Marlon Teske 27/10/2010
Nem o Lucius...
Antes de começar a falar do livro em si, vale deixar bastante claro que minhas impressões e comentários são relativos apenas a obra em questão, não tendo nenhum tipo de preconceito ou desdém em relação ao espiritismo, a existência ou não de vidas passadas ou a qualquer outro tipo de dogma que por ventura algum leitor siga.
Outro ponto: como este foi o primeiro livro da autora que li, não irei considerá-la de todo ruim sem ter lido alguma outra obra para usar como base de comparação. De acordo com o que diz a capa, esta obra foi ditada por um espírito chamado Lucius. Então, deixo um certo crédito para a dona Zibia Gasparetto, que talvez seja muito melhor escritora sem a influência do já citado desmorto.
Quanto a obra como um todo, fazia bastante tempo que eu não ficava absolutamente irritado com um livro, em especial com o seu personagem principal. Trata-se de um empresário que venceu na vida sem estudo apenas por seu próprio esforço de nome Roberto. Ele é, digamos, no mínimo uma pessoa com dificuldades no que diz respeito a lidar com a esposa, Gabriela. Acometido por um tipo de ciúme doentio, ele passa as primeiras 360 páginas atazanando a vida da mulher (note que o livro tem 370 delas).
Acredito que a frase "você deveria largar o emprego" foi repetida pelo menos oitocentas vezes pelo protagonista no transcorrer do tomo. Praticamente o bordão de Roberto que se não dizia isso para a pobre da Gabriela, pensava nisso e procurava meios de conseguir isso o tempo inteiro. Lucius em vários momentos parece que esquece que já havia contado determinados detalhes ou até mesmo pequenas partes da história e as conta de novo. E de novo!
Nas primeiras 150 páginas, acompanhamos a derrocada do dito cujo desde o momento em que perde toda a grana, passa a ser sustentado pela esposa e não contente ainda encontra tempo para imaginar um romance que não existia entre ela e o patrão, Renato (um tipo de milionário padrão Justus)que é casado com Gioconda, que tecnicamente é um Roberto de saias, com a desvantagem de viver lamentando-se (mimimi).
A história gira em torno dos casamentos arruinados entre estes quatro personagens e suas maquinações para manter a relação por parte de Roberto e Gioconda e para tentar levar a vida em relação aos outros dois. Lá pelas tantas começam a aparecer espíritos malignos, todos os personagens envolvidos na trama passam a freqüentar centros espíritas, rodas de macumba e correlatos até o desfecho que é o que por muito pouco faz o livro valer a pena. Mas por muito pouco mesmo.
É um misto de auto-ajuda para homens e mulheres ciumentos recheado com toda a sorte de mensagens otimistas de ver a vida como uma escola onde aprendemos a nos tornar espíritos mais evoluídos. Se você está procurando um livro para ficar absolutamente nervoso, recomendo esse aqui.
Vencido em Outubro de 2009