@agathaltpiza 19/03/2024Esse livro é muito mais do que a sinopse.É um livro triste e muito cruel não importa do ponto de vista que você esteja olhando: Da Chrissie como a vilã da história e da Chrissie como a vítima da história.
A investigação segue em segundo plano por todo livro, e em primeiro plano temos a vida de Chrissie com 8 anos e a vida da Chrissie (ou Júlia) adulta sendo mãe, em narrativas intercaladas. Eu acho que foi uma ótima forma de nos fazer conhecer quem ela era e quem se tornou. A Chrissie de 8 anos é má, é manipuladora, é cruel mas ela também é uma criança extremamente negligenciada pelos pais, que passa fome, e que aprendeu que a vida ensinava através da violência. A Chrissie adulta carrega o peso do que fez no passado e vive com medo de não ser uma boa mãe, e da sua filha seguir seus passos.
Não tentei em nenhum momento procurar justificativas para as ações da Chrissie, mas tenho pra mim que o peso dessas ações devem ser dividas com os pais, é claro para o leitor que o abandono e a maldade deles com a própria filha afetou diretamente a forma da Chrissie entender o mundo.
A dependência emocional dela com os pais, a necessidade de pertencimento, a vontade de ser amada, de ser vista era tão grande que mesmo em momentos de abuso psicológico e abuso físico cometido pelos pais, ela achava normal que era uma forma deles mostrarem que sabiam que ela estava ali. Afinal ela era apenas uma criança querendo ser amada.
“Quando alcancei papai, ele se agarrou no meu braço, e enquanto nós dois andávamos ele ficava tropeçando e me puxando com tanta força que pensei que ia destroncar o meu ombro. Nem liguei. Se ele arrancasse o meu braço do corpo e pegasse para ele, eu nem ia me importar. Ia falar: Pode ficar com o resto de mim também. O outro braço, as duas pernas, a barriga, a cara, o coração. É tudo seu se você quiser.”
Tivemos um final que aqueceu o coração depois de tantos momentos angustiantes e dolorosos de ler, o final foi leve e traz aquela pontinha de esperança para segundas chances, para acreditar que as pessoas podem mudar, se é isso que querem.