Ju Furtado 27/09/2018
Essencial
Ilana Casoy mais uma vez nos brinda com sua narrativa. Consegue transcrever com riqueza de detalhes as emoções em um juri cercado de pré-julgamentos. De fato, o casal já estava condenado ao entrar em plenário.
Pessoalmente, tive dúvidas da real participação do pai. No início achei a história tão medonha e tão "óbvia" que pareceu que acharam a pessoa ideal em quem colocar a culpa.
Mudei de opinião após a leitura do livro e, embora o fato tenha sido causado por uma tragédia sem proporções, fez-me muito feliz perceber a seriedade do trabalho da perícia. Às vezes me pegava pensando se tal julgamento ocorreu mesmo no Brasil, onde a luta incansável de uma mãe por uma justiça foi o fator determinante à inclusão do homicídio na lei dos crimes hediondos. Era uma adolescente quando Daniella Perez foi assassinada e não me esqueço de nada daquele caso, que acompanhei com olhos curiosos e interessantes, que me levaram a estudar Direito.
Foi muito importante também observar que embora assertivos e até mesmo agressivos na tribuna, promotor e advogado de defesa sabiam bem separar o papel que cada um representava de suas impressões pessoais. Em tempos de falta de ética, de agressões em redes sociais, as declarações do Dr. Podval a respeito de sua admiração pela conduta e experiência do Dr. Cembranelli são uma retomada inconteste à humanidade que falta ao mundo hoje. Esse livro precisa ser lido, ainda nesse aspecto: ensinar aos profissionais do direito que ele, o direito; e ela, a justiça, precisam se sobrepor aos egos, à fama e até às promoções. Dr. Podval, sobretudo, deu uma aula de profissionalismo enquanto dizia o quanto aprendera naquele júri.
Enfim, "A Prova é a Testemunha" é um livro para quem tem curiosidade sobre o caso, para quem quer entender os meandros jurídicos, para quem quer aprender que justiça se obtém através de fatos. Mas não é um livro indolor. É inevitável pensar, durante toda sua leitura, que a vítima era uma linda criança de apenas 5 anos.