Dedê 08/06/2024
"Era alimento o que a criança queria? Ou o calor da mãe?"
Apesar de curta, essa obra nos impacta de forma profunda!
A mãe, que pariu uma criança aparentemente zumbi, a esconde de todos por medo dos julgamentos da vizinhança. A criança vive trancafiada, e a mãe só aparece para alimentá-la com animais inteiros roubados na calada da noite.
Acontece uma pandemia, e a mãe se vê impossibilitada de sair de casa para pegar animais para ela, e passa a alimentá-la com partes amputadas do seu próprio corpo. Assim que não resta mais nada, ela decide aquece-la com as suas próprias lágrimas, já que não tem o que ofertar. O calor do seu corpo com o dela faz o choro contínuo da criança cessar, pairando o questionamento "Era alimento o que a criança queria? Ou o calor da mãe?".
Confesso que fiquei totalmente reflexiva, pois a obra apresenta a realidade de uma criança negligenciada. Talvez ela não fosse zumbi, mas a sua aparência e modo de ser apenas fosse uma consequência da ausência de seus cuidadores e de afeto. Se ela tivesse os pais presentes e se sentisse amada, teria uma aparência saudável e seria uma criança regular e, não necessariamente, precisaria de animais inteiros para se alimentar. A sua mãe a transformou desnecessariamente em um monstro, sendo que o seu choro poderia ser justificado pela carência, e o seu cessar ao receber o animal fosse pelo fato de ter uma companhia viva para acalantar o seu coração, até o momento dela necessitar matá-la para comer, pois era a única forma de se manter viva.