Dias de areia

Dias de areia Aimée de Jongh




Resenhas - Dias de areia


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Gramatura Alta 29/04/2024

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John Clark é um jovem fotógrafo contratado pelo governo dos EUA durante a Grande Depressão para documentar as condições de vida no Dust Bowl, região dos Estados Unidos assolada por tempestades de poeira e degradação ambiental. Ao chegar, John se depara com a severidade da situação: famílias lutando contra a pobreza, fome e doenças causadas pelas tempestades de poeira.

Durante sua missão, ele registra os efeitos devastadores da tempestade de poeira nas vidas das pessoas, mas também descobre a força e a resiliência dos habitantes locais, que enfrentam essas adversidades com coragem e esperança. O conflito interno de John cresce à medida que ele se questiona sobre o impacto de seu trabalho: se suas fotos estão ajudando essas pessoas ou apenas explorando sua miséria para sensibilizar a opinião pública.

A Grande Depressão foi um período de grave crise econômica mundial que começou em 1929 e durou cerca de uma década. Tudo começou com a quebra da bolsa de valores de Nova York, onde os preços das ações despencaram, fazendo com que muitas empresas quebrassem e milhões de pessoas perdessem seus empregos e economias. Esse evento não só abalou os Estados Unidos, mas também teve um efeito dominó em várias partes do mundo, levando a uma grande recessão econômica.

Durante esse tempo, a falta de trabalho e dinheiro foi generalizada, resultando em pobreza e fome para muitas famílias. Os bancos faliram, os negócios fecharam, e as taxas de desemprego dispararam. As pessoas tiveram que enfrentar condições de vida extremamente difíceis, e muitos tiveram que deixar suas casas em busca de trabalho ou ajuda. A Grande Depressão foi um período de grande adversidade e desafio, que eventualmente levou a mudanças significativas na política e na economia, como a implementação de políticas de bem-estar e medidas de estímulo econômico para evitar que tal crise se repetisse.

Não bastasse isso, em 1930, aconteceu o Dust Bowl, uma catástrofe ambiental que ocorreu principalmente na região central dos Estados Unidos, incluindo partes do Texas, Oklahoma, Kansas, Colorado e Novo México, ganhando o nome de “No Man’s Land”, ou seja, uma terra sem dono e que ninguém desejava. Este evento foi caracterizado por tempestades de poeira extremamente severas que destruíram a terra, arruinando as colheitas e fazendo com que muitas fazendas se tornassem inabitáveis. A situação foi causada por uma combinação de seca prolongada e práticas agrícolas inadequadas que não preservaram a integridade do solo, levando à erosão e à incapacidade da terra de reter umidade.

As consequências do Dust Bowl foram devastadoras para os agricultores e habitantes da região. Muitos perderam suas propriedades e meios de subsistência, forçando-os a migrar em busca de trabalho e melhores condições de vida, muitas vezes rumo a estados como Califórnia. Essas migrações em massa exacerbaram os problemas econômicos e sociais já presentes devido à Grande Depressão. O Dust Bowl é um exemplo marcante de como a interação entre atividades humanas e fenômenos naturais pode levar a desastres ambientais de grande escala, destacando a importância do manejo sustentável da terra e dos recursos naturais.

O governo dos Estados Unidos, através da Farm Security Administration (FSA), iniciou um projeto de fotografia com o objetivo de documentar e trazer à atenção do público as condições de vida difíceis nas áreas rurais afetadas pela Grande Depressão e pelo Dust Bowl. As fotografias tinham como meta mostrar a extrema pobreza, as adversidades e os impactos ambientais que os agricultores e comunidades rurais estavam enfrentando. O principal propósito desse esforço fotográfico era gerar empatia e apoiar a implementação de políticas do New Deal, um conjunto de programas econômicos e sociais implementados pelo presidente Franklin D. Roosevelt para recuperar a economia americana.

Entretanto, surgiram acusações que apontavam que algumas dessas fotografias foram encenadas ou manipuladas para produzir um impacto emocional mais forte ou para servir a uma agenda política específica. Críticos argumentavam que ao encenar ou manipular cenas, os fotógrafos poderiam ter distorcido a realidade, priorizando a criação de uma narrativa poderosa que apoiava os objetivos do New Deal, em vez de documentar objetivamente as condições de vida. Essa prática de encenação levantou questões sobre a autenticidade e a ética no fotojornalismo, já que as fotografias eram usadas não apenas como registros históricos, mas também como instrumentos de persuasão e mobilização política.

Embora a maioria dos fotógrafos da FSA se esforçasse para capturar a realidade da vida das pessoas afetadas pela Grande Depressão e pelo Dust Bowl de maneira honesta e direta, as controvérsias em torno da encenação de algumas fotos destacam as tensões entre arte, propaganda e jornalismo, e o impacto que a intencionalidade do fotógrafo pode ter na percepção pública da realidade.

