Roberto 06/06/2021
Neste livro, Ciro Gomes compartilha seu projeto de Brasil, construído em parceria com diversos intelectuais e depois de anos de debates em universidades, sindicatos e outras instituições do país. O autor, que tem experiência tanto acadêmica quanto política, segue a seguinte metodologia em sua obra: define os problemas nacionais, apresenta um diagnóstico da situação atual e propõe soluções para os problemas tratados.
No balanço histórico que faz do nosso país, Ciro aponta o período entre a década de 1930 até a década de 1980 como um momento de grande crescimento econômico e social, devido às políticas desenvolvimentistas implementadas entre nós. Os anos que compreendem o final da ditadura militar até os dias de hoje, devido a políticas econômicas que fomentam o rentismo e o parasitismo do Estado pelas nossas elites, o Brasil mergulhou em uma profunda crise e perdeu a posição que havia alcançado de oitava economia do mundo.
Dois elementos dessas deletérias políticas, a austeridade fiscal e os altos juros da dívida pública, têm como efeitos perversos a baixa no investimento em serviços públicos, a desindustrialização, a redução dos empregos e o enriquecimento cada vez maior da plutocracia brasileira, proporcional ao empobrecimento da nossa população, dentre outros. Para combater esses problemas, o autor propõe o investimento estatal nos serviços públicos (principalmente na Educação, na Saúde e na Segurança), a coordenação do Estado sobre a Economia, a articulação entre academia, empresários e trabalhadores, a adoção de uma escala progressiva de impostos por meio da qual quem ganhe mais pague mais, dentre outras medidas, inspiradas nos modelos social democratas adotados no Sudeste Asiático, principalmente em Singapura.
Acredito que Ciro Gomes seja hoje o político que apresente o melhor projeto para o Brasil (isso se ele não for o único político entre nós que realmente tenha um projeto de pais). Voto nele desde 2002 (a primeira eleição da qual participei, ainda com 16 anos), falhando apenas em 2006, quando estava no PSOL e votei no partido de cima a baixo. Concordo que hoje o trabalhismo se configure na melhor e mais viável face da esquerda nacional. Ainda assim, algumas ideias apresentadas no texto me incomodam, como a consideração de que Juscelino Kubitschek e os primeiros governos militares pós 1964 estejam na mesma esteira do trabalhismo de Getúlio Vargas e João Goulart. Nesse ponto, concordo com outro trabalhista, Darcy Ribeiro, que apresenta aqueles governos como totalmente opostos ao projeto nacional de Vargas e Jango.
Em alguns momentos o livro soa capitalista demais para mim, que brinco dizendo que sou comunista não praticante, mas, se um dia viermos instaurar o socialismo no pais, melhor que seja sobre o Brasil sonhado e planejado por Ciro Gomes.