Thrice Olive 23/04/2024
Não é um passe livre...
Ler esse livro sem dúvida não é uma coisa fácil, não por ser ruim mas, por se tratar de um assunto difícil, pesado e que atinge ou atingiu diversas mulheres no mundo todo. Atenção aos gatilhos que o tema pode despertar.
O livro começa de um jeito difícil, pois nas primeiras já nos mostrando o terrível acontecimento com ela e pra mim foi a parte mais difícil de ler passei dias tentando passar dessa parte, se era angustiante ler sobre mal podia pensar o quão mal ela deve ter se sentido. Depois, vemos uma Eden tentando viver após a violência, experimentando o medo, a duvida, o trauma, o nojo, a dor e a sensação solitária de não sentir poder confiar em ninguém afinal para ela: "quem acreditaria em mim se eu contasse?". Então ela decide ser alguém diferente, que não seria mais a Edy indefesa e passou a ser ''alguém que não liga'', mesmo se ligasse. Com comportamentos autodestrutivos magoando os outros mesmo sem perceber, de tão machucada que estava. Sinceramente, acho que Josh foi um dos melhores personagens do livro shippei os dois, espero que se deem uma segunda chance no futuro pois naquele período era difícil dar certo, achei realista que a escritora não colocou ele para ser alguém que a salvaria e resolveria seus problemas. O amor não resolve tudo, apesar de ajudar e lidar com as emoções e traumas podem ser assustadores.
Fiquei feliz quando ela finalmente viu que a vida dela poderia haver uma esperança e requer muita coragem para contar tudo a todos. Senti o quão difícil pode ser fazer isso, se sentir exposta e revisitar os momentos que ainda são traumáticos mesmo anos depois. Não julgo em momento nenhum ela ter demorado, ela não ter lidado ou reagido de outra maneira. Uma vitima não deve ser alvo de julgamentos ou carregar culpa.
Teve uma frase que me marcou muito na leitura:
''E o que quer que pense que meu corpo é, não é. Meu corpo é uma câmara de tortura. É a merda de uma cena de crime. Coisas horríveis aconteceram aqui, não há nada para falar, nada para comentar, não em voz alta.''