Bartleby, o escrivão

Bartleby, o escrivão Herman Melville




Resenhas - Bartleby, o escrivão


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Flávia Menezes 11/02/2024

O LOUCO DE WALL STREET.
?Bartleby ? O Escrivão? é um conto do escritor norte-americano Herman Melville, publicado primeiramente de forma anônima na revista americana Putmam´s Magazine em duas partes, tendo a primeira parte sido divulgada em novembro de 1853, e a sua conclusão em dezembro do mesmo ano.

Neste conto, que apesar de curto é capaz de nos despertar para uma infinidade de reflexões, acompanhamos a história através dos olhos de um narrador cujo nome desconhecemos, mas de quem sabemos se tratar de um advogado sem muitas ambições, que comanda um negócio confortável no qual auxilia homens ricos a lidar com hipotecas e títulos de propriedade, em um escritório localizado no coração do Distrito Financeiro (Wall Street) da cidade que nunca dorme (Nova York).

Para auxiliá-lo em seus trabalhos, esse advogado conta com três funcionários, sendo dois escrivães, um apelidado por Nippers, que sofre de indigestão crônica, e o outro por Turkey, que vive por se embriagar no horário do almoço, e além deles, ainda há o office boy menor de idade chamado por eles por Ginger Nut.

Devido às constantes falhas cometidas por seus empregados, o narrador-advogado se vê pressionado a contratar um terceiro escrivão, e é aí que somos apresentados a Bartleby, um homem reservado e introvertido, que com a sua aparente calma traz a esperança de se tornar o exemplo para os seus indisciplinados Nippers e Turkey.

Porém, toda a fé que o advogado possuía em Bartleby começa a se converter em desilusão, quando, ao precisar do seu novo empregado em atividades que faziam parte da sua rotina de trabalho, recebe a resposta deste de um mero: ?eu prefiro não?.

A indignação era tamanha que seu assombro lhe impediu de sequer tomar qualquer atitude precipitada em relação a insubordinação deste empregado, causando-lhe um efeito inesperado de ao ouvir a sua negativa constante, a cada ordem sua com um apático e direto ?eu prefiro não?, o narrador-advogado sentia até mesmo um certo fascínio, mesclado a confusão. Afinal, como ele podia se negar a fazer algo, quando era pago exatamente para isso? Quando cada pedido do seu chefe era meramente parte das atividades que sua descrição de cargo previa?

Antes de seguir essa linha de raciocínio, gostaria de contextualizar a época em que essa história se passa.

Esse era um período em que Wall Street significava o avanço que os Estados Unidos vivenciavam, com a sua industrialização acelerando o processo de crescimento de um país com seus trens, carros e da eletricidade, em contraponto com o cenário rural, onde os dias pareciam seguir sem grandes alterações, e as famílias, para fugir desta estagnação e ter perspectivas melhores de futuro, deixavam suas raízes simples para ir com suas numerosas famílias tentar a vida nas indústrias do Norte, onde dedicariam cada gota de suor do seu rosto para trazer o sustento para a casa. Já que enriquecer mesmo, isso era algo que permaneceria nas mãos (e nos bolsos!) dos homens de negócio.

Tendo em vista o enredo da história contada por Melville, e esse contexto sócio-histórico, já podemos perceber o conjunto de disfunções aqui contadas, que são exatamente os elementos que concedem a esta trama curta todo o brilhantismo que reside por trás dessas poucas páginas, que com uma narrativa simples, que flui com muita facilidade, nos basta uma única tarde tranquila para fazer essa leitura.

Um advogado sem grandes ambições, com um escritório em Wall Street, que continua insistindo em fechar os olhos para os erros e temperamentos de seus empregados, lembrando que um sofre com sérios problemas de alcoolismo, e o outro com distúrbios gástricos que o deixam sempre de péssimo humor por um período do dia, e ainda um office boy que o pai insistiu para que trabalhasse em seu escritório, embora nem sequer tivesse idade o suficiente, e que acaba por contratar um homem que revela possuir algum tipo de transtorno psicológico (que não há como diagnosticarmos precisamente, por se tratar de um personagem ficcional), nos mostra o tamanho da desestruturação que existe nesse ambiente organizacional.