John Clark, protagonista de DIAS DE AREIA, vive uma jornada emocional intensa e complexa, marcada pela relação turbulenta com seu pai, um fotógrafo famoso e abusivo. O legado e os traumas deixados por seu pai impõem um peso grande sobre John, influenciando suas escolhas e a maneira como vê sua própria carreira. Quando ele aceita a tarefa de documentar os efeitos do Dust Bowl nos Estados Unidos, John não está apenas assumindo um compromisso profissional; ele está em busca de seu próprio lugar no mundo da fotografia, tentando se libertar da influência e expectativas paternas.

Enquanto trabalha no Dust Bowl, John se depara com a dura realidade do sofrimento humano e da destruição ambiental. Essas vivências o levam a uma profunda reflexão sobre o verdadeiro propósito de seu trabalho. Ele começa a se questionar sobre o significado de ser fotógrafo e se suas fotos podem, de fato, contribuir de maneira significativa para mudar algo ou ajudar as pessoas. Diferentemente da abordagem que percebe nas obras de seu pai, que lhe parecem distantes e desconectadas da realidade dos retratados, John busca uma conexão genuína e profunda através de suas imagens. Esse conflito interno e sua busca por autenticidade e propósito são essenciais para entendermos a evolução de John Clark na história.

Enquanto John tenta superar os traumas deixados por seu pai e busca entender o verdadeiro significado de seu trabalho, ele descobre o valor das relações humanas, assim como o impacto profundo da perda, que vai além do material e toca a essência da existência. Ele aprende sobre os sacrifícios necessários, sobre o que significa abandonar algo e a importância de ser generoso, colocando às vezes as necessidades dos outros acima das suas. John chega ao Dust Bowl procurando por autoconfiança e profissionalismo, mas ao fim de sua jornada, ele se transforma. Ele encontra um novo sentido para a vida e trilha um novo caminho para seu futuro.

DIAS DE AREIA não traz um enredo piegas ou manipulativo, como algumas das fotos criticadas da época, mas apresenta páginas e mais páginas, todas com poucos diálogos, imagens de solidão, desespero, abandono, destruição, sem reforçar os detalhes, com simplicidade, de maneira direta, objetiva, deixando para o leitor interpretar o que vê e formar uma ideia assustadora do que essas pessoas vivenciaram. E ainda mais forte, algumas páginas são preenchidas com fotos reais da época, criando um paralelo com os desenhos, e deixando o leitor perceber que nenhum dos desenhos consegue se aproximar da crueldade da realidade.

A arte de DIAS DE AREIA traz um estilo artístico que se destaca por sua capacidade de evocar emoção através da simplicidade. As linhas são desenhadas com uma elegância que captura a essência do momento, mesclando detalhes realistas com uma certa suavidade que beira o etéreo, proporcionando uma sensação de imersão na cena. A paleta de cores, dominada por tons pastéis e lavados, contribui para a atmosfera de melancolia e reflexão, como se cada cena fosse tingida pela poeira e pelo desgaste do tempo.

Há uma beleza triste nas tonalidades suaves, criando um cenário quase onírico que contrasta fortemente com a dureza dos eventos retratados. Essa escolha cromática não só define o clima das cenas, mas também ressalta a sensação de isolamento e abandono. A arte tem um poder sutil de transportar o leitor para a realidade sombria da época, usando a cor para contar uma história que vai além das palavras e dos próprios desenhos.

DIAS DE AREIA é uma obra que ressoa profundamente, oferecendo uma janela para um período da história marcado por adversidades e resiliência humana. O romance não somente nos leva a uma viagem visual pela estética da tristeza e da luta, mas também nos convida a refletir sobre as marcas que a natureza e as escolhas humanas deixam na sociedade. Através de seu traço sensível e cores que falam ao coração, a história nos lembra da importância de recordar o passado, aprender com ele e reconhecer a força que emerge quando as pessoas enfrentam e superam momentos de crise. Ao retratar a realidade de maneira crua, mas poética, DIAS DE AREIA se torna uma homenagem àqueles que viveram o Dust Bowl e um lembrete silencioso da nossa responsabilidade coletiva em proteger e valorizar o mundo e uns aos outros.

