Maria 23/02/2024
Um casal que não deveria ficar junto
Uma história que vai transitar entre a adolescência, o luto, a morte, slow burn (?) e sáfico seria a chave de acesso para meu coração, porem esse livro se comprometeu a quebrar esse prenuncio. “Penny” esse é o nome do maior erro desse livro e meu coração se parte um pouco ao dizer isso porque uma personagem que nunca se sente suficiente, obcecada em planejamento e com um bullet journal de colagens é a receita perfeita pra minha adoração. No entanto, foi tudo destruído ao trazer uma penny infantil, com ZERO empatia, autopiedade abundante. Não me leve a mau, eu gosto de personagens com defeitos, porem a Penny é o tipo de ser humano pra manter distância (continuo indignada com a birra dela pôs anúncio do transplante, tipo entendo a raiva com a mãe dela, mas, o que a Anna tem a ver com isso? A Tate deveria ter falando umas poucas e boas pra penny nessa hora). Eu não engoli esse papinho que ela não foi atrás da Tate porque achava que não a merecia. Quando estávamos no “pov” da penny ela não dava o último passo porque tinha medo de ser rejeitada (só basta reparar que é sempre ela que avança o beijo e fica esperando a Tate). A Tate foi uma personagem 100% desperdiçada, não temos nada de desenvolvimento. O fato de que ela tem dificuldade de relacionar com as pessoas por conta de um medo de perdê-las é ignorado completamente e sobre como ela sempre parece serena por fora e em estilhaços por dentro é colocado em plano de fundo em detrimento do desenvolvimento da penny. Justamente por todos esses fatores e outros, eu considero que esse livro cometeu um dos maiores pecados dos livros de romance: fazer eu não torcer para o casal ficar junto no final. E como torci para elas separadas, a Penny devia ter ficado na terapia e trabalhar no relacionamento com a mãe e a Tate merecia ter caído fora daquela cidade, encontrado uma garota que fosse recíproca aos sentimentos dela e só visitar a mãe dela (que esta saudável). Um pequeno adento para que todo o arco da penny - Lottie foi bem conflitante para mim porque concordo que a mãe dela agiu mal em diversas cenas, mas tem umas partes do livro sobre como ela devia de colocado a filha por cima de seu luto, que me fez lembrar de um artigo sobre como mães são consideradas apenas pessoas que devem girar toda a vida dela nos filhos e se colocar sem segundo plano sempre ao ponto que não são consideradas pessoas normais. Eu não passo pano pra Lottie, mas eu a entendo, perder alguém que ama é devastador e nem sempre estamos em preparo pra isso e nem em posição de escolher como agir (no livro mesmo fala que ela teve um período suicida). Não gostei de como a autora tratou toda a situação da lottie a tratando apenas como mãe da penny e nada mais, sobre como a partir do momento que ela não interpreta o papel de “mãe” ela se torna uma vilã; apenas em 90% do livro que vem a humanização da personagem que coincidentemente é logo depois de um acesso no qual a personagem faz algo pela filha. Além de todos esses problemas, a escrita dela, por mais que seja boa e gostosa de ler, a autora pesa a mão ao ficar muito tempo no mesmo conflito e parece em certos momentos que só está “enchendo linguiça”, por exemplo: o fato da Tate ficar super brava com a mentira da penny foi meio exagerado. No fim é um livro que não recomendo para ninguém.