Flor de Gume

Flor de Gume Monique Malcher




Resenhas - Flor de Gume


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Barbara.Luiza 24/06/2021

A narradora desses contos é a mão que nos embarca no primeiro passeio de barco, que nos ajuda a vestir as primeiras sandálias.

Mas cresce também, na raiva silenciosa das mulheres violentadas, na cadência do rio que traz todo o tempo a memória do abuso.

Não há conciliação bem comportada e silenciosa, a flor de gume emerge da água e da lama para arrancar fora o que sobra.

Todo o feminino floresce, em meio a umidez ancestral no coração da Amazônia.

Flor de gume pode ser um livro de contos, romance e poesia. Prefere ser tudo, nos leva consigo até o momento final, a maldição feminina sobre seus agressores. Nos planta o sorriso de bruxa no rosto, pra dormirmos tranquilas.

Monique é escritora e colagista, suas colagens marcam as fases da vida de uma mulher. Não é generalismo, mas uma poesia que nos serve a todas.
Inocêncio 24/02/2022minha estante
Que comentário lindo! Me instigou.


Barbara.Luiza 25/02/2022minha estante
Obrigada, foi a resenha que eu postei no instagram! Tava tentando trazer pra cá pra valorizar mesmo, vale muito ler!


Dennisy 09/02/2023minha estante
Também fiquei empolgada. O ponto que me trouxe foi o post da autora no Twitter, sobre uma carta recebida do presídio.




Leila de Carvalho e Gonçalves 24/01/2022

A Violência Contra A Mulher
Em cerimônia virtual realizada em 25/11/2021, Flor de Gume foi anunciado o livro de contos vencedor do Sexagésimo Terceiro Prêmio Jabuti, trazendo para o centro das atenções o nome da estreante Monique Malcher, uma paraense de apenas 32 anos.

Abordando a violência contra a mulher, o livro tangencia assuntos delicados e até polêmicos, como o abuso sexual e a alienação parental. O resultado são 37 contos construídos a partir de histórias de mulheres próximas a autora, inclusive familiares, como também informações colhidas durante uma pesquisa acadêmica, realizada para seu mestrado em Antropologia.

Em prosa poética, o livro prima pelas singularidades e dois exemplos são o gênero híbrido e uma protagonista que marca presença nos contos. Divididos em três partes, eles acompanham o amadurecimento de Sílvia e possuem ?tons diferentes, conforme a personagem vai crescendo e as situações de violência vão acontecendo, mudando o falar, a narração e a percepção sobre outros personagens?. Logo, cada narrativa funciona tanto em conjunto como em separado e não é raro Flor de Gume ser considerado um romance para alguns dos leitores.

Quanto ao título, ele foi escolhido após a conclusão do livro e reporta a tenacidade das personagens femininas no enfrentamento da falta de equidade nas relações de gênero. Uma assimetria que, a despeito do cunho regional que espelha as raízes de Malcher, reveste-se de importância pela abrangência e universalidade dos temas.

Entretanto, Flor de Gume não teve um percurso fácil até chegar ao leitor. Desconhecida no meio literário, Malcher acompanhou o livro ser recusado, ou melhor, praticamente ignorado por mais de duas dezenas de editoras e, quando a única saída parecia ser um financiamento coletivo, uma cópia chegou às mãos da escritora cearense Jarid Arraes que, encantada, decidiu encaminhá-la para a Pólen Livros, atual Editora Jandaíra, e arcar com os custos de publicação.

Um apoio suficiente para fazer Flor de Gume virar o jogo e tornar-se referência quando o assunto é a superação feminina na ficção. A bem da verdade, ?Malcher escreve sobre o crescimento de mulheres resistentes. Desenha linhas de vidas que, sabemos, muitas vezes quase foram interrompidas; mas abre suas mãos e nos mostra uma transformação: a flor corajosa que se defende, reage, ataca. Esta é a imagem poderosa que tinge de verde o corpo de cada leitor: a lâmina dentro da beleza e a beleza possível porque também lacera.? (Jarid Arraes, Prefácio).

