Detalhe menor

Detalhe menor Adania Shibli




Resenhas - Detalhe menor


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Toni 18/04/2024

Leituras de 2023

Detalhe menor [2016]
Adania Shibli (Palestina, 1974-)
Todavia, 2021, 112 p.
Trad. Safa Jubran

Após a Feira de Frankfurt ter tomado a vergonhosa decisão de cancelar a homenagem deste ano à autora palestina Adania Shibli, a leitura de “Detalhe menor” tornou-se premente: fazê-lo circular e dar-lhe notoriedade efetivamente não é muito, mas é o que temos à mão. Parafraseando Italo Calvino, falar de literatura pode parecer pouco frente à desordem do mundo, mas para quem fala e quem de fato ouve trata-se de uma conversa imprescindível.

Detalhe menor é um romance breve dividido em 2 partes: a 1ª delas focada na ação de um destacamento de soldados israelenses que assassina um grupo de beduínos em 1949, um ano após o Nakba (limpeza étnica que expulsou cerca de 711 mil palestinos de suas terras). Daquele ataque, apenas uma menina sobrevive, mas após ser feita prisioneira, é sistematicamente abusada pelos soldados e morta alguns dias depois. A 2ª parte do romance, situada no tempo presente, acompanha uma mulher palestina em busca da história da jovem assassinada. Movida pela coincidência daquela morte ter ocorrido na data em que viria a nascer 25 anos depois, a narradora passa a enxergá-la como um “detalhe menor” na imensa e imperdoável história do genocídio palestino — “o único caminho para se chegar à verdade, quando não a única prova conclusiva da sua existência”.

Fazendo uso de um estilo realista e prolixo, no qual cada detalhe é exposto mesmo quando gestos e objetos se repetem, Shibli constrói com isso uma narrativa que acumula as tensões de um conflito quase centenário, gerando uma prosa opressiva e sufocante que se move em câmera lenta rumo a seu desfecho inevitável. Longe de se prestar ao enfado de leitores facilmente enfadáveis, o detalhe dá tangibilidade à irrelevância e arbitrariedade dos gestos que definem destinos. Através dele, e da hipnótica condução da autora por territórios e paisagens de aldeias palestinas varridas da face da terra, pelos muros e filas de árabes em pontos de controle militar, pelos sons de bombardeios em Gaza, “Detalhe menor” transforma o “significativamente insignificante” em toda sua história.
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Bárbara 03/04/2024

Gente?
O livro não prometeu Nada, mas entregou Tudo. Achei a escrita um tanto parada, mas ainda sim vc consegue ler mto bem.
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MichelleSN 25/03/2024

Triste retrato da vida
O quão "ficcional" essa obra é?
Se olharmos as notícias atuais perceberemos que nada mudou...

O terror que os civis sofrem nas guerras é algo indescritível, e somos obrigados a ver tudo isso televisionado e ninguém fazendo nada?
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Nah Marsh 24/03/2024

Que agonia
Eixo Palestina-Israel é algo que me íntegra muito, ler uma história com o ponto de vista de uma escritora Palestina foi uma experiência singular, esse livro é fantástica. Cada frase, cada ação tem um significado e uma relevância a história. Que é triste, forte e difícil. Não é um livro fácil, embora tenha poucas páginas é um livro denso que vale ler em vários dias.
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Isabela.Norberto 11/03/2024

Leitura importante
O livro se divide em 2 partes, uma retratando o início da ocupação na Palestina e uma que se passa nos tempos atuais. Infelizmente é triste ver como a violência e impotência diante de algo pode mudar o destino da vida das pessoas. Foi uma leitura que trouxe muita dor.
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João 06/03/2024

Gostei bastante como os livros representam opressões diferentes (na primeira parte uma militar e na outra uma cultural/social), e também estilos de escrita diferentes (a primeira parte bastante pausada e a segunda parte corrida)
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yoshii 21/02/2024

