Thainá - @osonharliterario
11/04/2023E se a sua fome fosse moldada através de afetos e atenção?Desde pequena, Maren e sua mãe mudam de cidade toda vez que ela faz a coisa ruim. Isso acontece quando alguém demonstra afeto ou dedica um pouco mais de atenção à garota, gerando nela uma fome incontrolável que a faz comer as pessoas até sobrar apenas os ossos.
Maren não pertence a lugar nenhum e não tem conexão com ninguém além de sua mãe, mas um acontecimento repentino a faz querer procurar o pai e saber se ele também é um comedor. Nisso, ela vai conhecer pessoas novas ao longo dessa jornada em outras cidades e com isso se auto conhecer também.
Camille DeAngelis usa do canibalismo para explorar as relações humanas entre os personagens e sobre o ser diferente. Há a questão do feminino, do crescimento pessoal, mas também tem o lado da solidão e do abandono. Maren não é uma personagem fácil de se lidar, porque muitas vezes tem atitudes infantis, mas o peso da culpa de suas atitudes começa a pesar na balança de seu caráter que será construído e moldado ao longo de quase 300 páginas.
Fui fisgada para dentro do livro logo no primeiro capítulo, em uma cena visceral entre uma bebê e sua babá. A partir dali, me envolvi com a busca de Maren, me senti próxima dela e até protetora, me vi ao seu lado nas caronas e quis que ela tirasse todo um peso de suas costas.
Aqui, vemos uma garota de 16 anos ter que se virar sozinha e não se deixar ter nenhuma relação mais profunda com ninguém porque isso desperta a coisa ruim dentro de si. É um livro muito bonito, afinal.
Eu curti demais essa viagem, essa caminhada, e juro que teria lido mais páginas se tivesse. Amei, amei e amei, e espero que você dê uma chance ao livro e consiga desfrutar de todos esses sentimentos também, principalmente da sua própria autodescoberta e de apreciar a própria companhia, sem precisar de mais ninguém para gerar a sua felicidade, autoconhecimento e liberdade.
Resenha completa no blog Sonhando Através de Palavras.
site:
https://sonhandoatravesdepalavras.com.br/2023/04/11/resenha-ate-os-ossos-camille-deangelis/