Carous 09/03/2023Não atingiu minhas expectativasEstava de olho neste livro desde que ele saiu lá fora. Fiquei feliz quando soube que seria publicado aqui pela Arqueiro. Sem querer ofender a tradutora, mas optei por conferir a história em inglês através do audiolivro porque é narrado pela própria autora.
E é uma experiência que eu recomendo a qualquer pessoa que compreenda inglês e consiga acompanhar a leitura neste formato. Pode até pegar o livro em português e ouvir ao mesmo tempo o audiolivro. É sensacional.
Mas a história em si, achei meio morna. Ela começa bem, mas depois não tem nada muito interessante até o ponto em que a protagonista finalmente decide que é hora de parar de chorar pelo leite derramado, aceitar seu destino de verdade e traçar novas metas e sonhos que ela vai tentar seguir com vontade.
Não é uma comédia romântica. E o livro aborda tanto os bastidores da indústria de audiolivros - que, particularmente, não me interesso tanto assim afora, sabe? Ouvir os livros - como de Hollywood quanto o próprio gênero romance e suas ramificações e subdivisões.
Normalmente não sei apontar por que uma história não me fisgou como gostaria, mas aqui sei bem:
1) a cena de sexo me deixou constrangida e me deu calafrios - mas não foi isso que me fez baixar a nota do livro;
2) o romance... tomou rumos que eu não acompanhei os motivos da autora fazer como fez. Estou até agora confusa.
Não achei que o casal tinha química alguma, mas eles se entrosavam bem. Os diálogos e as trocas de mensagens eram espirituosos o suficiente para achar engraçadinho.
Teve uma cena, quando eles estão reatando depois de um desentendimento - que necessita acontecer em histórias desse gênero - que senti que ambos saíram dos seus 35 anos direto para os 15 anos. Ou seja, achei a atitude deles infantil e atípica.
Não comprei o romance, mas também não foi a causa da minha nota
3) como a autora trouxe a desconfiguração da Swanee. Essa foi a causa da nota 3 (e eu quase dei 2 estrelas)
Tem uma hora em que uma personagem muito amada por nossa protagonista está em crise, não reconhece Swanee e a xinga.
Francamente, achei a cena cruel e desnecessária.
Swanee traz várias questões com ela, que podem até torná-la chata porque ela bate nessa tecla na maior parte do livro, nunca superando, nunca seguindo em frente (eu não a achei chata. Entendi seu lado e entendi a demora para transpor a lamúria). Todas as questões vêm do acidente que deixou uma cicatriz visível e horrenda em seu rosto que fechou a porta para sua carreira de atriz.
Naturalmente, é uma personagem que tem muitas inseguranças sobre sua aparência atual. Que afeta sua vida amorosa também. Mas recebe apoio de sua melhor amiga, sua mãe e sua avó e garantem que ela continua bela como sempre foi e a cicatriz não é nada.
Então quando a personagem em crise a ofende, ofende diretamente sua aparência, eu achei horrível aquilo estar ali. Porque passa a impressão de que toda pessoa com deficiência ou cicatrizes permanentes, no fundo, são sim repugnantes. Seu círculo familiar só mente para a pessoa não ficar chateada. Mas num momento em que a lucidez desaparece, a verdade vem à tona.
Não é verdade. Pessoas são lindas mesmo com cicatrizes físicas. Mesmo sem braço(s), pernas ou do jeito que for. Estou cansada das obras de ficção não mostrarem isso.
Enfim, eu posso ter dado uma interpretação maior do que a autora queria. Não estou nessa situação e não sei a opinião de quem está, mas foi o que senti.
Acho válido ler a Nota da Autora em que ela passa sobre o processo de criação desta história. Honestamente foi a parte que me deixou emocionada.
É um livro que cai como uma luva para pessoas maduras. Por falar de sonhos que são arrancados de nós. Acho que esse grupo vai compreender muito mais que jovens.
Eu elogio a autora não não escrever uma história toda branca, hétero e sem deficiência, mas senti que faltou um recorte racial entre Adaku e Swanee e a indústria cinematográfica. Deixo meu comentário breve porque esta resenha já está enorme e porque não quero entrar nesse debate.