Yasmin O. 27/12/2022Um livro interessante, especialmente para quem gosta de personagens verborrágicos e neuróticos, com vários trechos memoráveis.
Aqui temos uma jovem alemã realizando um procedimento com um médico judeu, que a princípio não sabemos do que se trata e vai se revelando. Recomendo ler sem saber de nada, como fiz, e descobrir no ritmo do livro, através do jorro vernacular honesto e ácido da personagem, ao mesmo tempo chocante e divertido. Mas não agradará todo mundo. Eu mesma não sei quantas estrelas dar rs.
"(...) porque nunca entendi como é que havia duas maneiras de sentar, para pessoas com e sem pau. Vira e mexe eu compreendia errado, porque na verdade as meninas têm menos a esconder que os homens, e eu ficava confusa, mas isso foi antes de entender que um pau é uma espécie de espada, um objeto de orgulho e comparação, enquanto a vagina é uma coisa fraca, que mal pode ser confiada à proprietária. Uma coisa que sempre será a parte a ser fodida, que pode ser estuprada e engravidada e levar vergonha a um lar e a uma família. Uma coisa que precisa de proteção sem que nem ao menos se questione essa necessidade de proteção, porque as ruas não são seguras à noite e as meninas de cabelo curto parecem meninos, e não o contrário. Sempre achei tudo isso terrivelmente confuso e muitas vezes pensei que talvez os paus é que deveriam ser escondidos, que deveríamos proibir a arma e não a ferida". (Pág. 84)