Por que esse narrador-advogado nunca demitiu seu empregado que bebia durante o horário de expediente (Turkey)? Por que ele ainda insistia em continuar com um empregado de temperamento colérico, que em suas crises entregava um trabalho desleixado (Nippers)? Por que ele aceitou a oferta de um pai para contratar um garoto de apenas doze anos para trabalhar em seu escritório, mesmo não tendo esse garoto qualquer interesse em aprender?

O perfil desse empregador, um homem sem atitudes, sem aquele famoso ?pulso firme?, se contrapõe com o perfil Bartleby, uma vez que com suas constantes recusas insubordinadas, ele é o único que escolhe e se posiciona. Mesmo que essa escolha seja um ?não fazer?.

Em um país onde a competitividade é acirrada, e desde cedo as crianças são condicionadas de que existe apenas um único lugar a se alcançar (o primeiro!), o trabalho se tornou uma obsessão, em que é preciso trabalhar cada vez mais para se ter cada vez mais, e perder o trabalho é o mesmo que perder o significado da vida, como o que ocorreu durante a Grande Depressão, onde o desespero levou a tantos americanos a cometer suicídio.

E é exatamente essa competição desenfreada que causa tantos problemas à saúde mental de uma população, que Melville vem brilhantemente denunciar, colocando exatamente um homem com distúrbios psicológicos para se rebelar contra todo um sistema e decidir pelo seu ?não-fazer?, ao invés do ?dar o sangue? (ou até mesmo a vida!) pelo seu trabalho até a exaustão emocional/psicológica que tantos males causam.

Não tenho como esconder o quanto Bartleby me tocou nesta história. Seu comportamento apático, que escolhe se isolar socialmente (e consequentemente, afetivamente!), para se perder em um mundo estático, que um dia chegará ao fim e lhe proporcionará um fim, é de tocar o coração.

Especialmente quando vemos o quanto seus modos causam tamanho estranhamento no narrador-advogado, por desconhecer o que acontece com ele, e do quanto isso acaba por se tornar mais um atraso na vida de Bartleby do que uma ajuda!

Cada ação tomada por seu chefe, na tentativa de ajudá-lo, no fundo mais o prejudicava do que servia como um estímulo. E isso só mostra o quanto somos despreparados para reconhecer e saber lidar com alguém com qualquer tipo de distúrbio ou até uma deficiência.

Não somos preparados para entender o que nos é diferente. E muito embora hoje em dia seja tão abominado o termo ?normal? ou ?normalidade?, ainda assim, o estranhamento nos faz buscar a semelhança.

Melville, neste conto, é uma resposta a essa nossa ignorância em como lidar com as diversidades da vida, e com o diferente. É uma resposta à nossa negligência à saúde mental. É um grito de objeção a essa competição desenfreada que ainda hoje adoece a população o mundo todo.

Especialmente em ambientes organizacionais (embora particularmente, eu ainda sinta o mesmo no ambiente escolar), percebo que ainda hoje não existe muito preparo para a ocorrência das famosas ?inclusões?, que no final são apenas cumpridas porque as metas que podem até ser obrigatórias, mas que também são revertidas em benefícios às empresas. Ou seja, no final, ao tentar incluir?excluímos cada vez mais.

O quanto temos ainda que aprender!

E sabe quando isso vai acontecer (na minha humilde opinião!)? Quando os estigmas à psicologia reduzir (ou até acabar), e esses profissionais possam de fato realizar os seus trabalhos, e colocar em prática seus conhecimentos, treinando mais e mais pessoas para saber lidar com a inclusão, e com todas as outras doenças emocionais que tanto nos assolam. Porque esses profissionais estão presentes nos quadros de empregados de escolas e empresas. Só não são lhes dado o devido espaço para que façam os seus trabalhos.

Em sua resistência ficcional repleta de simbolismos, Bartleby representa esse real da exclusão que não cessa de denunciar a nossa necessidade de renunciar a semelhança para começar a aceitar as diferenças.
AndrAa58 11/02/2024minha estante
?????? Amiga, suas resenhas são prefácios. Já pensou em escrever prefácios, paratextos, releases, sinopses...?


Flávia Menezes 11/02/2024minha estante
Amiga, você é muito boazinha! Que nada! Esse negócio de sinopse é minha maior dificuldade. Ser sucinta não é da minha natureza. ???
Mas resenhar é um exercício gostoso pra pensar no que acabamos de ler, e de poder dizer o que sentimos. Não resisto mais em não fazer.
Mas você é que é boa nas resenhas! Você busca e vai a fundo na história, amiga. Tenho aprendido muito com você!


