Felipe Cordeiro 27/05/2024
Uma língua afiada como uma lâmina, uma escrita potente como as travestis!
Esse livro de contos foi uma grata surpresa para mim, gostei de praticamente todas as histórias. Fui envolvido pela atmosfera, acolhido pelo jogo semântico das palavras, sangrava com a dureza dessas mesmas palavras e não posso me arrepender de nada. A experiência de ouvir a narração do livro por Andrea Rosa Sá foi marcante, como disse antes, afiada no corte. A prosa de Camila Sosa Villada adentrava nos meus ouvidos como um eco de várias realidades, como mágica no jeito de falar sobre a miséria, a violência, o gozo, o prazer, o fantástico, a dor, a felicidade, o amor, a angústia, a poética travesti em campo aberto, desnudo para todos. A gente até se sente mais poeta... mais humano!
Esse foi meu primeiro contato com a literatura da autora, acredito que a surpresa de entrar nos contos sem saber de nada foi a melhor coisa que me aconteceu. Fui surpreendido tantas vezes, pelas personagens e pelo sabor de uma boa trama sendo contada. Apesar de histórias tão duras, a gente sente que é especial, belo e importante ouvir essas histórias, nosso tolo olhar sobre o mundo é perfurado como se uma zarabatana tivesse perfurado e rompido a nossa oca realidade, derrubando o véu da indiferença para, ai sim, ver o mundo das travestis. O mundo mágico das travestis.
Os contos:
Obrigada, Defunta Correa: 5/5
Não fique tempo demais no atoleiro: 3,5/5
A noite não vai permitir que amanheça: 5/5
Sou uma tola por te querer: 5/5
A merenda: 4/5
Mulher tela: 5/5
A casa da compaixão: 5/5
Cotita de la encarnación: 4/5
Seis tetas: 5/5