O Sentido da Vida

O Sentido da Vida Contardo Calligaris




Resenhas - O SENTIDO DA VIDA


49 encontrados | exibindo 16 a 31
1 | 2 | 3 | 4


marshmelle 27/10/2023

Por mais q tenhamos livros, smp haverá buracos numa estante
?Por mais que tenhamos livros, sempre haverá buracos numa estante". Para mim, uma das únicas e boas reflexões de Contardo na obra: de que a vida sempre apresentará mistérios inexplicáveis e que isso faz parte da própria vida. A de que, devido à finitude da nossa existência, não somos capazes de compreender e achar um sentido para tudo. A de que sempre haverá perguntas para quais não haverá respostas, lacunas metafísicas que nunca poderão ser preenchidas. A de que, talvez, justamente por isso, devemos projetar menos o sentido do nosso presente à eternidade que nos é jurada após a morte.
Desde que nascemos, somos condenados a uma sentença de morte - seja que demore, seja que não, ela sempre virá em algum momento. Heráclito, um dos grandes filósofos da Antiguidade Clássica, teria dito que algo só ganha significado no seu oposto. E não poderia ser mais verdadeiro? Sabemos e apreciamos o florescer de uma flor, porque entendemos que existe o murchar desta. A vida tem como característica antagônica, e, ao mesmo tempo indissociável, a própria morte: então por que apenas a segunda é vinculada ao ruim, se ela compõe o ciclo de existência ao lado da vida? Será porque o homem é um ser tão social (político), de modo que as relações sociais que ele estabelece com os outros são o que acabam dando significado a sua vida e, por isso, ele não quer perdê-las? Será porque não temos o menor controle e não sabemos o que há de fato na transcendência pós morte, e por isso a tememos? Será porque sentimos medo do julgamento que Deus dará às nossas ações pecaminosas na Terra e do destino que Ele nos sentenciará? Será porque o caráter efêmero da vida é uma coisa que encaramos sozinhos? Como diria Contardo, ?a morte passa a ser uma experiência solitária e sem dúvida alguma, aterradora e desesperadora. [?] O indivíduo moderno - e moderno vale para os últimos duzentos anos - tem uma relação conturbada e atormentada com a transcendência?. Essa questão é um buraco na estante, impossível, por ora, de ser preenchido?
Outro ponto interessante abordado pelo autor é que nós devemos viver uma vida interessante, o que, para ele, significa se permitir experienciar todos os sentimentos humanos, sejam eles de felicidade, tristeza, angústia. E isso eu concordo fortemente: é importante que sintamos as mais diversas experiências para nos desenvolvermos como pessoa e amadurecermos. Um exemplo bem legal que Contardo dá é o processo de luto depois do falecimento de uma pessoa querida, como um pai. ?A morte do seu pai vai acontecer só uma vez e é uma experiência crucial na sua vida. É crucial no viver humano perder a geração que nos precedeu, então você vai ficar triste, vai chorar... o luto pode durar de seis meses a um ano, sim, e isso não tem nada de patológico. Faz parte da vida. Como você não quer viver uma coisa tão importante e significativa? Você tem uma vida só e nela você só tem uma morte de seu pai. [?] Todas as experiências são ?interessantes?, [?] uma vida em que você se autoriza a viver intensamente. Autoriza-se a viver com toda a intensidade que todos os momentos da nossa vida merecem?. Sei que pode parecer muito óbvio, mas, especificamente hoje em dia, não se tem pensado muito assim. Vivemos em uma era de positividade tóxica, em que se cultua a necessidade de estar bem e mostrar-se feliz a todo momento, sobretudo nas redes sociais, em que a vida de todos é perfeita, como se para afirmar-se em sociedade. Haja vista disso, torna-se mais importante do que nunca relembrar que a qualidade de uma experiência não é medida nem definida por quanto que se sorriu nela.
No entanto, houve vários pontos negativos que infelizmente acabaram pesando para o desfrutamento da obra como um todo. Primeiro, não gostei da formatação do texto do livro - poucos parágrafos por página, sobrando um monte de espaço em branco e imagens que ocupavam uma página inteira - e da linguagem muito confusa do autor. Pareceu que a desenvoltura nas palavras e as partes tão coesas do livro ?Cartas a um jovem terapeuta? pertenciam a um escritor diferente que o de ?O sentido da vida?. Segundo, Contardo divagava muito em observações sobre arte, história clássica e estética grega que não tinham a necessidade de serem exaustivamente trabalhadas e citadas, a tal ponto que, por vezes, eu perdia o fio da meada e achava que o autor já tinha mudado de assunto, só para depois ele voltar atrás e retomar tudo de novo. Tampouco senti pertinentes e agregados à ideia central os vários fatos aleatórios que o autor contava da sua vida pessoal. Essas inúmeras digressões desnecessárias e absurdamente longas acabaram deixando, para mim, a leitura bem maçante e pouco fluida. Terceiro, senti que foram destinadas mais páginas a assuntos secundários do que ao desenvolvimento concreto das ideias centrais em si, tornando o livro um pouco ?perdido?. Ficou parecendo mais um livro de temas secundários com algumas reflexões fortes exploradas, do que um livro de reflexões fortes com alguns temas secundários explorados.
Sem dúvida, apesar de ser atribuída a um dos maiores psicólogos do Brasil, ?O sentido da vida? não chega nem aos pés de ?Cartas a um jovem terapeuta?. E isso decepcionou.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Igor.Banin 02/05/2023