Regis 11/02/2024minha estante
De Melville só li Moby Dick, gostei muito da resenha e adorei tomar conhecimento desse livro. Parabéns, Flávia! ??


Flávia Menezes 11/02/2024minha estante
Regis, vindo de resenhista como você, isso é um elogio pra ganhar o dia! ?
Mas leia sim! É um conto curtinho mas rico demais em reflexões. Eu quero muito ler Moby Dick, Regis. Fico com um pouquinho de receio, pela temática não ser algo que me encante tanto, mas preciso conhecer! Vou até já dar uma ollhadinba na sua resenha. ?


AndrAa58 11/02/2024minha estante
E eu tenho aprendido muito com você ?. Se já gosto das resenhas, imagine como desejo ler mais coisas suas. Em breve será ?.


Flávia Menezes 11/02/2024minha estante
Amiga, quero mesmo te mostrar! Será uma honra! ??


Regis 11/02/2024minha estante
Já li "Moby Dick" fãz um bom tempo, Flávia, acho que só escrevi uma breve reflexão sobre o livro, mas pretendo ler ele novamente em uma edição diferente, adoro aventuras marítimas e imagino que lê-lo agora, que acabei de ler "No Coração do Mar" (a verdadeira história da cachalote enfurecida), será uma leitura bem melhor e poderei compreender ou tentar entender de forma mais abrangente a loucura assassina do capitão Ahab.
Ah, e vou ler sim "O Escrivão", já está anotado em minha, pequena, lista interminável. Rsrsrs


Fabio.Nunes 11/02/2024minha estante
Já pensou em escrever livros? Parece até uma escritora pronta... ??
Alou folha de são Paulo, Piauí, globo, bora contratar essa mulher pra fazer colunas literárias.


Craotchky 11/02/2024minha estante
Muito bom saber das discussões que o livro propõe e como elas se inserem no contexto atual.


Flávia Menezes 11/02/2024minha estante
Regis, então fazer essa releitura vai ser incrível. Porque se esse é um tema que você gosta?vou ficar de olho esperando, até pra poder ver sua resenha.
E sobre o ?Bartleby?, vai ser bem interessante pra você sentir a diferença da narrativa do Melville nesse para o Moby Dick. Espero que goste! ?


Flávia Menezes 11/02/2024minha estante
Ai, Fábio!!! Só você mesmo!!! ?? Estou rindo aqui com isso do ?Piauí?!! ??????
Mas olha quem fala! O dono das resenhas incríveis e que me fazem querer ler tudo! Aliás?esse eu só adiantei de tão instigada que fiquei!! ?
Obrigada, meu querido, pelas palavras gentis de sempre! ?


Flávia Menezes 11/02/2024minha estante
Filipe, esse livro me surpreendeu! Não imaginava essas discussões, especialmente essas questões organizacionais, que tanto nos faz refletir sobre o que Melville queria deixar com essa história. Agora até me inspiro a tentar ?Moby Dick?!


Cleber 12/02/2024minha estante
Concordo com os amigos leitores, sua resenha ficou incrível, deveria ser colocada juntamente com o livro. Adorei como contextualizou com a época em que o livro foi escrito. Obrigado pelo conhecimento.????????


Flávia Menezes 12/02/2024minha estante
Cleber, muito obrigada! Fiquei até sem palavras agora! ?
Já fazia tempos que eu queria ler esse livro, e ver o efeito que o livro teve em um amigo, me aguçou ainda mais. E valeu muito a pena, até porque é uma leitura bem rápida. E se me permite , super recomendo a leitura, Cleber. ?


Débora 13/02/2024minha estante
Uau!!!????


Flávia Menezes 13/02/2024minha estante
Débora, obrigada! ??


Vênus_Alice 13/02/2024minha estante
que resenha maravilhosa Flávia, como sempre, vou ter que ler suas indicações. Obrigadaa ?


Flávia Menezes 13/02/2024minha estante
Alice, muito obrigada por essas palavras tão carinhosas. Fizeram meu dia! ?
Mas esses últimos que eu li, e ess aqui do Melville, foram ótimas descobertas. E valeram muito a leitura. Então, tenho certeza de que vai gostar. ?