?É angustiante querer falar quando a ferida na língua ainda está crescendo. Sinto que as palavras que preciso colocar em algum lugar são tão ácidas, que impedem o próprio ato de falar. Pensei que falava demais, que fosse comunicativa o suficiente para escrever. Era uma criança normal, feliz, afinal, criança que fala é porque está bem, muito bem. E fingia acreditar nessa estabilidade, mas sabia que em algumas moléculas já se escondiam pequenas dores que iam construindo um buraco profundo em que as palavras tentavam dar conta, mas as que ficavam na superfície, as que transbordavam, não eram ainda as que poderiam me curar ou contar a minha história.
Que bobagem, querer falar sobre mim mesma, tão desimportante, enquanto comia compulsivamente escondida, sabia do meu crachá de senhorita nada. Ainda hoje, quando falo que estou bem em uma conversa qualquer com a minha mãe, me pergunto quem bate à minha porta, a menina mentirosa consigo mesma ou a que guarda a esperança de não estar o tempo todo assombrada? Não é exclusividade das casas serem assombradas, mulheres são também. Isso conheço bem.? (Camadas Das Memórias Em Lágrimas, Página 53)
Jay 28/05/2022minha estante
Resenha perfeita!




Toni 06/09/2021

Leitura 54 de 2021

Flor de gume [2020]
Monique Malcher (Santarém, PA)
Jandaíra, 2020, 152 p.

“Flor de gume” chegou em minhas mãos primeiro pelas palavras de recomendação da poetamiga Eliza Araújo ( @essaraujo ) e, pouco tempo depois, como presente da própria autora, a paraense Monique Malcher. Assim que terminei a leitura, uma estrofe da Micheliny Verunschk me veio à lembrança e já a cito: “numa guerra / um poema / é só palavra / chão amor / amada casa / mãe beijo / bússola mapa / numa guerra / um poema / é só palavra / e isso basta.” Difícil de classificar dentro das caixinhas de gêneros literários, “Flor de Gume” é literatura-arma, prosa de pé na porta, romance de auto-resgate, contos de acerto de contas, aforismos de afogamento, poesia de reflorestamento e respiro: ressurreição.

A narrativa se molda como o leito dos rios para deixar fluir correntes de histórias de mulheres vítimas das mais diferentes formas de abuso, presas e tantas vezes mortas em seus sonhos, desejos, prazeres e potenciais. Com um ritmo episódico, construído através de parágrafos que são como mergulhos e respiros, Malcher amola o fio de corte de sua prosa quase mística até o golpe fatal no medo, este que sangra libertação enquanto agoniza: “Não é monstro, que seja feita justiça, é homem comum, que espanca, estupra, mata e diz que ama. Monstras somos nós, extraordinárias, visto que a monstruosidade é corpo diferente em movimento, feito de solidão. A monstra é linda e canta uma canção. A letra é dela dessa vez”.

“Um poema é uma arma inútil” dizem os versos de Micheliny Verunschk. Mas não devemos confundir inutilidade com impotência. Porque a literatura, essa força estranha, é uma arma inútil que basta. Com ela, dilaceram-se fantasmas, restauram-se dignidades ofendidas, curam-se ou enterram-se memórias, ou ainda, nas palavras da autora, abandonam-se pragas. Purgar o corpo do texto, o corpo da escrita e o corpo sempre infinito da leitura daquilo que impede amor e crescimento também é um gesto inconfundivelmente literário. E foi com esse gesto que Monique Malcher cultivou esta flor em minhas mãos. Recomendo demais.

#moniquemalcher #flordegume #literaturaparaense #literaturacontemporânea
Débora 06/09/2021minha estante
Quanta paixão em uma resenha! Amei!?




Luciana989 23/02/2022

Resenha | Flor de Gume - Ganhador do Prêmio Jabuti na categoria Contos (2021)
Flor de Gume (2020) provocou o encontro do meu rio com o de Monique Malcher, autora do livro. Nessa confluência de águas transbordei em raiva, dor, solidão, desamor, saudade e esperança, sentimentos familiares a muitas de nós, escancarados pela sensibilidade visceral desses 37 contos.

Flutuamos pela sempre tão poética prosa de Monique que, mais que estabelecer um diálogo íntimo, gera uma forte identificação.