Retrato do genocídio do povo palestino
A primeira parte do livro acompanha um integrante do exército israelense, que acaba encontrando uma jovem palestina e a leva para o acampamento. Não vou entrar em detalhes, mas você já imagina o que acontece em seguida.
Na segunda parte, anos depois, uma jornalista vai atrás do que aconteceu com a jovem palestina do começo do livro.
Vemos que a ocupação israelense nunca cessou e o genocídio continua como um projeto até hoje.
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Faluz 21/02/2024

Detalhe menor. - Adania Shibli -
Detalhe menor, livro que nesses dias tão intensos de discussão sobre a posição de Israel contra os palestinos da Faixa de Gaza nos coloca diante de duas narrativas sobre aspectos díspares. A primeira é de Um israelense em 1949, militar encarregado de manter as fronteiras com o Egito "limpa" de palestinos. A segunda da experiência de uma palestina nos dias atuais que procura dados sobre o incidente daquela época com a morte de uma menina.
Como se repetem as mesmas ameaças e os mesmos confrontos sem possibilidade de acordo.
A narrativa vai transcorrendo num texto curto mas que vai apresentando uma escalada de medo que se resolve abruptamente.
Avassaladoramente triste.
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tamachunas 21/02/2024

Quem tem direito ao detalhe?
Em Detalhe menor, há duas histórias que se sobrepõem: a primeira, uma tragédia ocorrida em 1949 em que uma garota beduína foi estuprada e assassinada por soldados israelenses no deserto do Neguev, e a segunda, uma tentativa de resgate por parte de uma garota palestina, nascida 25 anos depois, no mesmo dia e mês em que a primeira fora assassinada - ela encontra essa história em uma notícia no jornal, contada de forma breve, é um detalhe. Qual seria o sentido de dar tanta atenção a essa nota de rodapé, sendo que o sofrimento e a devastação por parte de Israel desde então só cresceu, por que focar em um acontecimento que a essa altura do campeonato se tornou banal e mal desperta algum sentimento? A pergunta certa seria por que não fazer isso? Em meio a toda essa violência, o detalhe se torna um privilégio gigantesco. Mas nem mesmo os mortos estão a salvo enquanto o inimigo continuar a vencer, a gente não deve esquecer, é necessário que o cão continue latindo e perturbando o silêncio, que alguém de fato veja e aponte a mosca que voa sobre o quadro. É isso que Adania Shibli faz aqui, em meio a ruptura, ela resgata o detalhe.
A obra tem uma estrutura perspicaz também, a primeira parte conta com curtos parágrafos e espaço entre alguns deles, é bastante fragmentada, ao passo que a segunda tenta colar esses fragmentos em uma escrita contínua, sem divisões, os limites estão borrados.
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13/02/2024

Profundamente envolvente na descrição das cenas, detalhista sem cansar a leitura.
Primeira leitura dessa autora, contexto social e político permeando toda a história, mensagens explícitas e subliminares.
Precisei assimilar o final, tomar um ar, reler e respirar profundamente.
Estava totalmente submersa na busca da personagem ?
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Marta Skoober 29/01/2024

Eu li DETALHE MENOR, de Adania Shibli, depois de ler os DEZ MITOS SOBRE ISRAEL, de Ilan Pappé. O que foi certamente um diferencial em minha leitura.

Fazia muito tempo, mas muito tempo mesmo, desde que eu tivera uma leitura realmente instigante, fluída, principalmente em matéria de livro de ficção. Sim porque DETALHE MENOR é uma história de ficção (será?).

O livro curtíssimo, mas pra mim muito intenso e tenso, tem apenas dois capítulos. No primeiro deles temos a história pela perspectiva do colonizador e no segundo pelo colonizado.

Há aqui pontos que considero marcantes nenhum dos personagens têm nome, o que pra mim indica que o importante são seus papéis. No primeiro um soldado, um homem, no segundo uma mulher; no primeiro a coragem, no segundo o medo....

Chamou a minha atenção similaridades com a história de um certo país também colonizado.

20.01.2024
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Dani 27/01/2024

Espelhamento entre o passado e o presente
A outora joga um foco sobre os esquecidos, enfrentando o apagamento histórico e sistemático de uma população subjugada. Desconfiemos sempre da história oficial, aquela escrita pelos supostos vencedores: ela não nos fornece os detalhes que podem dar a real dimensão dos acontecimentos.