Talys 17/02/2024minha estante
Amo esse livrinho do Melville!


Flávia Menezes 17/02/2024minha estante
Muito bom mesmo, Talys! ?


Núbia Cortinhas 17/02/2024minha estante
Uauuu!! Que resenha maravilhosa! Um aulão de história e contextualização com a leitura. Amei!! ?????


Flávia Menezes 17/02/2024minha estante
Núbia querida, muito obrigada pelas palavras! Esse é um livro tão curtinho, mas que nos faz refletir tanto? Fico feliz que tenha gostado. Obrigada por sempre vir aqui. Suas palavras sempre me deixam emocionada. ??


Ana Sá 27/03/2024minha estante
Que grata surpresa uma resenha sua bem agora!

Acabei de pegar este livro pra releitura, pois em seguida quero reler "Bartleby e cia", do Vila-Matas... Seu texto foi a melhor forma de entrar no clima! Como sempre, excelente!


Flávia Menezes 27/03/2024minha estante
Amiga, jura? Gostou mesmo?
Puxa que releitura boa. E vou ficar de olho nessa outra leitura que você falou, porque conhecia!
Obrigada, amiga! Pelas palavras! Fizeram a minha noite! ???




Fabio.Nunes 11/02/2024

Prefiro não
Bartleby, o escrivão - Herman Melville
Editora: Antofágica, 2023


Sabe aquele livro curtinho, que você lê bem rápido, com uma escrita fluida mas que não causa grande impacto à primeira vista? Sabe aquela obra que somente após finalizada vai se agigantando e mostrando que um texto curto pode gerar reflexões muito maiores? Isto é o que Herman Melville nos oferece com Bartleby, o escrivão ? uma história de Wall Street.
Um livro narrado por um advogado nova-iorquino, com escritório em Wall Street, em meados do século XIX, necessitado de contratar um novo copista para consecução de seus negócios em expansão.
Nesse instante somos apresentados a Bartleby, descrito como:

?palidamente limpo, tristemente respeitável, incuravelmente desamparado! Era Bartleby.?

O trabalho, como se pode imaginar, era comparável ao de uma máquina ? meramente copiar e revisar textos, sem quaisquer necessidades de intervenções criativas. Uma prisão de insipidez. Um trabalho anódino pelo qual inicialmente Bartleby passa a ser elogiado e exaltado. Não pode passar despercebido pelo leitor que aqui nosso personagem possui uma débil vitalidade, porém sem presença.

A história avança e de repente nosso copista passa a expressar o porquê de ser tão conhecido na literatura ao replicar ?prefiro não? para toda e qualquer solicitação apresentada por seu chefe.
Recusando-se à ação, apresentando-se cada vez mais inerte, passa a ficar imóvel, silencioso, contemplando um muro externo próximo à sua mesa de trabalho (?dead wall reveries?).
Assim, acompanhamos a perda de vitalidade de nosso protagonista, exaurido pela pura alienação de um trabalho insignificante e de uma vida sem propósitos.
Paro aqui a descrição da história para não apresentar spoilers, mas sigo com algumas considerações:

- Melville apresenta uma crítica ao trabalho no capitalismo especulativo em forte ascensão, e o faz com um personagem em total abatimento, imóvel diante de um muro ? não à toa a trama se desenrola em Wall Street.
- A alienação pelo trabalho, como hoje se sabe, é fonte de adoecimentos mentais, como depressão, burnout, ansiedade? Nosso protagonista claramente sofre do primeiro, de forma que sua apatia gera empatia no leitor.
- Seus dois colegas de trabalho (também copistas) diferenciam-se de Bartleby por apresentarem personalidades idiossincráticas, provavelmente estratégias psicológicas de sobrevivência diante da mediocridade da própria vida. Entretanto, neles vejo uma característica conformista - apesar de expressarem certa vitalidade, o fazem para perpetuar a banalidade de suas próprias vidas. Enquanto Bartleby, ainda que desvitalizado, decide expressar sua potência por meio da negativa à ação. Resistência por meio da negativa, expressão da pura potência da vontade, ainda que de forma trágica.
- Seria aceitável viver numa sociedade do desempenho, de trabalho precarizado, que gera uma epidemia de enfermidades psíquicas? É adequado se conformar com uma realidade que, em nome de uma torta filosofia do trabalho, aliena e retira dos indivíduos o que há neles de mais humano?