O livro desperta sentimentos difíceis de admitir, memórias lacerantes, nosso monstro interior. Particular a mim, certas passagens me tocaram por serem tão próximas e também me foram um acalento. Esta é uma flor que corta e que também cura.

Dividido em três partes, o livro disseca o amadurecer desta flor que surge sôfrega, cresce na inadequação e floresce em sua própria potência.

Flor de Gume é título paraense, com raízes no Norte, mas é também universal. Obra contemporânea que precisa ser lida e sentida.

site: https://www.instagram.com/p/CQbwcWODQeR/
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Yago 09/12/2022

hm kkk bjs
Eu fiquei de cara que esse livro venceu o Jabuti.
Uma das piores leituras do ano.
Um nada com nada. Palavras soltas. Um tom melodramático com palavras de efeito num grande remendo de vazio.
Não faz sentido. Não tem sentido.
Ana Eduarda 09/12/2022minha estante
feliz por fazer parte disso migo


Remillie 09/12/2022minha estante
PÂNICO




Leo1310 02/06/2022

Um livro excelente de primeira qualidade
Comecei a ler esse livro pq a autora dele vai vim na minha escola e é fantástico, as prosas da autora e as história dos poemas dela são incríveis.

Apesar de não ser o meu tipo de livro favorito, por abordar vários temas sem uma linearidade específica, eu mergulhei no livro, é uma obra atual q retrata vários temas vividos por várias (talvez todas) mulheres.

Recomendo muito
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@eu_rafaprado 22/01/2024

Bela Flor !
Deixe ela, que ela é vencedora do Prêmio Jabuti! @moniquemalcher!


Nascida no Pará e residente em SP, Monique é escritora, jornalista, antropóloga e artista plástica.

?Flor de Gume? é um livro com 37 contos que ambientam não apenas o Pará, mas também nos apresentam a vida de três gerações de mulheres fortes.

Monique utiliza a caneta como um bisturi, cortando-nos para depois costurar.

Eu não costumo ler livros de contos de uma vez só; gosto de saborear um conto entre a leitura de algum romance, especialmente se forem densos. Por isso, ?Flor de Gume? é para mim um livro de cabeceira. Apesar de já ter lido tudo, ainda quero abri-lo de vez em quando para revisitar.

Leia autoras brasileiras, prestigie nossos talentos. O Brasil possui uma cultura e uma literatura maravilhosas!
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Elyene 17/11/2022

Uma beleza monstruosa
Demorei a ler, dando o devido tempo para cada partezinha sentar. Uma leitura crua, sensível, agressiva (trazendo os melhores sentidos da palavra também). Apesar de conhecer os regionalismos, os locais, a cultura ajude a compreender as camadas apresentadas, no cerne de tudo estão temáticas que podem conversar com todos, especialmente mulheres. Exige da gente chegar até o fim, parece um livro gigante de tão potente. Carrega uma beleza monstruosa.
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Janaina 28/01/2021

Uma pequena potência
Um livro curtinho, mas que tive que ler pausadamente, para conseguir absorver toda a dor e lirismo contidos ali.
Monique.Malcher 19/02/2021minha estante
Obrigada querida ??




Mariana 23/02/2023

Uma escrita maravilhosa! amei a construção das frases, dos contos...um soco no estômago quase todos. e amei tbm ler sobre o meu lugar (Pará) por alguém que sabe muito como escrever sobre ??
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Rebeca.lousz 29/07/2022

Uma millennial perdida com uma caneta na mão
Escolhi ler este livro porque tenho grande apreço ao prêmio Jabuti de literatura. Confio no selo deles de qualidade e caio de peito aberto em todos os livros que decido ler por esse motivo. E pela primeira vez terminei uma dessas leituras descontente.

Flor de Gume era pra ser um livro de contos. Digo ?era? porque não é. Um conto é ?uma narrativa breve e concisa, contendo um só conflito, uma única ação, unidade de tempo, e número restrito de personagens?. O livro de Malcher parece não atender a nenhum desses critérios. E não me entendam mal, eu não me importo quando alguém é disruptivo diante de uma regra, mas sinto que aqui passamos longe, mas bem longe mesmo. Não é nem uma coisa e nem outra.