Muito bom
Texto curto e rápido recheado da inteligência costumeira do Calligaris. Edição do texto um tanto incoerente, mas imagino que pela condição de saúde do autor e entrega do material.
comentários(0)comente



Karin 10/10/2023

Felicidade é uma preocupação desnecessária? De certo modo sim e refletir sobre isso com Contardo Calligaris, desfrutando de sua cultura, suas histórias e, sobretudo, do bom humor é inspirador.
comentários(0)comente



gilmarpsicologo 05/09/2023

Eu sinceramente esperava mais dessa leitura.
Tendo em vista que ?Cartas a um jovem terapeuta? foi primordial em minha formação profissional, acreditei que esse pudesse fazer parte de uma nova fase. Promove algumas reflexões bacanas, mas nada que pudesse ter grande relevância.
comentários(0)comente



Henrique 01/09/2023

Insignificante.
A única parte que salva é a respeito da atenção que devemos dar à vida. O resto é cheio de reflexões que apesar de pertinentes, são rasas, insignificantes, sem profundidade alguma para provocar qualquer mínimo movimento.
comentários(0)comente



Jéss 24/08/2023

O sentido da vida é a própria vida ?
?Com nossa atenção na tela, podemos sobretudo avançar numa vida cada vez menos interessante, uma vida que valeria cada vez menos a pena? (pg.117)


O livro traz algumas reflexões acerca do sentido da vida e como isso foi mudando ao longo da história da humanidade, sofrendo influências filosóficas e religiosas, abarcando inclusive, a questão da morte.
Aborda também sobre o hedonismo, e o quanto é importante para que possamos construir uma vida que vale a pena, ao reparar e prestar mais atenção aos acontecimentos ordinários, cotidianos, fazendo uma crítica ao uso excessivo das telas e o quanto isso nos impede de observar o acontecer da vida ou mesmo uma obra de arte, por exemplo.
É uma leitura leve, mas em alguns momentos, principalmente quando fala sobre os filósofos, se torna um pouca densa.
comentários(0)comente



Thiago RH 16/08/2023

Individualização da vida
O autor nos passa seu ponto de vista sobre o sentido da vida, através do conto de experiências pessoais, em uma leitura fácil e agradável. A busca pelo sentido da vida sempre moveu a humanidade. Em outras épocas, encontrava-se sentido no pós-vida, na eternidade, na utopia. Épocas essas que mantinham valores coletivos, acima da própria vida (tais como a democracia, princípios), ganhando força o juízo ético. Nos tempos modernos, o indivíduo é valorizado e sua vida recebe o status de valor máximo entre todos. Neste cenário, abre-se uma brecha para o juízo estético, que muitas vezes foi menosprezado, sendo entendido como a busca pelo fácil - o sofrimento e a penitência sempre tiveram maior admiração em nossa cultura. No juízo estético, a vida tem sua finalidade nela mesma! A beleza surge no estilo, no processo de individualização da vida, em contraposição à vulgaridade. O juízo estético vem da subjetividade, e isso nos possibilita enxergar a vida de forma assustadoramente livre. Liberdade esta, que muitas vezes nos autolimitamos e acabamos reprimindo nos outros. Viver uma vida bela exige eliminar as distrações e viver de forma plena, livre, concreta e única.
comentários(0)comente