?Ah, a alegria corteja a luz, e pensamos que o mundo é feliz; mas a tristeza se esconde, distante, e achamos que não há infelicidade.?
AndrAa58 11/02/2024minha estante
Sabe aquela curiosidade que faz você ler a resenha do amigo, sem pretensão, apenas para saber o que anda lendo e o que achou do livro? Sabe aquela resenha que te aguça a curiosidade e faz você aumentar ainda mais a sua lista interminável de livros? Isso é o efeito que Fábio Nunes tem sobre os leitores de suas resenhas - não somos capazes de resistir à tentação. ??


Fabio.Nunes 11/02/2024minha estante
Andrea!!! Sabe qnd pessoas de sensibilidade diferenciada fazem comentários que enrubecem os amigos? Obrigado minha querida.


Flávia Menezes 11/02/2024minha estante
Aaaah que resenha incrível! Você escreve de uma forma tão mais erudita, mas que não peca em nada na emoção. Essa história é tanta curta, mas você tem razão: causa impacto até porque, de certa forma, ela faz parte da vida de todos nós. Basta ser adulto e iniciar sua vida profissional.
Parabéns pela resenha, Fábio! Deu aula agora! ??
Obs.: só li a sua depois de ter acabado a minha! Senão não conseguiria fazer não! Que fantástica ficou a sua resenha!!


Fabio.Nunes 11/02/2024minha estante
Ah Flávia, vc tb viu! Rsrs. Eu é que nem ia esperar vc publicar a sua antes da minha. Obrigado pelo carinho de sempre.


Regis 11/02/2024minha estante
Acabei de conhecer esse livro através da ótima resenha da Flávia e agora venho aqui e encontro outra preciosidade. Parabéns, Fábio, sua resenha está maravilhosa! ??????


Fabio.Nunes 11/02/2024minha estante
Regis querida, grande abraço e obrigado pelo exagero! Rsrs


Craotchky 11/02/2024minha estante
As críticas e as reflexões fomentadas por elas parecem ser muito pertinentes até hoje. Soa como um alerta....


Max 12/02/2024minha estante
Fábio, ótima resenha, como sempre! Colocando na lista... beep?


Fabio 13/02/2024minha estante
Fabão, meu brother!
Que resenha!???
Com toda certeza, vou le-lô!




Ana Sá 22/04/2024

A dor e a delícia de testemunhar alguém dizendo "não"
Em "Bartleby, o escrivão - uma história de Wall Street" (1853), de Herman Melville, somos apresentados a um copista que, diante de um serviço de escritório bastante mecânico, começa a responder repetida e negativamente às demandas de seu novo patrão: "Prefiro não".

Bartleby levará o "Prefiro não" até as últimas consequências, sem maiores explicações. A partir disso, na leitura e na releitura, experimentei um sentimento ambíguo: até certo ponto da narrativa, senti um prazer em ver Bartleby distribuindo um "não" ao trabalho que até hoje é tão difícil de ser dito; por outro lado, conforme a história se desenrolava, me vi partilhando da angústia do narrador-patrão, pelo estranhamento que essa postura de negação radical à ação (ou essa "potência do não") nos causa. Ou seja, na leitura e na releitura, não fiquei nem um pouco indiferente à provocação de Melville.

O conto é curto, mas esta edição da Antofágica enriquece a obra com textos de apoio excelentes, deixando ainda mais evidente sua atualidade. Bartleby pode nos levar a pensar sobre a melancolia/depressão. Bartleby pode nos levar a pensar sobre a alienação pelo trabalho. Bartleby pode nos assustar, como afirma um desses textos, por sua "resignação pessoal" e "desmobilização política"... Ou seja: breve e dolor, o texto de Melville se revela um palimpsesto de inquietações, mais de um século depois.

Obs.: li o e-book, mas tenho visto elogios aos detalhes da edição da versão impressa também.
Carla.Floores 22/04/2024minha estante
Acabei de ler sobre ele no livro 'Sociedade do Cansaço'. Uau! Coincidência!


