tão terráquea, já que a lavagem cerebral da "Fábrica" não funcionou em mim.

A porção final do livro toma rumos surpreendentes e bem difíceis de digerir. O questionamento que fica é: Até onde é preciso ir para escapar do absurdo que nos cerca?

Carolina165 27/09/2021

B r u t a l
"Até quando eu teria de sobreviver? Será que algum dia poderia apenas viver e não sobreviver?"

Motivos para ler (ou não) esse livro:

1. É pesado (com passagens que causam revolta, indignação e nojo).
2. É perturbabor: acontecimentos levados ao extremo chegando ao grotesco e bizarro.
3. Personagens com loucura causada por abusos de todo tipo, tanto da sociedade quanto da própria família.
4. Passagens "ridículas" que chegam a ser cômicas.

É um livro pra causar desconforto. Sofri muito pela Natsuki. Fiquei revoltada com tudo que fizeram com ela.

Apesar de estar esperando algo mais leve como "Querida Konbini" acabei gostando da leitura.

Recomendo que leia com a mente aberta e estômago forte, sabendo que vai encontrar por aqui muitos tabus e gatilhos.

anselmo.pessoal 25/04/2021

Crítica à sociedade contemporânea
Para quem leu Querida Konbini, da autora, um dos melhores que li nos últimos tempos, este não deveria ser uma surpresa. O tema de fundo é novamente a cobrança para atender às expectativas da sociedade e as consequências sofridas por quem não se encaixa. A principal diferença é que este é bem mais sombrio do que o anterior. Para entender esse aspecto sombrio conhecer um pouco da literatura japonesa atual, e consequentemente, da sociedade japonesa, ajuda. Nesse sentido recomendo fortemente os livros de Natsuo Kirino, particularmente Do Outro Lado, e Kanae Minato, particularmente Confissões. Longe de ser um expert, esses são alguns que li e gostei muito.

fabio.orlandini 21/08/2021

Impactado
Não sei o que dizer. Ainda estou impactado com o final do livro. Não é um livro para pessoas fracas. Nem pelo lado físico e muito menos psicológico. Mas, não posso dizer que seja um livro ruim, pelo contrário, mas impactante

Pandora 10/04/2021

Eu costumava achar mais fácil escrever sobre livros que eu não gostei do que livros que eu gostei, porque eu tinha tanta coisa pra reclamar que ficava um textão. Acabei de terminar este Terráqueos e estou poker face total.

Eu li Querida Konbini e gostei demais. Lendo a sinopse deste Terráqueos eu imaginei uma história ainda mais poderosa, crítica e envolvente que a anterior. E poderia ter sido! Os elementos estão todos aqui... mas na minha opinião, Sayaka Murata pesou a mão.

Quem me conhece sabe que gosto de histórias ousadas e instigantes, de personagens perturbados e desencaixados. Também não tenho problema com tabus. Este livro tem tudo isso, mas tem também umas coisas tão sem noção e ridículas que são risíveis. Fora as chatas. Eu não entendi onde a autora quis chegar. Talvez em Powapipinpobopia.

Se a intenção de Murata era a de deixar o leitor desconfortável, inclusive fisicamente, pronto, fiquei.

E é só. A quem quiser se aventurar, espero que tenha uma experiência melhor que a minha.

Jacky 08/05/2022

Paralelismo literário
A sensação que a autora me causa com essa obra me lembra muito a obra da Han Kang 'A vegetariana' e ao mesmo tempo 'A metamorfose' do Franz Kafka. Existe um incômodo evidente durante a leitura que causa certo desconforto ao leitor. Além das diversas críticas sociais induzidas na narrativa de cada um desses autores, a sequência temporal dentro de cada um dos romances se assemelha em certo ponto chegando até a criar certa semelhança quanto ao desfecho.

angelica.martin 12/08/2021

Que livro estranho...... Amei!!
Li esse em julho desse ano, em inglês e a escrita é tão fluida que no começo eu achei que seria um simples Young adult, com problemas coreanos de uma menina e conforme o tempo passava as coisas só vão ficando mais estranhas, chegando ao ponto de eu não acreditar no que estava lendo. Você acha que aconteceu de tudo lendo esse livro, mas sempre pode piorar, até a última página. Já aviso que podem existir gatilhos fortíssimos nesse livro. Não recomendo para pessoas psicologicamente fragilizadas ou suscetíveis

Lusia.Nicolino 08/05/2021

É preciso pegar na mão de Natsuki!
Comprar o livro na pré-venda pode ser um indício de que sou uma terráquea, de que sigo as regras da “fábrica”? Você precisará ler para entender e descobrir.
Eu ia feliz desfrutando a leitura, descobrindo a infância de Natsuki, seus segredos com seu primo Yuu, as birras de sua irmã Kise e levei um susto quando, na página cento e treze, me deparo com a personagem já adulta. Tive medo de perder o fio da meada nesse hiato de tempo, fiquei curiosa com tudo que tinha se passado nesse recorte. Mas não, ele é magistralmente preenchido. Ainda que a distopia não seja meu gênero favorito, Murata nos entrega a história aos poucos e, entre assombrosa e possível, o impossível vai se acomodando. Um jeito único de tirar o véu de tanta realidade para falar de temas tão atuais. A solidão, o abuso, a inquietação dos outros com nosso jeito de ser e de viver, de como dizemos sim para o socialmente aceitável quando isso é um grande não para nosso verdadeiro jeito de ser. É preciso pegar na mão de Natsuki, mas também saber largar em algum momento. Recomendo essa experiência!
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Quote: "Eu moro em uma fábrica de fazer pessoas. Minha cidade é uma grande sequência de ninhos humanos, um ao lado do outro... Dentro dos ninhos retangulares, dispostos organizadamente lado a lado, habitam pares de humanos machos e fêmeas com seus filhotes. Os pares acasalam e criam os filhotes dentro desses ninhos. Eu moro em um deles."


