Kamylla Cristina 14/06/2017Onde Termina o Rio, de Charles MartinDoss e Abbie são casados há 14 anos. Ela é uma modelo famosa, designe de interiores prestigiada e filha de um influente senador. Ele é um pintor talentoso constantemente criticado pela falta de inovação em seu trabalho; criado à beira do rio por uma mãe solteira, Doss vive em pé de guerra com o sogro que não aceita o casamento dos dois.
Em meio às turbulências da vida os dois constroem uma boa vida juntos até que Abbie recebe o diagnóstico de câncer.
Cansada da rotina de cortar, queimar e envenenar o câncer, Abbie cria uma lista com dez coisas que quer fazer antes de morrer e consegue fazer Doss prometer que a ajudaria a completar cada item. O problema é que ela está muito debilitada e talvez não sobreviva à viagem.
1- Andar num carrossel antigo;
2- Fazer um looping num avião velho;
3- Tomar vinho na praia
4- Nadar pelada;
5- Nadar com os golfinhos;
6- Ir pescar;
7- Posar;
8- Dançar com meu marido;
9- Rir até doer;
10- Descer o rio... inteiro desde Moniac.
Sem perspectivas de melhora Doss decide que está na hora de dar a Abbie o que ela quer, e os dois iniciam sua jornada no rio.
“O câncer pode fazer muita coisa. Pode destruir sua vida, roubar tudo o que você ama, estilhaçar sonhos, minar sua autoconfiança, desconectar sua alma e deixa-lo devastado e esmagado. Pode roubar-lhe as esperanças, sussurrar mentiras nas quais você aprende a acreditar e apagar as luzes ao longo do rio. Vai lhe roubar a voz, a saúde e a imagem de si mesmo. Vai alimentá-lo com náusea e ensiná-lo a diferença entre estar cansado e estar exausto. E quando você acreditar que não vai aguentar e não consegue mais pensar, ele despeja o desespero sobre você como um cobertor. “
Charles Martin trouxe como personagens neste livro Doss, Abbie e o câncer. Querendo ou não a doença se torna um intruso presente na vida deles, sugando sua força e esperanças durante todo o livro. O livro é escrito em primeira pessoa, através do ponto de vista de Doss. Para mim essa escolha foi perfeita e deu um toque de desabafo o que acabou tornando a narrativa mais dramática, e acabou me prendendo ainda mais na leitura.
Neste belo romance vemos sim o clichê habitual onde a garota rica se apaixona pelo garoto pobre, eles se casam e vivem felizes para sempre, nesse caso até onde o câncer permitir. Mas também vemos uma pessoa se entregando totalmente para que a outra possa ter o mínimo de conforto, o companheirismo, a fidelidade e a lealdade, mas acima de tudo podemos observar a dor de perder alguém. Ao longo das páginas comecei a sofrer com o Doss pelo destino iminente da Abbie e como a maria mole de sempre, derramei algumas lágrimas ao final dessa jornada.
“Em algum momento nesses dois anos, me dei conta de algo. Uma célula normal tem um botão de autodestruição automática que dispara depois que já serviu a seu propósito. Elas vivem, fazem o que foram feitas para fazer e apertam o botão. O suicídio é esperado. No fim das contas, o câncer é apenas um monte de células que se recusam a morrer. E, para piorar as coisas, células cancerosas não são estrangeiras. Não é como se viessem de outro lugar. Nosso próprio corpo cria aquilo que nos mata."
Onde Termina o Rio me surpreendeu bastante. É uma história muito profunda sobre os limites do amor. Até onde você está realmente preparado para cumprir à risca os votos matrimoniais, na saúde ou na doença, até que a morte os separe?
P.S: Se meus marcadores piscassem, meu exemplar seria uma bela árvore de natal de tantas marcações que fiz. :D
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