Flávia Menezes 22/04/2024minha estante
Leitura fantástica, não é amiga? E muito enriquecedora! Fiquei bem curiosa pra ver essa edição depois dessa sua resenha. ?


Ana Sá 22/04/2024minha estante
Carla, faz todo sentido ele ser citado neste livro! rs


Ana Sá 22/04/2024minha estante
Flávia, os textos são legais... Está liberado no Prime Reading no momento, se vc tiver prime...




Carla.Floores 07/06/2024

Preferir
Um chefe de escritório narra sua experiência com seu funcionário copista.
Uma pessoa misteriosa e excêntrica, que a princípio parece não querer fazer nada além da sua função.
Só no fim é que a gente descobre porque Bartleby era tão decidido e tinha tanta coragem para não agradar os outros.
Algumas reflexões que essa leitura breve e fluida me trouxe:
a função de copista foi substituída pela máquina copiadora, daí o medo de muitos no que diz respeito a inteligência artifical e ao progresso tecnológico como um todo.
O ambiente laboral, seja interno ou externo, as interações entre colegas e chefes é algo curioso. Quantas amizades, amores, traições, inimizades já foram criadas nesse contexto! Pessoas que talvez nunca teriam a chance de se encontrar na vida, por causa de uma aptidão em comum e de mil outras variáveis, se encontram e daí pode surgir coisas inimagináveis, mas muito necessárias para o aprendizado e evolução como ser humano.
Coisas ruins acontecem o tempo todo, o noticiário prova isso. E quanto de ruim acontece mundo afora e não chega ao nosso conhecimento? Nem todo mundo tem cabeça pra lidar com as mazelas do mundo. Há quem não consiga ver luz no fim do túnel, sente-se impotente. Senta e definha.
Assim como li em A Leste do Éden sobre o termo "Tu poderás". Aqui temos o "prefiro não". Que remete a escolha, livre arbítrio. Até onde o livre arbítrio vai? Até à consequência.
Eu estou Bartlebizada.
Vania.Cristina 08/06/2024minha estante
Tinha curiosidade com esse livro. Que bom que você gostou e se bartlebizou...rs. E a resenha está certeira, Carla, objetiva, reflexiva e sincera, parabéns!


Carla.Floores 08/06/2024minha estante
Obrigada Vânia! É um livrinho muito significativo, né?!
Estar bartlebizada significa estar desesperançosa, num niilismo passivo definhador.
É bem chato ficar só esperando a morte chegar. Foi esse sentimento que Bartleby me passou.




Gabriel_dyd 28/04/2023

Prefiro não comentar!
Quando comecei o livro,já fiquei com o pé atrás,pois pensei:Mais um livro sobre ?o sonho americano? e as distorções que o entornam.Entretanto,a história não se prende só a esse quesito;mostrando a real natureza do capitalismo e da psique humana.

Com as atitudes de Bartleby,em principal a sua recusa a trabalhar,somos apresentados ao extraordinário do cotidiano de um homem depressivo.Herman Melville escreve esse conto com uma sutileza cômica e trágica ao mesmo tempo,o que da mais camadas na história e atrai ainda mais o leitor.

Melville utiliza de sua própria vivência para escrever esse livro,mostrando a sua particularidade em um meio tão plural.Com um personagem misterioso,tece críticas ao capitalismo e ao descaso sofrido pelos trabalhadores.

No geral,acho que Bartleby é uma história necessária e atual,que pode ser interpretado de diversas maneiras,seja como um registro histórico de um país em ascensão,ou como um livro filosófico que apresenta os efeitos psicológicos ocasionados pelo ambiente de trabalho.
Carla Maria 29/04/2023minha estante
Perfeito!


Gabriel_dyd 29/04/2023minha estante
??????




Alice1720 22/05/2024

"Prefiro não"
Bartleby é um jovem "palidamente limpo, tristemente respeitável, incuravelmente desamparado".
Não soubemos dele qual sua queixa, apenas sabemos que é sozinho, pois a solidão existe em Bartleby como a doença existe em um corpo enfermo. Não soubemos o que o levou a negar seus serviços quando solicitado no trabalho, não ouvimos falar de seus motivos. Bartleby apenas disse "não".
É a figura de um homem quase deixando de ser vivo, um homem quase entregue à fome e à privação, de quem não conhecemos a história e a quem nunca compreendemos verdadeiramente, que profere a solene e inexorável frase "Prefiro não".
Algo nos personagens bem definidos, cômicos ou razoáveis falta que os impediria de dizer "prefiro não", mesmo que de fato preferissem não ler em voz alta as cópias dos documentos ou oferecer o dedo para a finalização de um nó. Não é que para aqueles que são razoáveis sobra razão, mas que para aquele que naturalmente diz "não" a vontade absoluta é expressa e realizada. Existe alguém no mundo capaz disso?
Emanoel.Lucas 23/05/2024minha estante
????