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Lali 28/04/2024

Sensível, intenso, triste? a autora sabe captar temas extremamente delicados com uma beleza incrível e dar o peso certo para cada trecho. De uma sensibilidade imensa.
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Victor.Almeida 22/04/2024

Adorei, quando comecei o livro nao estava a espera de muito mas com o avancar adorei, ri, emocionei me muito com o final tambem. Esta lindo
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Suelli.coelho 15/04/2024

Os desenhos sao bem feitos,o traço muito bonito
Em relaçao a historia eu achei bem triste mas era a realidade de muito né
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claroviski 28/03/2024

Fotografia, agricultura e questões ambientais
Voltando pra década de 30, durante a Grande Depressão dos Estados Unidos, pouca gente sabe que nesse período também houve um grande fenômeno ambiental que causou uma depressão agrícola também. Isso ocorreu devido há anos de uso irresponsável do solo para a agricultura e enquanto o "Dust Bowl" ocorria, diversas pessoas adoeciam devido às tempestades de poeira e eram obrigadas a sair de suas casas e abandonar seus campos. Nessa HQ acompanhamos um dos fotógrafos enviados pelo governo americano para registrar o sofrimento dos agricultores atingidos pelas tempestades. E é nessa história fictícia, mas muito real, que ficamos presos do início ao fim.
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@universoliterariodajuju 24/03/2024

Uma realidade bem perto
Essa HQ traz a história de uma cidade que fica embaixo da areia e da poeira nos EUA. Uma cidade que há anos atrás, sem tecnologias, sofria demais com a realidade do dust bowl. Foi muito ler e entender essas vidas que passam e passaram por situações tão semelhantes e tinham duas saídas: fugir destes locais ou morrer neles.
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Lu R. 19/03/2024

HQ surreal, muito boa. Ilustração lindíssima. É um tema muito triste, mas o livro consegue abordar de um jeito interessante, trazendo fotos reais do acontecimento. O combo dessa HQ com o livro Os Quatro Ventos é muito bom, um complementa o outro.
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Angela Moraes 19/02/2024

Surpresa
Me surpreendi com o tanto de informação nesse HQ ele simplesmente é muito interessante e conta uma história verdadeira de algo que aconteceu . ?
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arthur 01/02/2024

Dias de areia, dias de realidade
Normalmente não faço resenhas de quadrinhos (tenho preguiça) mas esse eu precisava. A arte é muito linda, a sensação de realidade e os traços são perfeitos.

A fotografia é quase uma personagem à parte na história, a autora observa o cuidado e a beleza de uma foto indo além da simples imagem.

O paralelo entre o personagem principal e as pessoas que já viviam naquele local é abordado de uma forma sutil, mas que cria um vínculo entre eles. E o que era para ser apenas um trabalho se transformou na história de vida desses personagens e como o protagonista se vê após essa situação.
Núbia Cortinhas 02/02/2024minha estante
Parabéns pela resenha!! Realmente vc tem toda a razão, a capa expressa tudo isso que vc discorreu na resenha! ?? ?? ??


arthur 03/02/2024minha estante
obrigado, a capa realmente expressa!!!




Werllen.Rubio 15/01/2024

Muito forte
Essa hq mostrou uma história muito forte, e o mais triste q é real. Senti a agonia desses personagens. Uma linda e triste história.
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_lendogibi 14/12/2023

Dias de areia ?
John clark é um jovem fotojornalista com uma missão: registrar a terrivel situação das pessoas que vivem em dust bowl, cidade americana que foi atingida pela seca e passa por terríveis tempestades de areia que leva seus habitantes a viverem em condições miseraveis.

sem trabalho, sem alimento, sem agua e sem dignidade muitos tentam migrar para cidades vizinhas, mas nem todos tem essa oportunidade.

essa hq é escrita e desenhada por aimee de jongh, uma ficção história sensível e reflexiva, mostrando o quão importante é o auto conhecimento e a importância social do jornalismo fotográfico.

a fotografia pode nos trazer a verdade, assim como também pode esconde-la.
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Diessica 03/11/2023

Os desenhos são incríveis
Só de olha as imagens já é o bastante para se sentir sufocado pela poeira, com certeza a QH conseguiu transmitir a essência desse fenômeno (Dust Bowl) triste que infelizmente foi verdadeiro.
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Cristian Monteiro 31/10/2023

As ilustrações são das mais lindas, intensas e dramáticas e realmente tornam a história (um tanto quanto clichê) numa experiência impactante, são elas que conseguem transmitir todo o desespero dos moradores, muito mais do que a jornada de transformação/libertação do protagonista, muito mais observador do que atuante.
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Barbara 27/08/2023

Desenho perfeito
A forma como ela desenha faz você se sentir no meio da tempestade de areia. É muito triste, bonito e sensível
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Guilherme Duarte 19/06/2023

Uma beleza dura e árida
Dias de Areia nos conta a jornada de um fotógrafo descobrindo as condições climáticas únicas da região em questão
e a dificuldade de todos os moradores em continuarem a viver na terra (ou melhor, areia) que chamam de casa.

Uma história sem mistérios e direta quanto ao que pretende mostrar. Faz-nos refletir sobre todos aqueles momentos que por mais incríveis que possam ser as fotografias que registramos, é impossível retratar o que de fato se passou ali.

Fotografar é expulsar a privacidade de um momento que talvez devesse pertencer apenas ao passado. Dias de Areia é uma constatação da anônima luta pela vida que muitos ainda enfrentam com muita dificuldade.
Henry 20/06/2023minha estante
Uma das leituras da vida, pra mim.




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