rayray 30/03/2024
Um dos mais bem escritos que já li.
Este foi uma aventura, um mergulho no mundo da fantasia, tão repentino quanto cair em uma piscina.
V. E Schwab tem uma escrita impecável, quase revolucionária ao chegar tão perto de tornar uma obra da literatura fantástica uma das minhas queridinhas. A fantasia e eu podemos ainda não nos dar perfeitamente bem mas, excetuando o final, o livro me agradou por toda a história.
A narrativa é tão bem desenhada que eu saberia quem estava falando sem qualquer menção explícita. Quando as palavras são de Adeline, as sentenças são firmes, determinadas, a voz da segurança e da experiência de quem tem mais de 300 anos, tempo de sobra para tornar-se culta e consciente de si mesma, construindo um muro de concreto ao redor da sua mente. Quando é Luc, as letras parecem adquirir um sombreado e deitarem-se em um belo itálico, é possível ver a movimentação marcante, embora lenta, das palavras ao saírem dos lábios atraentes da figura. Quando é Henry, as frases são inseguras, cautelosas, quase desconfortáveis aos olhos. Eu nunca vi um livro desenvolver e marcar seus personagens tão perfeitamente bem.
Se eu não focar nos elogios à escrita, não me sobra muito. Que a história beira o impecável, é notável desde a sinopse, mas a minha decepção foi concentrada no final, na parte mais importante. Seria pedir demais que um laço tão bem dado fosse, de fato, um nó apertado. Infelizmente.
Mas, no campo subjetivo e, para mim, tão objetivo, o livro me deixou ainda mais desesperada por aquilo que eu mais almejo todos os dias. Afinal, a pergunta seria o que eu NÃO faria com 300 anos pela frente, quem dirá uma eternidade. Acho que o fato de que eu não seria capaz de trocar minha alma por mais tempo me diz mais do que consigo formular. Não quero levar uma eternidade para me sentir livre.
Costumamos atrelar a liberdade à conquista, mas se sempre há algo que queremos conquistar... Talvez seja por isso que alguns vendem a própria alma.