Queria Estar Lendo 26/10/2021
Resenha: Billy Summers
Billy Summers é o mais recente título do autor Stephen King, lançado aqui pela Editora Suma - que cedeu este exemplar para resenha - com tradução de Regiane Winarski. É um drama com um pouco de suspense envolvendo um assassino de aluguel e um último serviço pra lá de complicado.
Aviso de conteúdo: este livro contém menções a estupro, ataques de pânico, pedofilia e homofobia, além de muitas cenas com violência e sangue.
Billy Summers quer se aposentar. Mas, antes, ele aceita um último alvo; Summers é um atirador de elite e se tornou assassino de aluguel ao voltar do Iraque. Ele só aceita trabalhos que envolvam pessoas ruins, e esse parece o caso. Seu alvo é outro assassino de aluguel - Joel está indo a julgamento por alguns crimes, e parece ter informações importantes que o colocaram na mira de um figurão.
"É bom que seja horrível, porque o horrível às vezes é a verdade."
Esse figurão quer Joel fora da jogada antes do julgamento, e Billy é a peça para fazer isso acontecer. Até acontecer, no entanto, Billy precisa usar uma identidade falsa e se manter nas redondezas sob o pretexto de estar escrevendo um livro. A surpresa é que Billy realmente começa a escrever, e pega gosto por isso. E tem muito a contar.
Billy Summers foi uma boa surpresa, tal como O Instituto, Joyland e Depois. O King escreve terror e suspense psicológico muito bem, mas seus dramas costumam ser tão intensos e impressionantes quanto.
Aqui, temos uma história com um protagonista de personalidade complexa, com um passado tenso e terrível e com um último trabalho misterioso e importante. Billy Summers é um personagem principal interessante de se acompanhar; a bússola moral dele é cheia de peculiaridades, com o foco principal sendo: ele mata pessoas ruins. Não se abstêm da culpa de estar tirando uma vida, mas tem sua própria balança do "que é justo e do que é certo".
É quase um Punisher, só que menos violento e mais metódico. Todos os outros personagens ao seu redor são complexos; em sua maioria, bem escrotos. E eu falo isso porque estamos vivendo um momento em que ler histórias com personagens babacas, preconceituosos, que tem falhas, que falam coisas horríveis está sendo colocado na balança como "este livro é horrível por isso" e assim... calma, gente.
"- Talvez ele merecesse sofrer, mas, quando a gente provoca dor, fica uma cicatriz. Na mente. No espírito. E tem que ficar mesmo, porque machucar alguém não é coisa pouca."
Billy Summers é um romance adulto. Romances adultos nem sempre existem para trazer uma moral pra gente porque espera-se que o público consiga discernir o que é errado por conta própria; às vezes as pessoas só são horríveis e se dão bem por isso. Às vezes elas não são tão horríveis, mas têm falhas. Às vezes elas são boas e coisas horríveis acontecem com ela. O King faz esse balanceamento muito bem no decorrer da história, e cria um drama bastante intenso por causa disso.
Até lá suas 150 páginas, ele apresentou e declarou qual seria o clima de Billy Summers; com algumas reviravoltas e o surgimento de uma personagem importante lá pra metade do livro, King dá uma guinada no que era um último trabalho para uma trama muito mais complexa envolvendo vingança e caçada.
A Alice, personagem que aparece na metade do livro, em muito acrescenta para o decorrer da história. Ela e Billy constroem uma relação de companheirismo, e tem muito mais por trás disso com o desenvolvimento da trama principal - mas não vale comentar porque foi uma surpresa agradável para mim, então talvez seja pra você.
Billy Summers também aborda muito da guerra e das cicatrizes que ela deixa. Tanto pelo Billy quanto pelos relatos do que aconteceu em seu período servindo no Iraque; um horror completo, e realista ao extremo.
"Ele dizia que a ficção não era a verdade, era o caminho para a verdade."
Em relação ao lado desperto escritor dele, o King escreve escritores bem demais. Eu não me decepcionei com nenhum até agora; o jeito com que o Billy se conecta com a escrita, com essa coisa de "extravasar memórias e sentimentos" com as palavras, em colocá-las no mundo, tão reais quanto na sua cabeça, é muito verossímil.
A edição e a tradução estão ótimas. A Suma é a casa do King, e sem mais.
Acho que se tem um defeito nesse livro é uma coisa que a gente encontra em todos os livros do King que é a embromação. Quando o homem quer, ele descreve tudo e mais um pouco e acaba tornando algumas partes - principalmente o comecinho - um pouco enfadonhas.
Se você procura um drama envolvendo guerra, reviravoltas e amor, Billy Summers pode ser uma leitura super interessante. É um livro tenso e intenso; fala sobre família, sobre moral e justiça (e vingança) em bons termos.
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