Karla Lima @seguelendo 07/08/2023@seguelendoA história de Joana d'Arc é, ainda nos dias de hoje, uma lenda que transita entre fantasia e realidade. Nascida camponesa, foi canonizada pela Igreja Católica e considerada uma heroína da França pelos seus feitos durante a Guerra dos Cem Anos. Entre o que foi verdade e o que foi ficção, temos muitas histórias contadas e recontadas através dos séculos e a obra de Katherine J. Chen possui uma visão muito realista, até plausível, dos acontecimentos.
O fato histórico está logo nas primeiras páginas da edição, antes da autora iniciar sua narrativa ficcional, com uma breve contextualização sobre a guerra travada entre França e Inglaterra; tal resumo auxilia o leitor que não conhece a figura real e a personagem Joana D’arc a se ambientar com o cenário em que ela está inserida na história.
A narrativa, não posso negar, possui muitas descrições e poucos diálogos. Inicialmente, me pareceu lenta; porém, com o passar das páginas fiquei com a impressão de que era realmente algo proposital, pois, com o desenrolar da trama, o texto foi ficando mais e mais fluido. Como se estivéssemos “pegando o embalo” em uma corrida. Se era a intenção da autora, não sei; mas percebi o desenvolvimento dessa forma e gostei muito. No mais, por se tratar de uma ficção histórica, eu já esperava algo mais descritivo.
Conhecemos Joana ainda criança, em seu vilarejo, onde a guerra era apenas algo que acontecia como uma brincadeira de criança; até não ser mais só uma brincadeira. Já nas primeiras páginas, o tom violento surge como um aviso: apenas um lembrete de que não será uma história feliz. O livro conta com cenas violência de diversos tipos. Criança, a protagonista já conhecia a dor física e a falta de amor no seio familiar. Seus únicos elos de afeto: seu tio e sua irmã, são descritos de forma detalhadamente carinhosa e servem para criar laços com o leitor.
Quando o enredo chega à fase guerreira da protagonista, temos batalhas e tramas políticas. Gostei muito como os personagens históricos foram introduzidos, bem como o tom dado a cada um deles. Criar personagens é algo difícil, mas dar personalidade às figuras históricas sem descaracterizar o que de fato foi real também não é uma tarefa fácil.
Eu gostei demais da obra. O terço final é empolgante e revoltante. As camadas da personalidade de Joana e a forma como ela lida com o próprio sucesso nas empreitadas é angustiante. E, por mais que alguns acontecimentos tenham sido exagerados para destacar alguns pontos, a forma como a vida dela foi retratada foi emocionante do começo ao fim.
Recomendo muito a leitura, mas alerto para que esteja preparado ao abrir o livro: há violência, há agressão. É a história sangrenta de uma mulher que é considerada uma mártir pelos franceses e uma santa pelos católicos. Imagino que é uma obra que vai agradar os leitores apaixonados por ficções históricas, assim como aqueles que amam uma aventura.
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