morganarosana 31/01/2013Histórias que atravessam geraçõesComo já disse na minha resenha do primeiro volume de Coisas Frágeis, ele é um apanhado de contos, crônicas e poemas que ele publicou em diversas outras antologias e outros que são inéditos, ou reescritos. Tendo como inspiração sonhos, fotografias, memórias de infância e releituras de contos de fadas, Gaiman demonstra sua originalidade e versatilidade de um dos mais aclamados escritores britânicos da atualidade. Isto você sabe, está na contracapa do livro, o autor é aclamado pelo The New Times, entre outros.
Mas o que eu deixei de citar na resenha anterior, e que acho que foi um erro, é a história de como o livro ganhou o nome de: Fragile Things.
Gaiman faz uma detalhada introdução descrevendo partes do processo criativo de cada um de seus contos, e nesta introdução ele também comenta sobre o motivo da escolha do nome desta antologia. Inicialmente, o título seria esta frase que está escrita no antigo quadrinho dominical Little Nemo - o da imagem logo acima - Essas pessoas devem saber quem somos e contar que estivemos aqui. Entretanto, uma frase que lhe ocorreu em um sonho (Gaiman, o senhor dos sonhos) ficou martelando em sua cabeça e logo que ele se levantou, teve que anotá-la. Mais tarde ele descobriu que a frase pertencia a uma música, presente no CD As Smart As We Are, da banda One Ring Zero. A frase era a seguinte:
“I think…that I would rather recollect a life misspent on fragile things than spent avoiding moral debt.”
Em vários momentos de sua introdução o autor declara que histórias são como pequenas coisas muito frágeis, e que boas histórias, são as mais frágeis, mas são aquelas que perduram à pessoas, sociedades e até mesmo a continentes. Por diversas vezes ele salienta esta importância da passagem das histórias que são passadas por gerações e da importância disto, não somente para a perpetuação destas histórias, mas para formação de caráter e criatividade das gerações mais novas.
Um dos meus contos - na verdade, um poema - favoritos foi escrito, também, para uma de suas filhas: Maddy. Se ele dedicou o M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O conto O Pássaro do Sol - presente no volume 1 - a sua filha mais velha Holly, a mais nova deve sentir-se mais do que lisonjeada do poema Cachinhos ter sido dedicado a ela. E no momento, eu sinto uma invejinha por elas serem filhas de quem são.
O poema, inspirado na história de Robert Southey, sobre Cachinhos Dourados e os Três Ursos,que na verdade, falava sobre uma velha. Mas como as pessoas achavam que uma velha não seria interessante para atrair a atenção das crianças, ela virou uma garotinha. Gaiman mistura as duas versões, assim como mistura a identificação da filha e a sua própria identificação, tanto quando criança quanto agora como adulto e pai. É um questionamento e uma reflexão sobre estas duas fases da vida, e como através destas histórias de contos de fadas estas fases se comunicam.
Eu poderia discorrer sobre cada um dos contos aqui. Mas este volume tem um pouco mais de histórias que o anterior, e é também um pouco mais dark que o outro. Acho que fica meio difícil pra mim escolher qual deles eu mais me identifiquei ou qual conto eu gostei mais. O mais importante é dizer que o autor continua eclético e nos surpreendendo a cada conto com sua multiplicidade de estilo.
a resenha original pode ser encontrada em: www.estranhomundinhoinsano.blogspot.com