Daniel432 25/02/2024
Lucrando, Ainda Mais, com Vidas
O segundo volume abrange um período de cerca de 115 anos, começando com a descoberta de ouro e finalizando em 1808 com a chegada da corte portuguesa no Rio de Janeiro, fugindo da invasão napoleônica.
No volume anterior Laurentino Gomes dividiu as atenções entre a África e o Brasil, agora sua narrativa está mais voltada para o Brasil, mas o Brasil já não é o mesmo: o ciclo do açúcar deu lugar ao ciclo do ouro e diamantes e a cafeicultura, deslocando tudo, inclusive a força de trabalho, de Pernambuco e Alagoas para Minas Gerais, Rio de Janeiro e interior de São Paulo.
Para os escravizados as mudanças são poucas e graduais. Muda o senhor, muda o trabalho, mas os maus tratos não mudam. Os castigos, agora, são aplicados pelo Estado.
O autor volta à África e rememora alguns assuntos tratados no primeiro volume, tornando um pouco cansativa a leitura, mas entendo que esse sentimento se deve ao fato de que estou lendo a trilogia em sequência. Temos que considerar que houve um intervalo de cerca de dois anos entre os dois volumes iniciais.
O autor também volta à Europa, mas Portugal não é mais o centro. O debate abolicionista envolve a Inglaterra e, nos Estados Unidos, é a causa de uma guerra civil entre o sul escravista e o norte abolicionista.
O Brasil resiste. Algumas leis são criadas somente “para inglês ver”, mas os ventos sinalizam mudanças e Chica da Silva é a figura escolhida pelo autor como exemplo. Ex-escravizada, Chica da Silva tornou-se rica e poderosa (e dona de escravizados) ao casar-se com a pessoa mais importante desse período colonial, o contratador de diamantes.
Vamos ao terceiro volume!!