Lílian 04/06/2023
Vale a pena insistir
A primeira metade tem pouquíssimos momentos empolgantes. Achei que houve muita enrolação no arco de Perrin, que no final, por sinal, ficou bem interessante. A parte mais chatinha foi passar raiva praticamente do início ao fim com Nynaeve e cia.
Quase chegando no meio da história, o texto morno começa a esquentar e a leitura fica mais viva. A narrativa passa daquela coisa descritiva, repetitiva, "cotidiana" para a ação, com intrigas, pequenas revelações, coisas acontecendo de fato.
A outra metade li como se comesse uma tigela de pipoca, devorei. Os capítulos começaram a intercalar mais entre os personagens e já não ficava naquela coisa morrinhenta de não chegar a lugar algum.
Claro que inícios costumam ser mais lentos e finais costumam ser mais dinâmicos. O problema, é que o começo foi morno demais e isso permaneceu até quase metade da história e não é uma historinha de 200 páginas.
Para mim, quem brilha nesse livro é Egwene e, de certa forma, Rand. Mas sou muito birrenta com alguns personagens, então, pode ser que esteja sendo dura demais com Perrin, por exemplo.
Duas coisas que me incomodam na série, de modo geral:
1- Essa coisa de dar um milhão de descrições minuciosas e falas, muitas vezes vazias, a trocentos personagens com quase nenhuma relevância, que vão apenas ilustrar os costumes e as características dos diversos povos, ou confirmar ou refutar alguma cisma de algum personagem central. Na minha opinião, ao invés de enriquecer e detalhar o universo do livro, que é uma das principais funções desse tipo de personagem, acaba só atrasando a história mesmo, por causa da recorrência com que o texto se utiliza deles.
2- O fluxo de consciência dos personagens não é muito rico. As ideias vivem se repetindo. Eles vivem chegando sempre às mesmas conclusões a respeito dos problemas e fatos que se apresentam e, principalmente, a respeito uns dos outros. A visão de mundo deles não tem muita complexidade e os conflitos internos não evoluem muito. É esperado que personagens cresçam, amadureçam, passem por transformações, mas, no caso de A Roda do Tempo, a evolução pessoal tem deixado a desejar.
Finalmente, como suspeitei desde o princípio, reclamei bastante durante a leitura, mas não tem como dar menos de 4 estrelas ao livro. No fim das contas, as partes empolgantes e o desenrolar da história superam a enrolação, mantendo o interesse e criando aquela expectativa sobre o que está por vir.