spoiler visualizarMariiah.Salvatore 20/01/2023
Infelizmente, não me agradou.
Eu nem sei como começar essa avaliação, mas primeiramente, queria dizer que eu que tentei de coração relevar todos os pontos que me incomodaram durante essa leitura. Sei que sou uma pessoa bem crítica e analítica, porém, não acreditava ser tanto. Vou avaliar esse livro seguindo os seguintes parâmetros: 1. Personagens; 2. História/Roteiro; 3. Escrita/Ortografia; 4. Organização/Andamento; 5. Final/Reviravoltas.
Lembrando que essa é a minha opinião, com base na minha leitura e percepção, achismos meu. Foram os meus sentimentos e essa é a minha avaliação. Nada disso quer dizer que o livro é ruim ou péssimo e busco uma troca recíproca de respeito.
1. Personagens
Vou começar falando do Daniel, que é o protagonista. Não sei se só eu tive essa sensação, mas juro que parecia que tava vendo uma fanfic do neymar com uma aparência de jogador da alemanha. sinceramente, me incomodou muito que o fenômeno brasileiro seja um personagem tão difícil de se identificar em diversos critérios, acho que o maior ponto positivo dele seja a questão da sexualidade e que infelizmente foi tão pouco aprofundado e aproveitada. um jogador branco e papapá e que além de tudo é formado em advocacia??? que é pansexual??? outra coisa que me incomodou e que se tornou mais inverossímil foi o fato dele ter quase 30 anos e alguns diálogos (não só dele, mas de muitos personagens) serem tão juvenis e que chegam a ser muito infantis, dificultando demais em enxergar esse ?homem? nele. Da mesma forma, a personagem da Mariana, que é uma menina de 25 anos (e que muitas vezes, a grande maioria, age como uma adolescente de 17, chega a ser ridículo) que além de ser jogadora, faz faculdade de relações internacionais. onde esse povo arranja tanto tempo??? por que não só jogar? a autora acaba dando um ênfase diversas vezes e de diversas formas que ser jogador é um hobby e acho que isso descredibiliza muito a pauta do livro. sim, tudo bem que todos eles estudem, mas se o livro é tão voltado para o esporte assim, por que fazer com que simplesmente TODOS os personagens sejam formados ou estejam na faculdade?
continuando, mariana, que eu acreditava inicialmente na leitura a personagem mais agradável, interessante e acho que até estimulante na história, foi se desconstruindo negativamente a cada capítulo o que me entristeceu muito. cada relação dela seja com o pai ou amigos, foi esvaziando, como se na medida que a relação dela com daniel fosse construída, toda a vida dela e relação com outras pessoas ficassem a parte na escrita. ela que parecia ser uma personagem tão empoderada e que me trazia um conforto tão grande pela representatividade LGBTQIAP+ (e que sinceramente, foi algo levantado de maneira vã e superficial) depois se tornou irritante do tanto que ela julga, especialmente o daniel a todo instante. outra coisa, é que para uma mulher, não uma menina, tão educada, estudada, ela tem uns comportamentos tão fora da casinha, falando com uma falta de educação, é extremamente sem necessidade falar 17 palavrões a cada 10 palavras, acho triste. além do que, para a protagonista que é negra, mesmo que seja de pele não-retinta (sim, por mais que a autora cite ?a morena? trocentas vezes, a personagem continua sendo negra, não altera), parece duvidoso e até mesmo perigoso alguns comportamentos que possa parecer que ela está sendo colocada como a mulher negra ?sempre raivosa?. acho que essa narrativa da personagem perigosa.
um adendo apenas, aos personagens ?bruno e ivan?, que me surpreendi real ao descobrir ao decorrer que possuem em torno de 30 a 40 anos, enquanto falam e se comportam como adolescentes. acho que talvez, um cuidado em relação a isso na escrita deveria ter sido feito porque é simplesmente disfuncional, descredibiliza.
2. História/Roteiro
Não vou mentir, inicialmente, eu adorei a história, me senti tragada pela narrativa do daniel, a curiosidade, o foguinho do meu amado ?enemies to lovers? com aquela pitada do ?slow burn? tornou o início da minha leitura e narrativa sensacional. entretanto, ao decorrer da leitura tudo aquilo se tornou tão maçante que tive dificuldade em continuar a leitura, pensando em abandonar diversas vezes, o que não fiz. gosto das brigas, mas a cada 10 capítulo, 7 são as brigas deles e são tão toscas. eu cheguei a pensar ao ler que a história beirava ao uma fanfic, ?daniel? o neymar no corpo do justin bieber, porém, existem sim, fanfics maravilhosas. algumas situações eram tão embaraçosas ao ponto de ser irreais, inacreditáveis, dificultando adentrar efetivamente na narrativa que estava rolando. era pra ser apenas algo divertido, e estava sendo, lembra sim em muitos momentos aqueles filminhos de sessão da arte, só que alguns artifícios parecem ir se embaralhando criando tantas coisas que se torna apenas um emaranhado. não é um roteiro marcante, é algo clichê, tem momentos fofos, frases legais, conversas, referências pop, que vai tornando a experiência mais agradável e até engraçada. tem uma premissa interessante, tanto que me fez querer tanto ler, principalmente por ser um livro/escritora nacional, só acredito que poderiam ter tido alguns cuidados maiores e uma filtragem.
observação: a justificativa do relacionamento falso foi a mais superficial possível, porque não existia nenhuma, gente NENHUMA, razão, motivo, justificativa sólida o suficiente para que os dois, daniel e mariana, que claramente possuíam uma tensão sexual ENORME, fingirem ter um relacionamento. tenho plena certeza e isso é mostrando ao decorrer e final do livro que todos, marcos até, teria aceitado e apoiado perfeitamente a relação dos dois. então, isso também não me desce.