Detalhe Menor é dividido em duas partes, onde acompanhamos uma dupla de personagens. Eles são separados pelo tempo e por barreiras ? históricas, políticas, culturais, religiosas ? intransponíveis, que marcam a existência de dois povos. Um militar israelense em 1949 e uma mulher palestina nos dias atuais se conectam a um trágico evento no verão escaldante no deserto de Neguev.

Adania Shibli reconstrói um acontecimento real e atroz. Ou seja, captura e os abusos contra uma jovem árabe por uma tropa israelense no final da década de 40. Os soldados tinham duas missões básicas no deserto de Neguev. Uma delas é guardar a fronteira sul de Israel com o Egito, evitando a entrada de infiltrados. A otura é limpá-la da presença de seus remanescentes árabes. Acompanhamos o desenrolar deste incidente na companhia do comandante do destacamento. 

Muitas décadas depois, chegamos na Palestina nos dias de hoje. Sendo assim, seguimos os medos e incertezas de uma mulher que decide descobrir os detalhes acerca da violência contra a garota pelos militares de Israel. Shibli descreve de forma minuciosa tanto a rotina militar do seu primeiro personagem, quanto às dificuldades impostas à mulher palestina no segundo momento do livro. Não só em sua investigação, mas no cotidiano numa terra em conflito.

A autora narra dois períodos, o ontem e o hoje, e os efeitos devastadores do passado sobre o presente. A dicotomia entre o bem e o mal: a visão do outro, do diferente, como inimigo. O sofrimento da coexistência e a banalidade da violência.

Mostrando como os acontecimentos que se repetem através da história e da História, no caráter cíclico da segunda: a repetição dos erros e das tragédias.
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Ana 25/01/2024

Leitura obrigatória
Incrível como uma narrativa tão simples ? e não falo de forma pejorativa ? consegue ser tão impactante. Acho que foi o melhor uso de mais de uma perspectiva que já li; a maneira que a primeira parte é focada apenas nas descrições, sem apresentar o que o militar sente, reforça a construção de um personagem frio, metódico e calculista, enquanto na segunda parte, em primeira pessoa, conseguimos sentir o medo junto com a moça. A forma que os dois retratam a natureza, por exemplo, deixa essa diferenciação bem clara. O livro deixa o gosto amargo de que tudo é cíclico e de que não existe redenção em meio ao horror gerado pelo sionismo.
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Bi Bueno 27/12/2023

Detalhe Menor
Duas histórias unidas, mas separadas pelo tempo, nos contam um pouco sobre o horror da criação do estado de Israel.
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Carlabknho 06/12/2023

Guerra + violência = apagamento
A obra tem como pano de fundo os conflitos Palestina x Israel. Há um recorde em um caso verídico de uma menina beduína (grupo étnico nômades que habita os desertos do Oriente Médio) que foi violentada e morta por soldados israelenses. A escrita é baseada em detalhes, considerados ?menor (es)?, mas que dizem muito acerca de situações macro, o que torna em alguns trechos a leitura arrastada.
A primeira parte é narrado por um oficial, no passado. O destaque é o crime, o joguinho de poder bizarro feito com a vítima e para a visão de ?salvadores? que os militares tem para justificar seus atos.
A segunda parte é a narrativa por uma mulher, jovem, palestina que demonstra trauma, insegurança e diversos gatilhos relacionados a ocupação militar na região. A figura militar, o barulho (relacionado a explosões), a poeira (relacionada a bombardeios), são elementos que demonstram ao leitor as angustias da personagem
.
Essa mulher não nomeada, decide investigar esse crime e conforme ela pesquisa, se desloca a zonas diferentes, usando um mapa de cada área conflitantes. Para o leitor vai ficando mais evidente as diferenças entre quem vive em Israel e quem vive na Palestina, tanto em relação a direitos, como em relação a conforto, as características de cada zona, ao apagamento de algumas localidades e a divisão social local.
O final da narrativa (pra mim não foi surpresa) só reforça que o ciclo de violência não rompido, contínuo, se recicla, principalmente sobre corpos femininos.
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