akame7 05/04/2022
"Mas porque as coisas mudam. E os amigos partem. E a vida não para para ninguém."
O que dizer deste livro? Sinceramente acho que não sou capaz de expressar tudo o que penso nessas linhas, mas tentarei resumir.
Charlie viveu a maior parte de sua vida como um espectador, e não como um participante ativo. Esse dilema nos faz repensar a maneira em que vivemos e o quanto participamos ou não da nossa própria vida. Será que somos apenas observadores da vida dos outros?
Por não participar, ele viveu lado a lado com a solidão e fez dela sua melhor amiga, a ponto de não saber como era se sentir de fato vivo, descrevendo essa sensação como "se sentir infinito". Acho que guardarei essa frase para sempre, pois em poucas vezes na minha vida me senti infinita. Creio que não há como descrever essa emoção.
Ao ir mudando seu modo de viver, Charlie começa a perceber diversas coisas em si e nos outros. Começa a se sentir parte de algo, parte do mundo. As lições que aprende com Sam ao manter seus velhos hábitos, de não fazer o que tem vontade por colocar os outros sempre à sua frente, me fizeram pensar nas diversas vezes em que fiz isso comigo para tentar manter as pessoas por perto, e o quanto me destruí por negar mim mesma.
Durante todo esse processo de autodescoberta de si mesmo como um agente da vida, Charlie enfrenta seus transtornos mentais e o seu sentimento de culpa pela morte da tia. Sempre foi visto como anormal por boa parte das pessoas à sua volta pelo seu aspecto mais sensível, observador e emotivo. Mas no fim, ele vê que não há problema em ser assim, o problema é deixar que essa seja a sua única faceta. Ao fim de todo esse processo, ele se sente confiante o bastante de ser quem é e está disposto a iniciar novos ciclos. A partida dos amigos para a faculdade o deixa inicialmente triste, mas abre suas fronteiras para novas descobertas. Aumentando nele a vontade de "participar".
Enfim, uma história tão sensível e tocante, que traz diversas reflexões para pessoas que se mantiveram invisíveis das próprias vidas por muito tempo. É um retrato do processo de autodescoberta e consciência de si e dos outros. Indico para todos os que olham a vida em seu aspecto mais profundo, assim como Charlie e eu.