3. Escrita/Ortografia
Trazendo uma análise mais clínica e que talvez seja até desnecessária, todavia, que mesmo assim influenciou no me julgamento e que justifica as minhas estrelinhas. O livro possui uma enorme redundância na questão de adjetivos, que basicamente se resume a ?loiro? ?morena? e ?ruiva?, que eu não sei a outros leitores, mas que sim me incomodou horrores e que acredito que poderia ter sido pensado melhor e substituído por outros. além do que, a escrita se torna muitas vezes cansativa, alguns fatos são somente jogados lá, na hora que quer com a explicação rasa. talvez, por uma questão até particular da autora, exista essa sensação da escrita ser tão prematura, tão juvenil.
4. Organização/ Andamento
Como já citei, algumas vezes acima, achei a leitura ao decorrer muitas vezes maçante, cansativa. talvez em decorrência dos acontecimentos que são um emendado no outro e que fica confuso, até um pouco ?emaranhado? um no outro. O forma que o tempo discorre, que é algo que poderia ter sido aproveitado melhor, é um dos pontos que nem me incomodou tanto.
5. Final/Reviravoltas
Acho que o que mais senti falta foi de um momento de conforto ou reconfortante, um pouco de paz ou do amor dos dois. existem amores nos livros que são tangíveis, e que por mais que tenha sentido a química dos protagonistas (é inegável), não senti esse amor, não com frequência. logo depois da declaração, da noite juntos, parece que vai passando um furacão, vai acontecendo um monte de coisas e rápido demais, e você vai tentando acompanhar e acaba deixando de sentir junto com eles. sobra somente a confusão. conflitos demais que geram caos, mas e calmaria? bonança? acho que depois de tanta mentira (e desnecessária, foi prolongada demaissss), talvez fosse bom ter visto a relação dois dois, que parecem mais dois adolescentes, ele com 17 e ela com 15, que não cresceram e estagnaram. o pouco da representatividade que tem só serve pra dizer ?ah, sou gay? ?ah, pego meninos? e só. como se só servisse para os relacionamentos. gostaria de que tivesse sido explorada uma relação madura e quem sabe até saudável (mesmo que NENHUM dos foi fossem). em relação a isso, pelo menos o daniel estava ciente dos seus defeitos, doenças e dificuldades, enquanto mariana, a santa, estava absorta deles. o tanto que foi forçado aquele
plot de golpe da barriga é inexplicável e pior ainda a reação abismal da ?morena?.
Considerações finais
É notável a tentativa de construção da relação do casal, especialmente por eles terem se conhecidos bem jovens, entretanto, acho que com exceção deles dois, todo o resto ficou a parte. Marcos que é o pai de Mariana, fica sempre esquecido, com falas de pouca importância, uma personalidade que parece desconexa perante as suas falas, o modo como se comporta e a maneira como falam dele. Fernando, nem se fala, me lembrava a todo instante o grilo falante. As jogadoras do time que são basicamente figurantes o livro inteiro, e uma delas, samantha, só serve pra assegurar e criar uma pseuda representatividade do antigo relacionamento bissexual com mariana, a qual acreditado que poderia ser aproveitado melhor ao invés de ter ficado imposto outros personagens dispensáveis a história. Paulo, basicamente um apoio de cena, que dispensa cenas com daniel, mas que ainda consegue tirar algumas risadinhas, com comportamentos bem exagerados que chegam a forçar a barra. Acho que em relação aos outros personagens é isso, o restante é bastante esquecível mesmo.
O futebol que deveria ser o centro do enredo foi explorado tão superficialmente, jogo acontecia sem narração ou descrição (o que senti muita falta, uma narração mais descritiva ou aprofundada). Algumas informações a respeito do ?melhor jogador do mundo? são basicamente jogadas sem um grande desenvolvimento, sem conquistas, sem passado. É realmente algo a se pensar. A faculdade da Mariana, por exemplo é o mais inútil e dispensável da narrativa, já que não faz diferença alguma para a história, só a ?engorda? e prejudica, pois não há nenhuma explicação ou aprofundamento. É como querer fazer muitas coisas e não conseguir fazer efetivamente nada, com uma qualidade razoável.
E é com isso que concluo minha análise/conclusão, esses são todos os pontos, não o recomendaria (sendo sincera) e não leria novamente, infelizmente, como citei acima, não consegui me agradar, mas serviu de aprendizado. Quero manter meu respeito perante a autora e espero que talvez isso ajude em algo no futuro, que todas essas palavras sirvam para uma reflexão.