site: https://www.facebook.com/lunicolinole

sordeps 21/07/2022

comecei esse livro pois amei o outro da mesma autora, o famigerado ?querida konbini?, mas aqui a bizarrice ultrapassa um pouco os limites. contudo, entendo que sayaka quis nos mostrar até onde a gente precisa ir apenas para viver nossas vidas sem que as pessoas interfiram com suas opiniões e críticas pouco necessárias, além de mostrar como traumas na infância podem (e vão) afetar nossas vidas quando nos tornamos adultos. é um livro estranho, incomum, confuso, e de leitura MUITO desconfortável, mas no fundo ainda amo a cabeça maluca da sayaka por pensar tantas coisas mirabolantes.

TW: abuso físico e psicológico, family issues, pedofilia, canibalismo.

Nicole300 19/12/2022

Uma leitura bizarra porém realista
Eu achei esse livro muito bom,fiquei presa na leitura facilmente,terminei em pouco tempo e por mais que pareça ser um livro de doido tem muita metáfora (esse final tipo foi muito bizarro).

No livro acompanhamos uma menina de 11 anos chamada natsuki que não percebe o mundo como as outras pessoas a sua volta e acredita ser uma garota mágica. Ao decorrer da leitura é possível perceber que a família dela é abusiva, vemos uma sociedade mostrando tudo o que eles tem de ruim, o livro me deixou bem desconfortável (principalmente no final) e até em choque. Esse livro como eu coloquei lá no início tem bastante metáforas,acho que 90% do livro é metáforas pois no livro a protagonista cita as pessoas como "fábrica" que significa seguir as normas sociais,o que é aceitável moralmente,o que é esperado de uma mulher e etc.

Não recomendo essa leitura para todos os tipos de pessoa, porque tem cenas +18 como abuso sexual,violência, outros tipos de abusos e por aí vaí...

Mas o livro é muito bom mesmo,pretendo ler outros da autora.

Ana Be 08/10/2021

Qual o papel do ser humano nesse mundo?
Esse é um dos questionamentos que tive durante essa leitura. Que livro único, maravilhoso, com duras provocações.
Quão difícil foi esse final, que tristeza. O que a falta de compreensão e uma conversa franca e aberta não fazem.
Sayaka Murata está de parabéns. Quem diria que se passa tudo isso na cabeça de uma mulher de aparência tão meiga.

lore 22/08/2022

de 0 a 100 muito rápido
em um momento vc está lendo tipo ?ok, críticas sociais, muito bom? de repente vc ta ????? meudeus

muito bom, sério, não tem como colocar em palavras, mas é um livro forte e que causa certo mal estar (proposital) ao ler

marii torquato 20/08/2022

sayaka sempre arrasando
eu amo como ela cria cenários estranhos, inimagináveis e dentro deles cospe verdades e críticas sobre nossa realidade. ela questiona submissão feminina, a compulsividade humana pela reprodução e a necessidade de ser socialmente aceito. o livro é narrado por personagens de 0 filtro que dizem o que querem, fazem o que sentem e comem o que não devem. definitivamente mais profundo e desenvolvido do que querida kobini. recomendaria para aqueles de estomago forte e de mente aberta.

Ariadne 19/10/2022

A narrativa é apresentada do ponto de vista de Natsuki, que nos conta sobre a sua vida, desde a infância até a vida adulta.

Ela cresceu negligenciada e maltratada pela família, que constantemente lhe dizia que ela nada mais era do que um estorvo. Por isso, não é de surpreender que sua imaginação se apoie na crença de que ela é uma alienígena.

Ao se sentir desajustada e não pertencente a esse planeta, ela se refugia no papel de “intrusa”. Sob esse disfarce, Natsuki tenta compreender o funcionamento do mundo e as regras da vida, como casar e ter filhos. Junto com ela, refletimos sobre as expectativas que a sociedade impõe a cada pessoa.

Mas, ao contrário do que as minhas palavras até então possam fazer parecer, esse não é um livro cujos questionamentos são feitos de maneira simples, e nem tranquilas. É uma leitura crua e desconfortável, longe de nos fazer sentir o famoso “quentinho no coração” ao final.

A autora expõe as hipocrisias e contradições da sociedade em muitos momentos que nos levam ao choque e ao horror. Fora os comportamentos extremos dos protagonistas 👀

Olha, essa é uma das leituras mais surreais que já fiz! Fiquei a semana toda pensando em como descrever esse livro, mas ainda me encontro baqueada com ele.

É um livro fácil de ler, mas super difícil de por em palavras. E o final, gente, O FINAL! Terei pesadelos eternos com ele!

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