rafa_._cardoso 10/03/2023

Edição Show!
O livro tem uma edição que está no top 3 da Antofágica (no meu gosto claro).

Conseguiu nos colocar dentro da história e acompanhar, com um misto de admiração e raiva, a trajetória de Bartleby.

A frase clássica dele poderia ser mais ditas em certos momentos, inclusive vou começar a usar, sem obviamente a simples maestria com que ele usa.
Maria 18/03/2023minha estante
Gostaria de trocar este livro?




Anna - @annaleituras 15/02/2023

Prefiro não
Com um senso de humor cítrico, o autor aborda sobre até onde vai a bondade. Com o livro sendo narrado em primeira pessoa, vamos acompanhar o chefe de um escritório e sua relação com seus funcionários, em especial, o escrivão.

Bartebly é uma pessoa que simplesmente diz não quando lhe pedem para fazer algo e, por bondade do chefe, a medida que o tempo vai passando, o escrivão vai para o trabalho para ficar atoa, basicamente.

Em um conto rápido, nos deparamos sem respostas e com muitos questionamentos. Gostei muito e quero reler um dia!
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Livro que livra 18/02/2023

Instigante
Uma leitura rápida, atiça observarmos o quão o mundo atual está repleto de ?Bartlebys? - no cargo de copista; hoje facilmente poderia ser um social media, tendo que criar conteúdos ininterruptamente.

A obra é uma reflexão e crítica às armadilhas do capitalismo, a desumanização dos seres humanos que chega com a sociedade industrial.
?Prefiro não.? atitude como Bartleby manifesta sua resistência contra o sistema ao qual não pode derrotar.

Editora Antofágica impecável; apresentação, tradução e posfácios fomentadores.
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Nick 25/02/2023

A escrita do Melville nesse livro é MUITO diferente da escrita de "Moby Dick" (que estou lendo). Nesse livro acompanhamos a vida de um personagem que trabalha muito e sua única vista é uma parede de tijolos, o que é deprimente. Você tem muita empatia enquanto lê. Gostei muito das reflexões. Poderia me prolongar bastante, mas prefiro não.
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Carolina Del Puppo 11/06/2024

Intrigante
Muito interessante, a narrativa é daqueles absurdos kafkianos. Não existe nenhuma certeza, o personagem tem diversas facetas justamente porque não conseguimos entende-lo, podemos até dizer que compreendemos mas não podemos ter certeza de nada, e todas as opiniões sobre esse personagem não passam de teorias.
Eu gostei de ter conhecido essa obra, principalmente porque ela nunca vai acabar, nunca vamos parar de pensar sobre essa obra, e justamente isso que faz ela ser atemporal.
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Erica 13/03/2023

Muito bom
A edição da Antofagica é especial, traz uma profundidade à leitura e os detalhes nos levam a refletir mais sobre a história. Os textos de apoio são um diferencial à parte. Amei a leitura, rápida e dinâmica, mas deixa aquela pulga atrás da orelha, devido à crítica ao capitalismo e seu mecanicismo e cobrança de uma produção excessiva. Gostei mto.
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Francisco240 13/03/2023

Um livro que vai tratar, em minha opinião, sobre a depressão em seu estágio desconhecido psicologicamente no século passado.
O protagonista é uma pessoa complexa com hábitos estranhos que remete a um estado um entanto quanto Avançado de depressão.
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Helly 18/03/2023

Desperta uma verdade que está maquiada, abre nossos olhos. A última vez que senti isso foi quando ouvi Construção do Chico Buarque e Eleanor Rigby dos Beatles. Acho que eles estavam sentindo a mesma coisa que eu agora, quando escreveram essas. O autor narra bem demais, é prazeroso, dá sempre um gosto de quero mais. Acho que Melville e Machado têm isso em comum.
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