Lívia GM 27/12/2023
Um chamado para além do lar?
Francine finaliza a sua obra com as seguintes palavras às suas leitoras:
"Meu desejo profundo é que ela [a obra] remova os pesos de seus ombros que Jesus nunca quis que ali estivessem" (p. 217).
E que ironia, já nos primeiros capítulos da obra senti como se um fardo estivesse sendo tirado dos meus ombros. E já explico o porquê.
Não sei se você mulher, que está lendo esta resenha, já parou para refletir a respeito do seu papel no mundo como cristã e, especialmente, como mulher. É provável que sim. Essa questão já havia permeado a minha mente aqui ou ali, mas em nenhum desses momentos o nível de inquietação que vivenciei se equiparou ao que tive nos últimos meses. Estaria eu, uma jovem universitária, solteira, vivendo para aquilo a que fui chamada por Deus? Ou eu, ao estar me preparando para atuar no mercado de trabalho e não exercendo a maternidade, por exemplo, estaria distante da vontade de Deus para a minha vida enquanto figura feminina?
A resposta que encontrei de forma precoce foi "sim", eu estava indo em uma direção contrária à vontade de Deus, e deveria rever o meu foco. E confesso, isso tirou o meu chão. Afinal, dediquei parte, senão quase toda a minha vida, para estar onde estou. Assim, o que deveria fazer? Foi então que resolvi iniciar esta leitura, pois talvez ela pudesse trazer luz para algumas dessas minhas inquietações e ajudar a acalmar o meu coração. E tenho que dizer, não me arrependi. Francine, como muitos já bem ressaltaram, apresentou o tema de maneira sábia, procurando fundamentar toda a sua argumentação à luz da Bíblia.
Através das escrituras, ela nos mostra a que fomos chamadas enquanto seres criados por Deus, enquanto filhas de Deus e suas servas, seja em um contexto matrimonial ou fora dele. A maternidade é sim uma dádiva dada à mulher, mas o mandato cultural encontrado em Gn. 1:28 não foi dado apenas ao homem, somos chamadas a sermos jardineiras deste mundo, a dominá-lo. Além disso, vemos mulheres ao longo das escrituras, tais como Débora (juíza), Priscila (fazedora de tendas), Lídia (vendedora de tecidos de púrpura) Maria Madalena e Joana (que auxiliaram na sustentação do evangelho através dos seus bens), que foram atuantes, destacando-se no trabalho que desenvolviam e abençoando aos demais com aquilo que possuíam, como no caso de Madalena e Joana.
Por fim, não poderia deixar de destacar o seguinte trecho, no qual Francine afirma (p. 146):
"Em primeiro lugar, temos de compreender que a vida é feita de etapas, e que cada uma delas apresenta diferentes oportunidades e responsabilidades às mulheres. (...) Quem mais precisa de você e de seu serviço em sua atual fase de vida? Como isso se dará na prática? (...) Toda mulher precisa abraçar sua identidade de jardineira e rainha, cultivando e dominando o mundo na situação em que se encontra - no lar, no escritório, no home office...".
Essa conclusão, da qual hoje também partilho, me fez entender que como mulher posso atuar e estar presente em diferentes ambientes, e em todos eles glorificar ao Senhor.