O livro chega muito mais perto de reflexões escritas, sobretudo sobre a mesma pessoa. Os ditos ?contos? são repetitivos, não apresentam nada de novo, as vezes vemos a mesma frase repetida várias vezes. Parece que é a mesma personagem escrevendo sobre ela ao longo da vida. E seria mto legal se no final todas essas passagens se reunissem e formassem essa pessoa que está por trás. Mas não é o que acontece. Ta tudo solto. Largado.

A escrita é fraca. Nada de muito bom acontecendo, apesar do potencial, sinto que falta muita maturidade da autora. As reflexões expostas tentam aparecer como uma lacração mas não me atingem em nada. Não queria chegar nessa conclusão, mas a verdade é que parece uma milennial com sofrimentos válidos mas ideias rasas. Sem reflexão, sem profundidade. Além, é claro, de um auto flagelo e uma auto penitencia que me irritam do começo ao fim. Da vontade de falar: reage mulher.

Uma Rebeca com 14 anos, iniciante no feminismo e na descoberta sobre o que é ser mulher, talvez teria tirado alguma coisa daqui. Mas não é um livro adolescente, é um livro pra adultos, tenho 23 anos e parece que to lendo algo que não foi escrito pra mim, ainda que eu seja o público alvo. Ser mulher vai muito além da militância, e ter uma literatura como essa me representando me deixa desgostosa.
Yago 09/12/2022minha estante
Sim.




Ma 25/03/2021

Por vezes sou a faca
Não é a toa que Monique Malcher tem tido boas avaliações da crítica literária. Flor de Gume é um livro que te carrega pras águas misteriosas do Pará, ora te emociona, ora te enfurece, ora te dá aquela sensação de quem pega na sua mão e diz: "vamos juntas?". É arrebatador e acreditem esta palavra não dá conta de descrevê-lo.
Monique.Malcher 25/03/2021minha estante
Que querida, grata demais! ????




Bruna 23/07/2022

Forte e absurdamente bem escrito
Eu fiquei impactada com o modo como as palavras fluem bem nos textos ainda que tratando de assuntos muitas vezes pesados e sofridos.
Achei interessante o modo como ela retrata de forma sutil a importância do Rio pra quem mora na região do Pará.

Amei a escrita, os textos fluem muito bem tornando a leitura muito dinâmica
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Aline Teodosio @leituras.da.aline 01/03/2021

Encontrei a Monique Malcher enquanto procurava alguma autora do Norte do Brasil para compor o desafio #leiamulheres2021. Antes de tudo, quero dizer que me encantei com o projeto gráfico do livro, achei lindíssimo, passa delicadeza, mas também passa força. E é exatamente isso que podemos encontrar nessas poucas páginas.

 

Sim, o livro é curto, mas nem por isso consegui terminá-lo rapidamente. Precisei de tempo para tomar fôlego, para me recompor. Aqui temos pequenos contos com uma prosa poética, que se assemelham a pensamentos do eu feminino. São vozes de mulheres que já passaram por diversas situações, das mais sofridas às alegrias mais bobas. Por vezes fiquei a pensar se alguns desses contos seriam autobiográficos. Talvez sejam, entretanto, alguns deles falaram diretamente com a minha alma. Alma esta que em algum momento da vida sofreu de alguma forma e carrega o peso de ser mulher. Alma com cicatrizes profundas.

 

Sim, é um livro que fala contigo numa linguagem informal, mas penetrante. Sim, é um livro que toca nas tuas feridas, feridas de mulher que desde que nasceu não para de lutar. É um livro que nos faz refletir sobre a cultura que impera no nosso país, sobre como queríamos que muitas coisas fossem diferentes, mas é sobretudo um livro que nos faz pensar sobre resiliência. Sim, ir em frente apesar de.

 

Que toda mulher que um dia sofreu algum tipo de violência, sinta-se abraçada. Que um dia, nós mulheres, possamos viver em um mundo sem ameaças e sem medos. Que sejamos livres para sermos, simplesmente, mulheres.
Monique.Malcher 09/03/2021minha estante
Obrigada querida, agora que vi sua resenha por aqui ??????


Aline Teodosio @leituras.da.aline 09/03/2021minha estante
Por nada!!! ?




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