Ualace 13/11/2020
Cantiga Ou Catinga?
Quando eu soube do lançamento desse livro, confesso que fiquei apreensivo.
Mesmo amando a trilogia original, tenho um pouco de preconceito quando percebo que o autor só quer escrever mais uma história por causa de hype, e não porque realmente tinha planejado algo assim desde o começo.
Antes de adquirir o livro, vi algumas resenhas sem spoilers no Youtube, e as opiniões eram muito divididas pra concluir algo sem ler. Por fim, a curiosidade me venceu. E eu confesso que apesar do livro não ser um fracasso total, ele é exatamente o que eu pensei que seria.
A Cantiga Dos Pássaros E Das Serpentes se passa 65 anos antes da trilogia original, e nos mostra um Snow adolescente afundado em dívidas e à beira da falência devido à guerra. Sua única saída é vencer os Jogos Vorazes, onde ele acaba se tornando mentor da menina tributo do Distrito 12, o que pode garantir seu futuro, e o sustento de sua família.
O livro se divide em três partes, e eu confesso que a leitura me prendeu e me interessou bastante, devido à quantidade de coisas que aconteciam simultaneamente na história.
Os Jogos Vorazes aparecem, mas são breves, porque ainda são meio que o tema central da história, mas não da forma que era na trilogia.
Agora, falando brevemente, os pontos positivos da história:
Algumas referências foram realmente interessantes de se acompanhar, como por exemplo a origem da música "A Árvore-Forca", e seu verdadeiro compositor.
A forma como os Jogos eram administrados no começo, e o tratamento dos tributos quando são recolhidos na Colheita também são muito interessantes de se ver.
Estou tentando não escrever em excesso porque tenho a intenção de escrever essa resenha sem spoilers.
Mas ok. Pontos negativos:
Depois que a segunda parte do livro acaba, é simplesmente como se uma nova história começasse, e ela é maçante de acompanhar. As coisas meio que começam outra vez de uma forma que eu simplesmente não conseguia me interessar. A trama pára de fluir, até que quando você vê, tudo está pra ser resolvido no último capítulo, e é tudo muito corrido.
Também não é claro o tipo de personalidade do Snow, que oscila entre a boa pessoa e o amargurado. Não encontrei no personagem um bom motivo pra torná-lo o que ele passa a ser na trilogia original.
Alguns mistérios do livro simplesmente ficam sem solução, e o tempo onde ela poderia esclarecer as coisas, ela está simplesmente ocupada fazendo fan service atrás de fan service, referenciando coisas da trilogia original praticamente O TEMPO INTEIRO na terceira parte do livro. Chega um momento que você já leu tanto sobre Distrito Doze, Tordo, Árvore Forca, katniss (o fruto), o lago além da propriedade do Distrito, e tantas outras coisas, que eu cheguei realmente a desejar que ela tivesse escrito uma continuação de A Esperança, já que ela estava tão apegada àquela parte do universo.
Mais um ponto negativo que me fez cansar da história em alguns momentos: PERSONAGENS DEMAAAAAAAIS. Muitos nomes inúteis pra gravar que no final não serviram pra nada. E infelizmente, em um determinado ponto, o final fica um pouco óbvio.
No fim das contas, o livro não é ruim, porque Suzanne Collins sabe escrever de forma a prender a atenção do leitor. Mas, conforme foi dito no começo da minha resenha, essa história clamanete não havia sido preparada por ela originalmente, então ela acaba se perdendo nela mesma em sua ambição, e no fim das contas, acaba não acrescentando nada à história original. Você lê simplesmente por nostalgia do universo, e não com o intuito de enriquecer, ou mesmo ampliar, seu conhecimento sobre Panem.