spoiler visualizarluiza.giusti 21/05/2023
Não era o que eu esperava e isso foi ótimo
Comecei lendo achando que seria um grandessíssimo feel-good como os livros anteriores que li da Emily e pelos quais sou obcecada. No início, ao contrário da minha expectativa, não tava sentindo aquela grande conexão com o romance que me faz querer devorar o livro, tanto que, em comparação às minhas demais leituras das obras da Emily, essa demorou bem mais. Achei que podia ser só que esse tipo de trope não clicou pra mim, ou que tava estressada demais pra aproveitar, enfim....
Tava bem chateada achando que ia acabar dando menos de quatro estrelas pra uma das minhas autoras favoritas até que cheguei lá pelos 70% do livro e percebi que ele não era sobre o romance em si. Era menos sobre a descoberta do amor e muito mais sobre aprender a lidar com todas as dificuldades de crescer, mudar, passar por experiências complexas e entender como se situar em suas relações depois disso. Nesse quesito, gostei muito de ver um lado diferente da escrita da Emily: nos outros livros, havia sim um backstory, dificuldades e fardos, mas tudo acabava minimamente sendo diluído ou resolvido com a progressão do romance entre os protagonistas. Dessa vez é o caminho inverso: o romance precede essas dificuldades, e a questão é como ele vai ficar depois disso tudo. Não faz sentido comparar com os outros livros porque eles simplesmente não se propõe a grandes reflexões sobre a vida adulta e seus percalços. Em vibes (não em escrita), me lembrou bastante as últimas leituras que fiz da Taylor Jenkins Reid (Amores verdadeiros e Maybe in another life), e digo isso como um grande elogio.
Enfim, pra mim foi maravilhoso entender que a dificuldade da Harriet (e do grupo de amigos como um todo) era querer fingir que nada tinha mudado, que ainda eram os mesmos, quando não faz sentido ser aos 30 a mesma pessoa que se foi aos 18. É difícil admitir que tradições antigas talvez não tenham o mesmo apelo, e assustador pensar que com o tempo algumas relações param de fazer sentido também. Eu fico muito feliz que isso foi tratado tão bem no livro.
Eu achei a Harriet real demais, e me identifiquei muito com ela. Gostei demais de toda a reflexão e realização acerca do trabalho dela também. A vida toda ela não sonhava com o ofício, e sim com os frutos. Gostou da graduação, mas na prática aquilo não trazia prazer. Mas como voltar atrás de algo que você perseguiu a vida toda, de algo que parece constitutivo, que é fruto de tantas expectativas, que faz tantos terem orgulho e outros invejarem?
Acho que alguns dos pontos do livro acabaram sendo um pouco previsíveis, mas não de um jeito ruim, mas sim que foram bem desenvolvidos então, lendo com atenção, não era difícil adivinhar pra onde iria, principalmente sobre a Sabrina e a Cleo. Com certeza não estraga a experiência porque não é um thriller ou sei lá, e é ainda muito legal ver como tudo se desdobra e como eles se resolvem.
Achei o Wyn e a Harry muito fofos, e fico muito feliz por eles. Sigo com minhas impressões iniciais que eles não são muito marcantes, não senti tanto por eles quanto senti pelo grupo em si e em particular pelas reflexões da Harriet. Definitivamente não são meu casal favorito do universo da Emily Henry, mas ainda assim gostei deles, só não tanto.