Guilherme 18/07/2023
Resenha Os Reis de Wyld de Nicolas Eames
Resumo: Os reis de Wyld ou kings of wyld no idioma original, é um livro de alta fantasia lançado originalmente em 2017, que chegou ao Brasil em 2021 pela editora Trama e possui 544 páginas.
Como os demais livros que li este ano, eu não busquei nenhuma informação quanto a história para evitar ser influenciado e devo dizer que ele se revelou uma boa surpresa. Eu havia acabado de ter uma grande decepção com Fúria Vermelha e queria me livrar do gosto amargo que ele deixou, minha primeira opção seria Starsight do Brandon Sanderson, mas seria o terceiro livro de ficção científica que leria em sequência e para evitar um esgotamento optei por mudar para fantasia.
Criação do Mundo
Como é comum em livros de fantasia, esse universo é diferente do nosso, a história se passa nas ruínas do que já foi o Domínio Druin, que se fragmentou em diversos reinos e cidades estados, como, Castia, Agria, Narmer. O elemento principal do livro, contudo é a selvagem floresta de Wyld, que é o terreno hostil desse mundo.
A história é uma aventura tradicional e como tal passa por diversas cidade com suas peculiaridades, geografia e cultura próprias o que ajuda na imersão da história.
Dito isso, é importante frisar que esse livro bebe (e muito) de conceitos estabelecidos em jogos de fantasia, principalmente Dungeons and Dragons. Você encontrará manticoras, kobolds, urso-corujas, goblins, ghouls entre vários outros.
O tom geral é de uma campanha de RPG entre amigos, com cada um da party com sua funçãoe recheado de piadas internas e situações imprevisíveis. Isso, contudo, não atrapalha os momentos mais introspectivos.
Personagens
O livro conta com 5 personagens principais, Gabriel, Ganelon, Moog, Matrick e Clay Cooper, todos membros do lendário grupo de mercenários Saga.
Apesar disso, este é um livro de ponto de vista único, ou seja, a história nos é apresentada pela perspectiva de um único personagem, neste caso Clay Cooper, mas isso não prejudica o desenvolvimento dos demais personagens que brilham cheios de vida.
Acho muito interessante a escolha de Clay como protagonista, pois garante uma perspectiva mais interessante. Se for ver, Gabriel seria a escolha óbvia, pois sobre todos os aspectos ele é o motivo da reunião do Saga, ele é o cavaleiro charmoso com a espada lendária… mas isso também seria extremamente comum.
O autor opta então em dar o ponto de vista para o que seria o coração do Saga, o responsável por manter todos unidos e bússola moral do grupo. Isso funciona muito bem e garante uma visão extremamente íntima, pois seus pensamentos não se resumem apenas a missão do grupo.
A personalidade de Clay também auxilia nessa responsabilidade, pois se trata de um personagem que ao mesmo tempo é sensível e pragmático, ele há muito compreendeu como o mundo funciona e consegue fluir por ele.
Outro ponto interessante é o fato de protagonistas estarem, em sua maioria, na terceira idade, o que auxilia a fugir do abc dos livros de fantasia.
Por fim, o livro conta um bom vilão. Ele consegue passar temor e seu objetivo é coerente com sua história de vida. Ele está fazendo o que considera ser justo e isso nos faz questionar os alicerces deste mundo.
História
Reis de Wyld tem como tema principal o companheirismo e a empatia. Em linhas gerais se trata de uma história de resgate, mas isso é apenas um pretexto para reunir o grupo de amigos para que testemunhem como o tempo mudou um mundo que já lhes foi tão familiar.
Dessa forma, o título de “Reis do Wyld” parece por muitas vezes ser pesado demais para que os agora idosos heróis possam suportar o seu peso. Ao mesmo tempo eles encaram uma passividade assustadora ao redor e por isso cabe a eles resolver a questão.
Existe também o questionamento sobre o que faz de alguém um monstro, tema que é abordado nos arcos do Clay, da Larkspur/Sabbatha e do próprio Lastleaf.
Eu sinto que durante algum momento o autor teve de abandonar alguns pontos no terço final da história, não sei de isso foi feito pensando em uma expansão para alguma continuação (acredito que exista um spin off da Rose), mas acredito que algumas páginas a mais seriam suficientes para concluir esses pontos e tornar o final ainda melhor.
Conclusão
Os reis de Wyld é um livro de fantasia épica muito bem humorado com alguns momentos extremamente tocantes e está entre uma das minhas melhores leituras do ano.