Dudu Menezes 11/08/2023

O sentido da vida...
Conhecia Contardo Calligaris apenas de alguns textos publicados, na Folha, e vídeos no YouTube.

Psicanalista, nascido no final da década de 1940, na Itália, mas radicado no Brasil, Calligaris tinha uma forte ligação com o seu pai, que aderiu à causa antifascista, mesmo não tendo sido um militante comunista.

O livro é muito interessante porque consegue tratar de história, filosofia, política, tecnologia e psicanálise de modo lúcido e profundo, mesmo em poucas páginas.

O autor estabelece relações entre a antiguidade e a modernidade, colocando em discussão o conflito entre a individualidade e a coletividade na perspectiva de se pensar o aqui e agora, procurando evitar a "distração" do que há de concreto na existência.

E esse é um ponto interessantíssimo do livro. Quais as diferentes formas de distração que nos impedem de vivenciar o que precisamos sem bengalas de ordem metafísica? E isso vale tanto para uma busca transcendente para o sentido da vida que se justifique em uma "vida após a morte" ou nas diferentes formas de nos colocarmos em segundo plano em nome de um projeto futuro, coletivo, que tenha um caráter utópico.

Em ambos os casos somos provocados a pensar se o sofrimento e a culpa justificariam essa "distração" do "aqui e agora", principal razão para o adoecimento psíquico na sociedade moderna; isto é, a incapacidade de viver o tempo presente para estar sempre com o foco no passado ou no futuro.

Para falar no sentido da vida, precisamos falar do sentido da morte...

É um livro que permite muitas discussões e, portanto, voltarei a falar dele em um vídeo para o canal do Sujeito Literário, no YouTube, provavelmente já na semana que vem.

#contardocalligaris
#osentidodavida
comentários(0)comente



Rafaela.Costa 06/08/2023

Leitura leve e descontraída como costuma ser Caligares. Trás uma reflexão importante sobre a vida, sobre como vivemos ela, e o que importa para cada um de nós.
comentários(0)comente



Barbara 10/06/2023

O sentido da vida.
Uma vida interessante é melhor que uma vida feliz.

Livro gostoso de ler, e com muitas memórias da vida de Calligaris.

Muito bom!
comentários(0)comente



Jacqueline83 10/06/2023

Uma leitura deliciosa, leve e cheia de reflexões possíveis, oque ficou para mim e sobre a atenção que damos a vida.

Recomendo a leitura
comentários(0)comente



Adriele 09/06/2023

Sobre uma vida que valha a pena
Inicia falando da morte para os gregos e para os modernos e termina dizendo que "o sentido da vida é a própria vida concreta. A que vivemos e da qual faz parte também morrer" (p. 141). ??
comentários(0)comente



Pat 21/05/2023

O que é a vida?
Vi uma vez a entrevista de Calligaris a Antônio Abujamra, no programa "Provocações", onde ele é "provocado" a responder o que é a vida. Antônio o questiona mais de uma vez, repetidamente a pergunta "O que é a vida?".
Esse livro tem um significado ainda mais especial, considerando que Calligaris o entregou días antes de sua morte.
Contardo propõe reflexões interessantes sobre a vida (e também a morte). E é bonito ver como sempre traz elementos de sua infância, adolescência, a relação com seu pai... Afinal, o que aprendemos sobre a vida tem muito do que vivemos com nossos pais, não?
Leitura super simples e fluída, vale a leitura.
comentários(0)comente



49 encontrados | exibindo 16 a 31
1 | 2 | 3 | 4


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR