Vanessa.Benko 26/12/2023
E ninguém precisa saber. O tempo dirá. O tempo não cumpre ordens, ele flui majestoso e incessante
Em um Japão distópico, Ogawa nos apresenta uma trama peculiar, onde a memória se torna um bem escasso e, curiosamente, policiado. No entanto, apesar de minha afinidade com o gênero distópico, a narrativa deixou a desejar em alguns aspectos.
O ponto central que mais me incomodou foi a falta de exploração detalhada sobre os motivos por trás dos esquecimentos. Em uma distopia, esperava uma base científica mais sólida ou, pelo menos, uma explicação mais aprofundada para a peculiaridade desse universo. Tudo pareceu um tanto superficial, o que prejudicou minha imersão na trama.
Além disso, a decisão da autora de incorporar um romance dentro da história me pareceu forçada e surreal. As duas tramas paralelas, ao invés de se complementarem, pareciam lutar por atenção, criando uma conexão que, para mim, soou mais como um artifício narrativo do que uma escolha coesa.
No entanto, é inegável que a autora tem o poder de criar uma atmosfera única. A calma com que tudo se desenrola é, de certa forma, intrigante. A sensação angustiante do vazio causado pelo esquecimento é habilmente transmitida, permitindo que o leitor desenvolva uma empatia real pelos personagens.
Um aspecto crucial a se considerar é a diferença nos padrões de comportamento cultural no Japão, algo que permeia toda a obra. É necessário estar atento a essas nuances para uma leitura mais rica e compreensiva, pois o modo como os personagens reagem e interagem reflete valores e normas que podem ser diferentes daquelas com as quais estamos acostumados.