Bruna Jéssika 16/07/2023Você tem um minuto para ouvir a palavra de Raluca?Conheço a escrita potente de Rosa Montero desde "A ridícula ideia de nunca mais te ver". Fiquei obsecada. É sem dúvidas uma das coisas mais incríveis que já li, mas essa não é uma resenha sobre essa obra. A questão é que na primeira obra que tive acesso de Rosa, ela nos apresenta um paralelo entre a realidade de duas mulheres que perderam seus amores (sendo a própria Rosa uma delas). Fiquei com medo de ir ler uma ficção da autora e não me sentir transpassada pela sua escrita. "A boa sorte" ficou quase um ano guardado na prateleira. Eu não tinha coragem. "E se eu estragar essa escritora?"
Aí chegou a minha vez de indicar algo no meu clube do livro. Achei que sozinha eu poderia não dar conta de uma possível decepção, mas junto dos meus eu daria.
Mas acabo de ler em frenesi. De novo Rosa me arrebata.
Ao escrever ficção, Rosa adorna com a realidade, magnetizando as páginas e tornando quase impossível pausar a leitura.
Em "A boa sorte" nós conhecemos Pablo, alguém que por impulso e instinto salta em uma estação de trem qualquer, em uma cidade esquecida pelo mundo.
O que faz um homem largar toda uma vida e se esconder em um lugar como esse?
Nesse lugar ele encontra Raluca, a vizinha do andar de baixo. E Raluca é uma das criaturas mais peculiares que já li/conheci na vida. Alguém que acredita na sorte de estar viva em meio a um mar de desventuras.
É o tipo de pessoa que eu precisava conhecer.
Além de personagens gostosos de conhecer, temos uma alternância na narrativa. Temos acesso a várias perspectivas, o que particularmente me prendeu ainda mais.
Enfim, obrigada pelos mimos, querida Rosa.